O silêncio que havia preenchido o quarto quando nossa filha finalmente nasceu foi substituído por uma nova sensação, algo mais suave, mais acolhedor, mas ainda imenso. Eu olhava para ela, agora aconchegada no meu peito, e tudo ao meu redor parecia estar no lugar certo. A dor que eu senti no trabalho de parto ainda ecoava em meu corpo, mas parecia tão distante comparado ao amor que eu sentia ao ter nossa filha nos braços.
Vee estava ao meu lado, observando com a mesma reverência. Seus olhos estavam molhados, mas ele estava com aquele sorriso de quem soubera que tudo isso valeria a pena, que cada esforço, cada segundo de tensão, nos levaria até ali.
A enfermeira nos deixou sozinhos com nossa filha, e o quarto que antes parecia impessoal, agora se transformava em um espaço só nosso. O primeiro momento de privacidade, onde tudo que existia era nós três, sem pressa, sem interrupções.
— Eu ainda não acredito que ela está aqui. — Vee murmurou, acariciando a cabeça da pequena, com um toque tão suave que parecia que ele temia acordá-la de seu sono tranquilo.
Eu não tinha palavras. O que poderia dizer? A imagem dela, tão pequena e tão perfeita, com as mãozinhas minúsculas e os olhos fechados, era tudo o que eu precisava ver. Eu sabia que a vida tinha mudado para sempre, mas eu não sabia ainda como. Só sabia que, de alguma forma, eu estava pronto para tudo.
— Ela tem o seu nariz. — Eu disse, sorrindo ao olhar para Vee. — Eu sei que você não vai admitir, mas é a cara do seu pai.
Vee olhou para mim, os olhos brilhando de uma felicidade que parecia ainda mais pura. — Você está louco. Ela tem o seu sorriso. Ela é perfeita, Mark.
Eu ri, sentindo as tensões do parto se dissolverem com a leveza do momento. — Sim, ela é. Perfeita.
A enfermeira voltou mais tarde para ajudar a nos preparar para o que viria a seguir: os primeiros cuidados com a nossa filha, o banho, os primeiros exames. Ela parecia tão tranquila, tão competente, mas mesmo assim, tudo aquilo era novo para mim. Eu não sabia o que fazer com um bebê tão pequeno, tão frágil, e olhei para Vee, sentindo um pânico súbito. — E agora? O que fazemos?
Vee se aproximou de mim, sorrindo de forma reconfortante, como sempre fazia quando eu me sentia inseguro. — Agora, a gente cuida dela. Juntos.
Eu me senti um pouco mais calmo com suas palavras. Quando a enfermeira terminou os procedimentos e nossa filha foi entregue a nós novamente, pude sentir um laço instantâneo se formar. Ela estava com a pele ainda avermelhada, mas seus olhos, embora ainda fechados, pareciam nos procurar, como se soubesse que éramos seus pais. E ali, com ela nos meus braços, eu soube que tudo seria diferente. Eu seria diferente.
O dia estava se arrastando lentamente, mas dentro do quarto do hospital, tudo parecia suspenso no tempo. Nossa filha estava dormindo tranquila nos meus braços, e eu mal podia acreditar que ela finalmente estava aqui. A dor do parto parecia tão distante agora, substituída por uma sensação reconfortante de amor incondicional que me tomava completamente.
Vee estava ao meu lado, seus olhos ainda um pouco marejados, mas com aquele sorriso que sempre iluminava qualquer situação. Ele olhou para a nossa filha com um brilho que só ele poderia ter, como se estivesse absorvendo cada pequeno detalhe dela. E quando ele olhou para mim, com aquela expressão de quem sabe que tudo valeu a pena, eu só pude sorrir de volta, sem conseguir colocar em palavras a profundidade do que eu sentia.
— Eu ainda não consigo acreditar, ele murmurou, acariciando a cabeça da pequena com um carinho tão suave que parecia quase como se ele temesse que um movimento mais brusco pudesse acordá-la. — Ela está tão... perfeita.
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Nós
FanfictionMark, um doce estudante de engenharia, que acredita estar apaixonado por seu sênior P'Bar, acaba se declarando um dia antes das férias e recebe um "fora". Triste com a recusa, o jovem decide se aventurar na noite de Bangkok. Mas algo que não estava...