07.

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JK.

Frio. O dia está uma maravilha.

Por algum motivo, apesar de estarmos na primavera, o clima resolveu dar um alívio hoje. Quando era pequeno, eu vivia me perguntando por que o sol tinha que vir todos os dias. Ele nunca trazia coisas boas quando chegava.

Quando o sol vinha, eu tinha que acordar e ir à escola. Toda vez que amanhecia, eu era obrigado a me despedir de minha mãe nos portões de casa, e além de tudo, também era forçado a deixar Doçura, meu segredinho sujo, sozinho no quarto.

Eu sou um homem adulto agora, e mesmo assim continuo detestando esse brilho incessante. É engraçado eu já ter cogitado me mudar para o Alaska apenas para evitar o sol por mais tempo. Bem, graças aos céus que não me mudei, certo?

Deve ter sido um plano muito bem arquitetado por uma força maior. Afinal, será possível imaginar um mundo onde eu não seja completamente obcecado pelo Jimin? Uma existência em que não nos conhecemos?

— Doutor Jeon?

Uma voz doce me chama, e logo descobri se tratar de Sohee. Oh, coitada. Eu fiz amarração pra ela e não estou sabendo?

— Diga, querida. — respondo virando a tela do celular para baixo.

Estou passando o almoço na lanchonete do hospital, sentado em uma das cadeiras enquanto despreocupadamente assisto Jimin dormir no sofá da sala na mesma posição que ontem. Ele não saiu da sala hoje, está deitado como um anjo à vista de um pecador eufórico.

Mulher maldita, está interrompendo meu programa da tarde.

— É... Bem, é que o senhor nunca come aqui no hospital, então eu vim te trazer um pouco de Hotteok que preparei essa manhã.

Ela deixou o pote de vidro repousado sobre a mesa e apertou os dedos um no outro em frente ao corpo, como se esperasse por meu bem dizer. Aish, vamos lá.

— Eu fico deveras agradecido pelos doces, Sohee. Mas... Você acordou cedo para preparar isso pra mim?

Pensei que depois de minha resposta incisiva no outro dia ela deixaria de me importunar por alguns dias, mas aqui está ela, me dando panquecas no almoço.

— Ah, não! Não me entenda mal, eu fiz pra mim e o pessoal da equipe, aí como fiz muitos, separei alguns pro senhor.

— E você separou... — conto mentalmente as camadas dentro do pote de vidro.— Oito?

Ela ficou vermelha assim que notou o teor da minha pergunta. Ambos sabemos que ela nunca conseguiria tirar sobras dos enfermeiros, aqueles esfomeados.

— Sim, sim! Eu fiz um monte mesmo, pra caramba.

— Antes das oito da manhã?

Ela para por um segundo, seus olhos petrificados em mim enquanto ela fala. Se essa fedelha não fosse tão irritante, gastaria um bom tempo a infernizando. É divertido.

— Sim...? Bem, me avisa se gostar, okay? Eu te trago outros da próxima.

— Não precisa se dar o trabalho, querida. Pode deixar que te devolvo o pote depois, sim? Obrigado por pensar em mim. — respondo com um sorriso mínimo, mas que pareceu bastar para a outra.

— Tá bom, então. Bom almoço! — ela se despede com uma mesura curta e me dá as costas.

Não costumo negar comida de graça, e minha mãe sempre me ensinou a não rejeitar presentes, mesmo se eu não gostar deles, mas confesso que comer esses doces agora não me apetece tanto. Sei que será o equivalente ao diabo falando do demônio, mas e se tiver algo no recheio de algum deles?

Doces Óculos; jjk+pjm.Onde histórias criam vida. Descubra agora