Os corredores do antigo presídio eram frios, e o ar infestado de poeira fez Kely espirrar várias vezes. Seu nariz começou a escorrer, a fazendo se sentir como uma criança ranhenta.
Kely só conseguia enxergar Brasa, que estava um pouco mais à sua frente. A escuridão tornou-se insuportável, então Kely fez um pequeno orbe de luz com o pouco de magia que ela conseguiu reunir, já que a densidade dela ali era quase mínima. O orbe era pequeno, mas fazia luz suficiente para ela ver por onde estava andando. Por dentro, a construção era feita com tijolos de pedra. Eram tijolos de pedra por uma boa distância. À medida que avançavam mais fundo na construção, apareciam portas velhas e grossas, algumas de madeira e outras de ferro.
A voz de Kely ressoou pelos corredores quando ela perguntou:
—Para onde estamos indo?
—Mais para baixo.
Eles continuaram avançando pela escuridão, em silêncio. Brasa estava quieto, o silêncio era desconfortável.
De repente, Brasa parou. À frente, ela pôde ouvir um barulho de algo líquido caindo no chão. O garoto fez um ruído de desaprovação.
—O que foi?— Ela perguntou tardiamente.
—De novo essas gosmas.
Ela esticou o pescoço para tentar ver do que ele estava falando, aproximando o orbe de luz da parede. Uma gosma azul fluorescente escorria por toda a parede e chegava ao chão.
—Não pise!— Brasa a avisou antes que fosse tarde e ela sujasse o sapato— essa coisa é perigosa.
—O que é isso!?— perguntou, afobada.
—Gosma de fantasma.
Ele levantou e começou a tatear a parede onde não havia gosma. Kely escutou unhas arranhando o chão e teve a desagradável surpresa de ver um rato correndo em sua direção. A garota sentiu um arrepio de susto— e nojinho— passar por seu corpo,a fazendo pular atrás de Brasa. O ratinho correu direto para a gosma e assim que pisou nela, ficou preso ali. O ratinho começou a se debater e a gosma o cobriu por completo. Kely ficou com pena do ratinho. Era daquilo que Brasa a havia protegido.
Ele estava a julgando com o olhar, um olhar gélido e com desprezo. Não disfarçou quando Kely percebeu, mas voltou a olhar para a parede e a tateá-la.
O que ele está fazendo?
—E o que significa essa gosma de fantasma?—perguntou de novo, a voz saindo baixa por conta do olhar que havia recebido.
—Algum fantasma estressado está se escondendo aqui. Eu pensei que todos já haviam sido capturados.
Brasa fechou sua mão livre em punho, e levou-o mais para trás, o cotovelo quase batendo na testa da garota, para dar impulso ao soco. Quando a mão atingiu a parede, Kely se assustou com o barulho forte. Ela não esperava que o garoto fosse usar tanta força no golpe.
A parede à frente dos dois tornou-se muito mais brilhante. A gosma agora derramava por toda ela, começando a se alastrar no chão. Brasa recuou com uma expressão assustada, mas em momento nenhum perdeu o controle da situação. A garota evitou ficar muito atrás do menino, mas ficou tentada, principalmente ao ver a mão de um esqueleto sair da gosma. Pouco a pouco, mais ossos do esqueleto apareciam, escorregando junto a gosma, até todo ele aparecer. Um arrepio subiu dentro da garota. O esqueleto começou a brilhar, e a cada segundo o brilho parecia tornar-se mais agregado à ossada, evidenciando uma silhueta humana, usando roupas de pirata. Um fantasma formou-se , deitado no chão, uma expressão cansada e derrotada. Cada evidência da ossatura havia desaparecido.
![](https://img.wattpad.com/cover/372631934-288-k598259.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Kely e o Fantasma
Viễn tưởngKely é aluna da UCNAM, uma escola de prestígio que, com sua própria metodologia, prepara os alunos para a vida em sociedade, ensinando as matérias básicas, e proporcionando outras experiências que agregam à vida do aluno, como produção de textos, bá...