1-Novata

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escrição da imagem: envolto em uma moldura, vê-se um close de uma placa de madeira, que tem um mapa simplificado: um longo pavimento atravessa a planta da cidade estudantil, e termina em uma praça redonda, cercada por mais pavimentos e de pequenas construções menores. No início do pavimento, uma linha aponta para a inscrição "você está aqui", e acima da frase, o emblema da UCNAM. Do lado da placa, vê-se um arbusto plantado em um vaso de tijolos, e atrás dela, as folhagens de uma àrvore. Parte da placa é coberta por sombra das folhagens, em uma ambientação de fim de tarde.

***

A música que já ouvira várias vezes tocar no rádio do carro agora era algo que ressonava em seu ser e incomodava algo que estava bem enterrado em um dos espaços no seu peito.

"Eu parto por longos caminhos, meu pai, minha mãe, atenção. Atendam a esses pedidos do filho do seu coração. Não vendam os bois da carreta, criados com estimação. Não peguem as coisas que eu deixo guardadas no velho galpão"

Ela não era dos pampas gaúchos e nunca havia morado no campo, apesar de ir de vez em quando para visitar seus parentes. Uma nova fase de sua vida começava, e ela com certeza queria mudanças. Uma parte de si ameaçava vacilar, mas o que a impedia de desabar não era a coragem, mas uma fagulha de esperança.

A garota olhava para fora, estranhando a paisagem que, com o passar dos meses, se tornaria mais comum do que gostaria. O carro parou em frente ao grande muro cor de creme. Ela desceu, um pouco preguiçosa, um pouco temerosa de que marca aquele lugar e o tempo deixariam nela. Após um dia inteiro de viagem dentro de um carro, ter o chão abaixo de seus pés parecia ser uma sensação completamente nova.

Seus pais avançaram pelos portões, enquanto Kely relutava. O sol já cumprira seu turno e estava indo embora, deixando no céu tons entre laranja e vermelho. À sua frente, ela viu os alojamentos estudantis, onde moraria pelos próximos 5 meses.

Tendo que vencer a distância, obrigou as suas pernas a se apressarem. As rodinhas da mala faziam um som limpo e contínuo.

—Deixa que eu levo— disse o pai dela, se apressando em pegar a mala.

—Então eu levo a necessér

—Qual é o prédio que você vai ficar mesmo? 11?

—Sim mãe, no 4° andar, número 3— a filha respondeu prontamente.

A jovem olhou para um dos prédios, longos e retangulares, que seguia uma fileira com outros. Lembrou-se que aquilo era só um pedaço do lugar. Estava bastante curiosa como funcionava a parte "cidade" que ficava mais para a frente. O site do colégio dizia que toda a organização dos condomínios já havia sido formulada para que os jovens saíssem mais independentes e preparados para a vida. Ela sentia que era bastante independente, mas uma coisa a deixava bastante preocupada, mesmo se esforçando para não deixar explícita aquela ansiedade ruim.

No portão uma mulher os orientou para irem até um prédio específico, a administração dos condomínios. Chegando lá, outra mulher checou os documentos e a matrícula.

—Prédio 11, quarto andar, número 3 certo?

—Sim

—Sua chave vai estar na recepção do prédio,é só pegar quando for para lá, e fique um momentinho por favor, preciso te dar algumas orientações.

"No começo de cada mês, você vai receber uma quantia de créditos. Com esses créditos você vai comprar comida, materiais de higiene, pagar por possíveis danos, entre outros. Se você ficar devendo créditos no final do ano, você não vai pra casa enquanto não conseguir pagar. É preciso que você cuide bem da chave do seu condomínio, bem como também de tudo que estiver dentro dele. Danos aos estabelecimentos também serão por sua conta, com os créditos. Se você tiver qualquer problema, é só procurar a direção. Essas são algumas orientações básicas, tudo está nesse caderninho, que vai ficar com você."

A mulher tirou uma apostila de dentro do balcão e a colocou em cima da mesa.

—É um desses por cada quarto, então você e a sua colega vão ter que cuidar bem dele. O senhor e a senhora, por favor assinem esses papéis.

Tempo depois, a família estava subindo pelo elevador do prédio número 11. Kely observava-se no espelho, o cabelo preto com a franja rebelde, com as pontas pintadas de azul, espalhava-se pelas costas e ombros. Os seus olhos eram azuis escuros, um pouco acinzentados. Ela usava uma camisa branca com estampa de flores e uma calça jeans clara. Havia vestido roupas mais claras, pois fontes diziam que estas faziam a pessoa parecer mais simpática.

As portas do elevador abriram, e Kely avançou com nervosismo. Muitos pensamentos passavam pela sua cabeça. Enfim, chegaram à porta do apartamento número 3. Ela girou a chave na fechadura e abriu a porta.

O apartamento era bastante simples, quase como um quarto de hotel. O que se destacou à primeira vista foi um pequeno sofá vermelho de frente a uma pequena televisão. A parede atrás do sofá separava a sala da cozinha, que tinha fogão e micro-ondas. Quando eles entraram e abriram a porta à sua direita, viram duas camas com cobertores brancos, e Kely se jogou na mais próxima. A última porta era a do banheiro, simples, que ficava dentro do quarto.

Depois de darem uma olhada na casa, eles foram ver o Centro, onde ficavam os comércios e serviços para os alunos. Um mini mercado, uma pequena enfermaria, uma pracinha, uma lanchonete, e outras coisas mais. Após o passeio, os pais de Kely se despediram carinhosamente da filha."Se cuide, ligue, mande mensagem, não exploda o micro-ondas, mande fotos" e outras instruções de pais para filhos,antes do casal ir embora.

Kely voltou ao apartamento e se distraiu com o celular. Amanhã seria seu primeiro dia de aula. Apesar de ser aquele o motivo de estar ali, era mais confortável tentar esquecer.

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Eram quase 11:30 da noite quando alguém abriu a porta do apartamento, rindo e falando alto. A tal pessoa foi direto para o quarto e acendeu a luz. A colega de quarto de Kely tinha os cabelos pretos lisos, olhos castanhos e o rosto fino. Ela era bastante bonita, mas a jovem estava irritada demais para prestar atenção nisso.

—Ah, você já estava dormindo, foi mal— assim que a garota viu Kely a olhando de cara feia, imediatamente apagou a luz e foi fazer algo na cozinha. Kely virou-se na cama e apertou bem os olhos, mesmo sabendo que seria difícil dormir.

Kely e o FantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora