Dark Blood #wattys2016

Cap. 9: O Caçador de Vampiros

Ao ver a faca erguida contra mim não pude conter as lágrimas que acabaram por escorrer pela minha cara e cair em cima do braço do "loirinho", tingindo o seu braço de vermelho.

Ele ficou a olhar para mim. Depois, simplesmente me perguntou:

-Estás a chorar porque te vou matar?

-Não...- disse eu.- Estou a chorar porque vou morrer enquanto um monstro. Matares-me é melhor do que se esta aberração que sou.

O "loirinho" soltou-me.

-O que estás a fazer?- disse eu.

-Estou a soltar-te. És livre, podes ir. Mas aviso-te já: se algum outro caçador te tentar matar eu não te protegerei. E se te voltar a ver aqui: eu próprio te mato.- disse o "loirinho".

Eu sai de baixo da sombra da árvore e, assim que o fiz, uma forte dor apoderou-se de mim. A minha pele começou a queimar. Percebi que já era um vampiro...de novo. Acabei por cair no chão enquanto a minha pele ardia. Ouvi o "loirinho" gritar:

-Estás parva?

Depois pegou em mim e colocou-me debaixo da árvore. Acabei por perder a consciência, no entanto, a dor permanecia.

***

A dor tinha desaparecido. Abri os olhos.

-A bela adormecida já acordou?- disse o "loirinho" que se encontrava ao meu lado.

Levantei-me e olhei para o braço. Vou uma espécie de meia lua tatuada no braço.

-É para não seres queimada pelo sol.- disse o "loirinho".

-Obrigado.- disse eu.

Levantei-me e sentei-me ao lado dele.

-Quem foi.- disse ele.

-Quem foi o quê?- disse eu.

-Tu não tinhas a tatuagem. Também não sabias que o sol te iria queimar sem ela e não pareces conhecer muito sobre mim. Isso significa que não és antiga. Se não és antiga, foste transformada à pouco tempo. Quem te transformou?

-O John.

Mal eu disse este nome, o "loirinho" deu um murro na árvore onde estávamos encostados.

-Bolas.- disse ele.

-Tu sabias quem ele era?- disse eu.

-Não. O John é um vampiro antigo: sabe esconder-se bem. Descobri quando sube da morte do teu irmão. Lamento imenso por isso.- disse ele.

-Não tanto como eu. Espera lá, ele é responsável pela morte do meu irmão?

-Sim. O teu irmão tinha marcas de mordidela no pescoço. Há quanto tempo foste transformada?

-Não sei bem. No dia do baile fui mordida mas depois, após a minha fuga, parecia estar tudo bem. Mas depois... descobri que afinal eu era mesmo vampira.

-Bebeste do sangue do teu criador?

-Sim. À uns dois dias.

-Quando bebes do sangue do teu criador, as tuas capacidades de vampiro são omitidas por limitados períodos de tempo.

-Como sabes tudo isso?

-Sou caçador de vampiros. E minha obrigação saber estas coisas.

Se repente senti fome... coloquei as mãos em cima estômago.

-Tens fome?- disse ele.

-Sim. Mas recuso-me a beber sangue...nunca mais o farei.

O "loirinho" riu-se e tirou da mochila um pacote de sangue. Colocou-lhe uma palhinha e deu-mo.

-Toma.- disse ele.

Peguei no saco e fui chupando.

-Tu disseste que não voltarias a beber sangue... Porquê?- disse ele.

Deixei de beber e olhei para o chão. Depois disse:

-Ele obrigou-me a beber de uma colega minha.

-Mataste-a?- perguntou ele.

-Não. Ela sobreviveu após eu beber. Mas ele matou-a à minha frente...Porque não me mataste? Eu sou vampira e tu és um caçador...deverias ter-me matado.

-Não fui capaz. Ao contrário de outros vampiros que eu matei: tu não parecias gostar do que és...

-E não gosto... Mas eu hei-de vingar-me... hei-de encontrar o John e matá-lo.

-Eu ajudo-te.

Eu sorri e ele sorriu-me de volta. Depois ele disse:

-Primeiro temos de treinar as tuas capacidades: velocidade, reflexos, força e sentidos. Depois vamos à procura dele...

Eu sorri. De repente senti-me mal. Parecia que ia vomitar. Corri até ao arbusto e vomitei todo o sangue que tinha bebido.

-O que aconteceu?- perguntei eu.

O "loirinho" disse:

-Problemas...