Cap. 7 - Quinto mês: declaração.

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Voltamos para o meu apartamento em meio a chuva que ainda insistia em cair. Apesar de completamente encharcados estávamos felizes. Assim que chegamos cada um tomou um banho e vestiu roupas limpas para que pudéssemos estar confortáveis.

- Trouxe um pouco de chá quente pra você - P'Vee disse entrando no meu quarto.

Eu já estou sentado na cama, esticando minhas pernas.

- Obrigado P' - recebo a xícara e aqueço minhas mãos - e para você?

- Tenho uma também - diz retirando uma xícara que escondia atrás do próprio corpo - tim tim.

- Tim tim - brinco de volta.

- O que pretende fazer no fim de semana? - me pergunta enquanto caminha pelo quarto, olhando para as coisas expostas.

- Hum, não tenho nada em mente P'. Tenho um trabalho para terminar e só. Por que?

- Queria que fosse conhecer os meus pais.

- Seus pais?! - Fico surpreso e quase deixo o chá entornar.

- Mark! - P'Vee se aproxima retirando a xícara de minha mão e colocando no criado mudo ao lado da cama - Cuidado, vai acabar se queimando, o chá está quente.

- Então não diga uma coisa dessas. - brinco com ele.

- Por que não? - ele parece confuso - Eu realmente quero que você conheça os meus pais.

- P'... - o chamo mas continuo olhando para minhas próprias mãos - ... nós acabamos de nos beijar, novamente, P' não acha que é muito cedo?

- Cedo? Cedo teria sido se eles te conhecessem antes das férias, não acha? - ele ri - Ou você espera que os avós conheçam Baleinha só quando ele nascer?

- Bem.. não.

- Mark... - P'Vee segura as minhas mãos nas dele - Eu gosto de você. Eu venho tendo sentimentos por você há um bom tempo... Posso não saber exatamente como você se sente em relação a mim, mas quero que saiba que da minha parte não é nem um pouco cedo que você conheça a minha família.

- P'...

- Mas se você não estiver confortável, não precisamos ir.

- P' realmente gosta de mim? Há um bom tempo? - pergunto um pouco inseguro.

A verdade é que eu nunca fui inseguro no que diz respeito a outra pessoa gostar ou não de mim. Se eu me interessasse por alguém e fosse recíproco tudo bem, viveríamos aquilo enquanto dura-se. Caso não fosse, tudo bem também, eu viveria aquele fundo de poço brevemente e depois seguiria em frente como se nunca tivesse acontecido. Mas com P'Vee é diferente. Desde aquela noite eu vivia em conflito, queria que fosse recíproco mesmo sabendo que provavelmente não seria, então vivia no limite de entrar em um fundo de poço e não entrar, porque eu nunca havia recebido um fora para ser considerado. Eu vivi esses últimos meses desejando-o e não desejando-o. Porém, sempre sabendo que essa batalha era perdida, porque no fundo eu o desejava comigo, na minha vida, como nunca desejei que outra pessoa aceitasse ficar.

- Eu digo muito sério, Mark. - P'Vee mantém sua mão segurando a minha enquanto a outra repousa em minha cabeça e acaricia meus cabelos - Eu gosto de você mesmo antes daquela noite, mesmo antes de você dar em cima de Bar.

- P'... você me viu flertar com P'Bar. - envolvo meus braços em sua cintura - Desculpa. - sussurro contra o seu peito.

- Ei, tudo bem, não precisa se desculpar. - retribui meu abraço e continua a acariciar meus cabelos. - Eu te vi flertar com Bar várias vezes e me recriminei por diversas vezes desejar que fosse eu no lugar dele. Parece que meus desejos foram atendidos, porque você está aqui, nos meus braços agora. - ao terminar deposita um beijo no topo da minha cabeça.

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