01.

6K 849 960
                                    

Olá! Estive complicada com outros projetos mas, bum! Voltei à esse bebê chamado "Doces óculos".

Eu comecei a escrever essa história aos 13 anos, e seria apenas um clichê na época, contudo, minha escrita mudou muito nos últimos tempos e, para reaproveitar a fic, estou tendo que reciclar/reescrever muita coisa, então peço paciência. Bem, me desejem sorte!

E lembrem-se: encontrou um erro? Pode notificar! Obrigada e boa leitura.

________
JK.

Meus planos são muito práticos para o dia de hoje. Acordar, ir ao hospital, abrir e fechar pessoas, pausar para o almoço, pular o dito almoço, atravessar o parque rumo à cafeteria Junnev e gastar uma hora inteira saciando minha nova obsessão.

Park Jimin, vinte e um anos, míope, fã de doces e veterano do curso de fotografia. É impressionante o quanto podemos aprender sobre a vida de alguém com um pouco de observação. Muita observação, no meu caso.

— Que dia feio. — murmurei sentindo a luz do sol aparecer pela fresta das cortinas. Detesto dias quentes e ensolarados.

A cama grande onde me encontro é o suficiente para meu tamanho avantajado. Uma peça centenária em minha linhagem, uma cama que atravessou gerações até chegar à mim, uma madeira resistente à danos e ao tempo.

Levantei sem vontade, minha única motivação sendo o belo espécime que irei admirar durante a tarde. Jimin. Ele é como um frescor para a minha mente, calor para o meu sangue; vale totalmente a existência de minhas retinas.

De repente, como mágica, o dia não está mais tão ruim assim.

Ao levantar, o chão gelado arrepiou minha derme sensível, mas de certa forma acalentou a minha alma. A queda de temperatura por muitas vezes tende a deixar os humanos acanhados, mas comigo não. Surge uma carga elétrica em mim sempre que sinto o frio. Me lembra a morte, como se estivesse ali, à espreita.

Não é mesmo uma sensação deliciosa?

Demorei ao todo meia hora para me arrumar, e não satisfeito em estar apenas apresentável, perfumei-me com o melhor dos aromas que tinha guardado. Ser atraente e bem vestido é necessário em meu meio. Em qualquer um, na verdade. Tudo se resume em aparências hoje em dia.

Após espalhar perfume o suficiente para tornar o ar do quarto insalubre, abri a porta e parti em meio o corredor extenso. As paredes da casa são de um verde escuro, um conjunto com a madeira densa das portas e maçanetas. São três andares repletos de salas e mais salas, algumas até mesmo desocupadas. Contudo, não há problema, afinal, todas desempenham sua função. Todas mesmo.

Desci as escadas em completo silêncio, um abismo dividindo a agitação de minha mente com a quietude de meus atos. Os degraus se findaram e, quase como um modus operandi, segui o caminho da vinha tortuosa em vez de sair para o carro. Como uma maldição, meus pés guiaram-me pelo corredor escuro até chegar em uma portinha, a passagem tão diminuta que chega no meio de meu quadril.

Encarei a porta por cinco minutos, esquecendo até mesmo que tenho um emprego para frequentar. Sem resistir à tentação, apanhei a chave que carrego no pescoço e encaixei na fechadura. Uma tranca e um cadeado depois, e o cheiro de morte me atingiu em cheio.

A porta é grossa, assim como as paredes, uma particularidade única em relação às outras salas. Duas palmas de grossura dividem o cômodo do meio externo. Eu olhei para o abismo e ele olhou de volta para mim. Eu senti o gelo em minhas entranhas e amei isso.

Tive de me abaixar para atravessar a passagem, tive o cuidado de deixar o jaleco sobre a maleta, ambas descansando no chão. Passei primeiro minhas pernas e, sentado, empurrei-me para dentro, sentindo a queda de um metro dá-me um ligeiro frio na barriga.

Doces Óculos; jjk+pjm.Onde histórias criam vida. Descubra agora