Os primeiros dias após a chegada da nossa filha foram um turbilhão de emoções, mas, ao mesmo tempo, uma rotina inesperada e desafiadora que nos fez sentir ainda mais próximos, mesmo nos momentos em que as palavras não pareciam suficientes para expressar tudo o que sentíamos.
Eu, especialmente, estava completamente absorvido por cada pequeno detalhe. Tudo parecia novo e, ao mesmo tempo, instintivo, mas havia algo que me deixava inquieto. Eu estava constantemente tentando fazer tudo da forma certa, o que, claro, resultava em momentos de insegurança.
Uma noite, enquanto tentávamos fazer nossa filha dormir, o choro dela parecia ecoar por toda a casa. Vee estava deitado ao meu lado, observando a cena com uma expressão calma, como se nada no mundo pudesse perturbá-lo. Eu estava suado, com o cansaço se acumulando nas minhas costas, mas minha mente estava completamente alerta.
— Eu não sei mais o que fazer. — Murmurei, sentindo o pânico surgir. — Ela chora e eu não sei o que ela precisa.
Vee se levantou lentamente, indo até a cômoda para pegar um dos brinquedos que havíamos ganhado de presente. Ele voltava para a cama com um sorriso tranquilo, como se nada de errado estivesse acontecendo. — A gente vai dar um jeito, Mark. Não é fácil, mas é só mais um dos primeiros desafios. Ela só precisa de um pouco de conforto.
Eu olhei para ele, irritado e cansado, mas ao mesmo tempo aliviado pela sua calma. — E você está tão tranquilo, Vee. Não é justo. Como você consegue?
Vee riu suavemente, o som suave e reconfortante. — Porque você está aqui. Eu confio em você, Mark. A gente vai fazer isso juntos. Não tem outro jeito.
Aquela simples frase fez tudo parecer mais fácil, como se o peso das responsabilidades fosse compartilhado entre nós. Naquele momento, eu percebi que não precisava ter todas as respostas ou ter tudo sob controle. Nós éramos uma equipe. Juntos, iríamos descobrir o que funcionava para nossa filha, e o que mais importava era que estávamos fazendo isso de coração aberto.
Nos dias seguintes, o cansaço e a exaustão pareciam ter se instalado como uma presença constante. As noites em claro, os choros inesperados, a necessidade de estar sempre alerta para cada necessidade da pequena... era mais difícil do que eu imaginava. Mas ao mesmo tempo, eu sentia que uma força indescritível nascia dentro de mim a cada vez que eu olhava para ela e via o sorriso tranquilo de Vee, como se ele fosse o farol que me guiava nos momentos mais turbulentos.
À medida que os dias passavam, a vida com Elysia se tornava uma mistura de momentos desafiadores e preciosos. Às vezes, eu me pegava pensando que, de alguma forma, ela já tinha se tornado a peça central de tudo — da nossa casa, da nossa rotina, de nossas conversas.
Vee estava sempre ao meu lado, mas ainda assim havia dias em que eu me sentia perdido. Como se as palavras e os gestos de carinho não fossem suficientes. Naqueles momentos, Elysia parecia ser a única que entendia a inquietação nos meus olhos, seus pequenos dedos, que ainda pareciam tão fracos, fechando-se ao redor da minha mão, como se ela soubesse que precisava de mim, mas também me acalmava, em um gesto tão simples quanto aquilo.
Uma noite, enquanto eu tentava balançar Elysia em meus braços, ela começou a chorar novamente, um som agudo e persistente. Eu estava exausto. E naquele momento, a frustração se misturou com a ansiedade. Não era a primeira vez que ela chorava assim, mas cada vez parecia que eu estava mais perto de perder o controle.
Vee entrou no quarto, com um sorriso sereno, mas logo percebeu a tensão em meu rosto. — Ela está bem, Mark. É só mais um desses dias. Vou ajudar você.
Eu o olhei, mais do que grato pela sua presença, mas também envergonhado pela minha incapacidade de acalmá-la sozinho. Ele pegou Elysia com cuidado nos braços e a olhou por alguns segundos, como se estivesse tentando entender o que ela queria. Depois, com um gesto suave, começou a balançá-la de forma bem tranquila.
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Nós
FanfictionMark, um doce estudante de engenharia, que acredita estar apaixonado por seu sênior P'Bar, acaba se declarando um dia antes das férias e recebe um "fora". Triste com a recusa, o jovem decide se aventurar na noite de Bangkok. Mas algo que não estava...