A cada minuto que passava traçando estratégias, Kely e Jonathan ficavam mais convencidos que as novas regras não deixariam o jogo mais fácil, como eles haviam pensado. Céus, como haviam se enganado.
Tais regras eram formuladas para que diferentes monstros pudessem competir entre si, e havia adaptações para que os humanos pudessem competir no mesmo nível. Era curioso o uso de magia ser permitido, já que nos próprios jogos entre humanos qualquer auxílio dela era proibido. Daniel os convenceu rápido de que isso não seria uma vantagem. Kely odiava um pouco isso, mas ela ficou admirada com a velocidade que Daniel tirava conclusões a partir das ideias dos jogadores e apresentava a todo momento estratégias, como se houvesse um quadro em sua frente com todas as maneiras possíveis de obter vantagem sobre os outros jogadores. O ruivo não se preocupava de que tais estratégias viessem a pesar mais sobre o lado da balança dos dois, e quando Kely apontava sobre isso, não se segurava em mostrar um pouco de sarcasmo e relembrá-la de novo que um peixe gigante estava apenas esperando a oportunidade perfeita para abocanhá-la.
Um dia antes do campeonato, Kely foi conversar com a professora de português – que na verdade se chamava Meiski – reunindo toda a sua coragem, questionando-a sobre onde era o campeonato. Com seu olhar indiferente, Meiski garantiu que ela e sua irmã levariam os dois para o campeonato. Kely questionou como, ela retrucou dizendo que poderia deixar tudo com eles. Depois, desejou não ter aceitado a resposta de tão bom grado.
O coração de Kely batia forte, seguindo o ritmo de seus pensamentos acelerados. Ela não queria que o dia do jogo chegasse. A dupla combinou de se encontrar logo depois do almoço. A garota imaginou se o fantasma não desconfiaria de uma "funcionária" de uma posição alta não aparecer para trabalhar, e então lembrou-se que ele não havia sentido sua falta nos últimos dias. Isso deveria ser algo que a fizesse sentir aliviada. A culpa do iminente caos que viria ao mundo não iria recair tanto sobre si, afinal. Mas isso também significava que, mais uma vez, sua presença não fazia diferença.
Ela encontrou Jonathan, que estava vestindo um uniforme de jogador: um calção e uma regata azul-marinho com detalhes em branco. Os dois foram à procura de um uniforme para Kely também, afinal, ficaria mais bonito se os dois estivessem com roupas similares. Estariam mais parecidos com uma dupla de jogadores profissionais. Emprestaram uma camiseta da equipe feminina, mas como Kely se recusou a usar shorts, lhe arrumaram um calção. A garota ficou imaginando se não era estranho usar um calção ao invés de shorts, porém, no fim, o calção era mais confortável, e a deixava mais à vontade. Os dois levavam mochilas, com joelheiras, cotoveleiras, garrafas de água e todos os outros itens da listinha bastante específica de Jon.
— Tá nervoso?— Ela perguntou para o garoto, enquanto o levava para a entrada das ruínas, onde se encontrariam com Meiski e sua irmã. De longe, dava para perceber que Meiski não estava usando seu disfarce de sempre, mas resolveu manter o cabelo loiro.
— Um pouco.
— É por causa do jogo? — ela perguntou, envolvendo os cotovelos com as mãos.
— Não, eu já fiz isso várias vezes. É só... eles não vão ser exatamente do jeito que eu esperava. Aquelas são as mulheres-morcego que você comentou?
— Sim, mas estão disfarçadas.
— Percebi.
Os dois continuaram o caminho. Kely percebeu que Jonathan se aproximava com cautela, imitando seus movimentos, como se ela soubesse o que estava fazendo. Meiski os recebeu com um de seus sorrisos que davam arrepios.
— Bom dia campeões. Espero que estejam bem descansados, a tarde vai ser longa, e terão que dar o seu melhor.
— Senhorita, o quão grande é esse evento? — Perguntou Jonathan, com uma cortesia que Kely achou muito fofa.
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Kely e o Fantasma
FantasyKely é aluna da UCNAM, uma escola de prestígio que, com sua própria metodologia, prepara os alunos para a vida em sociedade, ensinando as matérias básicas, e proporcionando outras experiências que agregam à vida do aluno, como produção de textos, bá...