My Math Teacher

Chapter 7 | Shoes

VINNIE HACKER | Los Angeles
👟

─ Está com fome?! ─ Grito após sentir um silêncio na casa. Termino de organizar as compras na cozinha e lavo as mãos. Eu encaro o corredor no qual havia sombras oscilantes projetadas pelo lustre. Eu ando em direção à ele, parando na porta do quarto que estava aberta. Josie está em pé, de costas. ─ Você me assustou. ─ Forço uma risada. Ela se vira e vejo que está com alguns papéis na mão. Eu gelei. Ela pegou na minha gaveta.

─ Essa merda é sua? ─ Seus olhos pareciam marejados. Seu rosto estava vermelho e ela parecia estar com raiva. Pela sua reação, infelizmente entendi que a situação não se resolverá.

─ Por que mexeu nas minhas coisas? ─ Eu travei o maxilar.

─ Eu estava procurando alguns documentos da empresa! ─ Ela gritou com raiva, se aproximando de mim. ─ É seu ou não?!

─ É.─ Minha fala saiu como um sussurro. Ela me encarou e vi um mix de sentimentos no seu olhar. Decepção, raiva, tristeza, arrependimento... é como se eu fosse um monstro.

─ Você não pode ter filhos, Hacker?

─ Não. ─ Eu controlo minhas lágrimas mas é impossível.

─ Que merda... ─ Ela senta na cama. ─ Que merda! Como isso é possível?!

─ Eu não sei...

─ Não sabe?! ─ Ela me interrompeu aos gritos. ─ Você não pode me dar um família. ─ Eu passo a mão pelo cabelo impaciente.

─ Acha que eu não sei disso?! Eu penso toda noite antes de dormir! Não precisa jogar esse caralho na minha cara! ─ Eu me exalto, e a vejo passar por mim, saindo do quarto. Quando eu escuto um barulho, vou atrás dela. Vejo que está com uma mala na mão. Ela a enche de roupas.

─ Vai pra onde?

─ Vou passar um tempo na casa do meu pai. ─ Anda até a sala e depois de suspirar, eu a acompanho.

─ Aproveita e não volta mais. ─ Eu digo antes dela abrir a porta.

─ O que? ─ Ela falou baixo.

─ Manda seu pai vim buscar todas as suas coisas daqui e não volta nunca mais.

─ Está terminando comigo?

─ É, eu tô. ─ Me jogo no sofá e tento não olhar pra ela. Escuto sua risada.

─ Você é o estéril e eu é que sou a errada da história? ─ Travo o maxilar. Ela sabe bem como tocar no ponto fraco, e isso me assusta porque estou a 4 meses com uma pessoa ruim, e nem imaginava.

─ Por que você não transa com um cara qualquer e engravida? Já que um filho é tão importante? ─ Ela me encara sem dizer uma sequer palavra. ─ Você não me amava, e sim a probabilidade que eu tinha de te dar um filho.

─ E você me amava? ─ Ela arqueia a sobrancelha. ─ Ou aquela sua ex patética? Nem ela vai te querer quando descobrir isso. ─ E ela saiu.

• • •

Eu me forço a levantar do sofá e ir tomar um banho.
Não me entenda mal, o término em si não me magoa, mas eu caí na real quando vi a reação dela. Nenhuma mulher quer ficar com um cara por ficar, elas sempre pensam em um futuro. E eu também.

Visto uma calça e uma jaqueta qualquer, colocando um boné preto pra disfarçar minha cara péssima. Aliás, o que o garotinho está passando vai muito além do que isso.

Eu dirijo devagar até lá, até porque são três horas. Pois é, eu não fui trabalhar. Ela está trabalhando na minha empresa e, eu não estou afim de encontrá-la. Mas também não quero despedi-la, porque acho isso meio covarde.