12-Falta de Planejamento

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Na segunda, Kely e Jonathan treinaram novamente – com certeza, Kely tinha que mandar suas inseguranças calarem a boca. O garoto tinha cara de bonzinho, mas agiu como um treinador de mão firme e não a deixou descansar até que ela dominasse o básico da manchete. Depois, eles jogaram mais algumas partidas e logo após o treino Jonathan fez uma proposta que ela não esperava.

— Hoje eu vou te acompanhar até seu prédio, o que acha?

Kely não deixou de ficar surpresa.

— Ah, não precisa, não se preocupe comigo...

— Hm?

Ele não havia escutado. E na verdade ela não queria recusar a proposta

— Ah, tudo bem então, se não te incomoda.

— Não, não é incômodo nenhum — ele mostrou um pequeno sorriso.

Os dois passaram pelo portão-portal, que dava direto na praça dos condomínios. Era uma praça grande, mas sem monumentos, onde a natureza e o concreto – e algumas barraquinhas de comida – dividiam o espaço. Com certeza ficaria ali estudando, lendo, escrevendo ou fazendo qualquer outra coisa se o trânsito de pessoas ali não fosse tanto.

O calor do sol atingiu a garota, e ela sentiu a pele arder. Nos arbustos, formavam-se os primeiros botões das azaleias. Os dois logo buscaram refúgio na sombra de uma das árvores grandes e frondosas, com marcas de anos de história em seus troncos robustos. Os estudantes agora enchiam as mesas de concreto da praça amparadas pelas árvores, a maioria fazendo uma pausa para o lanche após a tarde intensa de estudos.

— Então, em qual prédio você está?

Kely estava prestes a responder, quando avistou Gael olhando fixamente para ela. Uma onda de calafrios percorreu seu corpo, Kely se virou rapidamente e apertou o passo. Havia pensado bastante, e chegado à conclusão de que não gostava de Gael daquele jeito e que não pretendia sair com ele. O loiro havia se mostrado bastante simpático no começo, mas não o via como nada além de um colega. Kely pensou várias vezes em falar aquilo para ele, alguma hora. Mas o olhar gelado com que ele a encarava deixava claro que aquele era um péssimo momento.

Talvez fosse até melhor que ele a tivesse visto. Viria que ela não estava interessada e a deixaria em paz.

— Ahn.. .— agora ela tinha pressa, e puxou Jonathan pela mão — prédio 11, vamos — Ela percebeu que estava segurando a mão dele e sentiu-se invasiva. E se ele não estava confortável com ela segurando sua mão? A incerteza a fez soltá-la.

— Por aqui — ela disse, tomando a dianteira.

Apesar do susto de mais cedo, a companhia de Jon deixava seu espírito mais leve. O garoto gostava de falar, e perguntava a ela coisas pequenas, mas interessantes, ele sabia deixar as pessoas à vontade.

— Então, você é de longe?

— Não tão longe assim, sou desse estado mesmo.

— De qual cidade?

— Vim de Monte Verde.

— Não acredito! — Exclamou o garoto.

— O que foi?

— Eu sou Pinheiros!

— Não brinca! É literalmente do lado! Você conhece a...

— Hm... o nome não me é estranho.

— Os pais dela abriram um restaurante em Pinheiros, e depois se mudaram para lá...

Os dois conversavam ávidos, e quando Kely avistou o prédio, desejou que ele se movesse para mais longe. Antes de ir, Jonathan apoiou sua mão no ombro dela e chegou mais perto. O estômago dela fez cócegas.

Kely e o FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora