Cap. 21: Transformação do Caçador

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Edward olhou para Anabell, surpreendido, como se isto também fosse uma novidade para ele. Anabell permaneceu em silêncio e eu contive a respiração, tentando que isso fizesse com a raiva dentro de mim não explodisse.

-Tu...- disse Edward a Anabell e eu permaneci calada.

-Sim...- disse Anabell.- E tu és o pai...

-Não, não pode ser. Os humanos e os vampiros... É impossível.- disse Edward a Anabell. De seguida voltou-se para mim.- Ella...

Tentou tocar-me mas eu afastei-me.

-Ella, é impossível o filho ser meu...- disse Edward.

-Quantos meses?- perguntei.

As roupas de Anabell eram largas e disfarçavam a barriga. Era impossível ver com clareza o tamanho da barriga e, assim, deduzir uma data aproximada.

-Ella...- disse Anabell.

-Eu sou Isabella...e só quero...- gaguejei.- Responde, por favor.

-Seis meses...- disse Anabell.

-Eu juro que não andava com ela quando te conheci.- disse Edward avançando um passo, fazendo-me recuar dois.

-Tu conheces-me à quatro meses...- disse eu a Edward.- Ou seja, ela engravidou dois meses antes de me conheceres. Tu estavas com ela?

-Ella...- disse ele.

-Por favor...- disse eu.

-Sim.- respondeu ele respirando fundo e olhando para o chão.

Aquele "sim" era tudo o que eu não queria ouvir. Virei as costas e comecei a andar. Já longe, ouvi a voz de Edward gritar:

-Deixa-me!

-Ela precisa de tempo...- ouvi Anabell sussurrar.

Continuei a andar e planeava afastar-me o máximo que pudesse mas fui forçada a parar quando ouvi Anabell gritar e senti o cheiro a sangue no ar. Voltei-me e, ao longe, vi Anabell a segurar a cabeça de Edward, que se encontrava deitado no chão. Corri até eles e vi Edward com uma seta espetada no lado esquerdo do peito, mesmo no sitio do coração.

-Não...Não! Não! - disse eu começando por sussurrar e terminado a gritar. Ajoelhei-me ao lado dele.

Coloquei a minha mão na sua cara. Já estava fria. Não o podia ver a morrer. Lembrei-me do que John tinha feito comigo: tinha-me dado do seu sangue. Eu não queria que ele fosse o que ele sempre lutou contra mas...não o podia deixar morrer. Arranquei a seta do peito dele, o que o fez gritar de dor. Usando a seta, cortei o pulso e, quando o ia a colocar na sua boca, Edward colocou a sua mão gelada na minha cara e pediu:

-Não...Por favor...Eu não ia aguentar.

Ele começou a tremer e a tossir muito. Anabell tapava-lhe a ferida do peito tentando, em vão, para o sangue. Tu sabia que ele ia morrer. Respirei fundo e sussurrei:

-Desculpa...

Coloquei o meu pulso na boca dele deixando algumas gotas escorrer pela sua boca. Ele comecou a debater-se tentando que eu parasse o que estava a fazer. Pude ver o olhar de Edward a suplicar-me para parar mas...Eu não o podia deixar morrer.

Edward parou de se debater. O batimento do seu coração foi abrandando até parar de vez. Sem saber o que fazer, tirei o meu pulso da boca de Edward e, durante alguns minutos, fiquei a olhar para Edward, esperando que ele se levantasse e me mostrasse que estava vivo...mas não estava a acontecer nada.

***

A minha esperança começou a desvanecer-se e Anabell olhou para mim. Eu não conseguia falar... Porque é que ele não se levantava? Porque não falava comigo? Porquê!?

Debrucei-me sobre o peito de Edward e comecei a chorar, encostando a minha cabeça ao seu peito. Pensava que o tinha morto... como iria eu sobreviver com esse peso na minha consciência? A esperança dele acordar tornou-se escassa, quase inexistente. Sentia que eu também tinha perdido parte de mim com a partida de Edward. A minha esperança voltou quando ouvi um batimento, ainda que fraco, vindo de Edward. A esse batimento seguiram-se mais batimentos, cada vez mais fortes. Levantei a cabeça de cima do peito de Edward quando ele se começou a debater contra o chão, como se sofresse de um ataque de epilepsia. Segurei-lhe a cabeça e esperei que ele parasse de se debater. Quando ele se parou de debater, Anabell disse:

-Temos de o prender. Quando acordar, poderá começar a correr. Vai estar descontrolado. Não podemos correr riscos.

Eu assenti e ajudei a prendê-lo a uma árvore. Como o sol estava no céu, a pele de Edward começou a deitar fumo. Anabell pegou numa espécie de caneta prateada e, usando luvas, fez um símbolo no braço de Edward. Percebi que era igual ao que eu tinha no braço. A pele deixou de deitar fumo e tudo tinha voltado ao normal...ou quase tudo: Edward continuava inconsciente.

***

Três dias tinham passado e Edward continuava inconsciente. Anabell já tinha ido à cidade buscar bolsas de sangue para quando Edward acordasse e, agora, estava sentada a olhar para o céu. Parecia bastante calma, como se soubesse que Edward ia acordar.

Eu estava ao lado de Edward, esperando que ele acordasse.

A escuridão já tinha tomado conta do céu e a lua já tinha surgido quando ouvi Edward mexer-se. Levantei-me e reparei que ele estava a tentar soltar-se. Eu e Anabell colocamo-nos em frente dele e ele disse:

-Soltem-me!!!

Anabell deu-lhe uma bolsa de sangue e ele bebeu-a, ainda tentando soltar-se.

De seguida, percebendo que não conseguiria soltar-se, disse-me:

-A culpa disto é tua. Se não fosses tu, eu não seria um monstro acorrentado.

-Edward...- disse eu.

-Se eu tenho de estar aqui, quero que te vás embora. Fica longe de mim. Não voltes a falar comigo.- gritou ele.

-Edward...- disse eu.

-Deixa-me seu monstro.- disse ele. Eu odeio-te!

Eu levantei-me e, usando a velocidade vampirica, saí dali o mais rápido que pude.

Eu sabia que Edward estava alterado por causa da transformação mas essa não era a razão da minha partida. Por mais que as palavras tivessem doído, eu tinha-me ido embora porque Edward tinha razão: a culpa era toda minha.

Próximo Capítulo: 2 de Outubro de 2015

Olá meus queridos leitores. Mais uma história quase, quase no fim. Espero que estejam a gostar. Até para a próxima semana. Beijos, Lu.

Dark Blood #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora