Cap. 12: Goodbye

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Levantei-me sem dormir nada. A verdade é que tinha passado a noite toda a chorar.

Senti bater à porta e gritei para entrar.

-Oi linda. Precisas de ajuda?- perguntou Sam.

-Não Sam, está tudo bem.- menti eu.

-Ei, a mim não precisas de me mentir. Anda, eu vou fingir que acredito em ti e vou ajudar-te a disfarçar essas olheiras e esses olhos inchados.- disse Sam puxando-me, como já era habitual, para a casa de banho.

Ajudou-me a maquilhar e deu-me a roupa para vestir.

Depois descemos as escadas e tomámos o pequeno almoço. A mãe de Sam disse:

-Querida, se precisares de alguma coisa nós estamos aqui.

-Eu sei, obrigado.- disse eu.- Senhor Fox,  quando posso ir buscar...O corpo do meu irmão?

-À tarde já podes querida.- disse o pai de Sam.

-Obrigado.- disse eu.- Eu vou sair para apanhar ar. Preciso de preparar as coisas todas para o funeral. Não devo vir almoçar. Até logo.

-Até logo.- respondeu a família Fox.

Saí de casa e entrei no carro do "loirinho", quer dizer, do Edward.

-Bom dia.- disse Edward.

-Bom dia.- disse eu.

-Pronta para o treino?

-Sim.

Apesar de saber que algo não estava bem, Edward respeitou a minha privacidade e não fez perguntas. Chegamos à cabana, troquei de roupa e comecei a treinar.

-Acho que hoje já poderás dominar a velocidade e passar para a agilidade.- disse Edward.

-Claro, vamos começar.

Comecei a correr e não acertava em nada: batia contra árvores, escorregava em pedras, batia contra troncos de árvore caídos e até tropeçava nos meus próprios pés. Edward fez sinal para eu parar. Aproximei-me dele e ele disse:

-Está tudo bem?

-Sim.- disse eu.

-Então é normal piorares mais do que quando começaste? Vá lá, podes contar-me.

Sentei-me na varanda da cabana e Edward seguiu-me. Esperei que se sentasse, respirei fundo e disse:

-Encerraram a investigação da morte do meu irmão por falta de provas. Já libertaram o corpo e vou buscá-lo hoje.- deixei escorrer algumas lágrimas que limpei imediatamente. Depois continuei.- Estou a planear o funeral e está a ser muito mais difícil do que imaginei...

Não pude conter as lágrimas e desatei a chorar.

-Desculpa, não queria chorar.- disse eu.

-Não são mal. Chorar faz bem, é pior conter as lágrimas. As lágrimas que escorrem pelos olhos são a mágoa que já não nos cabe no coração.

Edward abraçou-me e eu continuei a chorar no seu ombro.

-Da minha irmã...- disse ele enquanto me abraçava.

Eu parei de o abraçar e disse:

-Da tua irmã o quê?

-Tu perguntaste-me de quem eram as roupas. Eram da minha irmã.- disse Edward.

-Eram?

-Ela morreu à dois anos, quando estávamos a caçar um vampiro. Foi mordida e não resistiu. Morreu nos meus braços.

-Lamento.

-Queres que eu vá contigo? Buscar o corpo do teu irmão?

-Não é preciso.

-Às vezes é melhor não estarmos sozinhos em momentos assim. Eu vou contigo...

-Obrigado.

-Agora anda.

-Aonde?

-Algo me diz que ainda não comeste.

Edward foi a dentro da cabana e trouxe um coelho vivo.

-Eu não vou beber dessa fofura...- disse eu.

-Preferes um rato?- disse ele a rir.

-Bolas! Odeio a minha vida.

Peguei no coelho e mordi-o no pescoço. Bebi e rapidamente disse:

-Que sabor horrível...

Comecei a sentir-me mal. Ainda com o coelho na mão, comecei a correr. Já estava bastante afastada quando comecei a vomitar. Sentei-me e, já mais bem disposta, enterrei o coelho. Regressei à cabana onde Edward se encontrava ainda sentado.

-Onde foste?- perguntou ele.

Não queria que ele soubesse que tinha vomitado o sangue de animal.

-Fui enterrar o meu alimento.- disse eu.

-Ok...

-Só vai dizer ok?

-Que queres que diga?

-Tens razão. A parte boa é que consegui correr sem tropeçar, cair, bater ou ferir nada.

Ele riu-se e eu, olhando para o chão, disse:

-Vamos?

Ele percebeu o que era e disse:

-Sim.

Fui buscar o corpo e, ainda o corpo estava na morgue, quando verifiquei se havia mordidelas no pescoço de Daniel. Não havia nada.

-Tu não disseste que ele tinha marcas no pescoço?- disse eu.

-Sim, porquê?- disse Edward.

-Eu não vejo nada.

Ele aproximou-se e também não viu nada.

-Estranho!- exclamou.

Levamos o corpo à agência funerária e, nos dias que se seguiram, não houve treino.

Dois dias depois, no funeral de Daniel ( no cemitério)

-Parece que vai chover...- ouvi a mãe de Sam dizer.

E ela tinha razão. Começou a chover e o caixão ainda estava aberto para a última homenagem. Quando a água caiu sobre o corpo de Daniel, reparei que as marcas do pescoço começaram a revelar-se. Sempre tinha sido John a matá-lo.

Eles enterraram Daniel e eu sussurrei a Edward,  que estava a meu lado:

-Eu vi as marcas...

-Tens a certeza?- perguntou ele.

-Sim. Ele tinha uma espécie de base a cobri-las. Por isso não as vimos...Mas tenho a certeza.

-Que vamos dizer?

Contei a Edward o meu plano.

Fiquei ali até que todos fossem embora e depois fui para casa. Cheguei lá e dirigi-me ao quarto. Peguei numa mala e enchia com tudo o que era meu.

A família Fox, sem saber o que se passava, esperava pacientemente pela minha explicação. Já em frente da porta de saída, onde se encontrava toda a família, expliquei-lhes que queria apanhar o culpado pela morte do meu irmão e agradeci-lhes por todo o conforto. Saí para a rua e fui seguida por Sam.

-Não podes ir assim, o que vais fazer?- gritou Sam.

-Confias em mim? Algumas vez te desapontei?- disse eu.

Sam olhou para mim e disse:

-Sim, confio em ti. Mas quero que me digas uma coisa: sempre odiaste vinganças, porque a procuras agora?

Olhei para ela e disse...

Dark Blood #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora