Ainda estavam todos em choque, principalmente Íris.
- É mentira!!! - Disse ela, inconformada. - Você está mentindo! Está mentindo! Ele não morreu!!!
- Íris, é verdade. - Disse Jordan. - Vimos quando os bombeiros tiraram o corpo, estava todo queimado, mas era ele, estava com o anel que contém o brasão da família e a gravata era a mesma.
Rose apenas permaneceu em silêncio, lembrando da sua última conversa com James.
Flashback on:
- Sei que não tenho o direito de te pedir nada, mas... - Disse ele, sem jeito.
- O quê?
- Pode me prometer que vai cuidar dos meus irmãos?
- Por que... Por que está pedindo isso?
- A minha vida toda eu fui essa bagunça imprestável, nunca fui digno de ter nada agradável e meu pai fazia questão de me lembrar isso todos os dias. E eu prometi para mim mesmo que ele não afetaria meus irmãos dessa maneira.
- Você... finge que não se importa, mas, mesmo assim os ama, por que não tenta dizer isso a eles?
- Eu não sei... - Disse ele. - Você não respondeu a minha pergunta.
- Sim, eu prometo.
- Obrigado.
Flashback off.
" Talvez ele não fosse tão ruim, quanto queria que pensassem. " Pensou Rose.
- Eu não aceito isso!! - Disse Íris subindo as escadas.
Jordan fez menção de ir atrás dela, mas Rose o parou.
- Não vai, deixe ela. - Disse Rose.
Ele desistiu e se jogou no sofá, entristecido. James podia ser um idiota na maior parte do tempo, mas ainda era seu irmão, e não podia se esquecer de tudo que ele já havia feito por todos eles.
Íris entrou em seu quarto, ainda chorando e fechou a porta com força.
- Como James? Como você foi vencido?!!
Ela tentava se acalmar, até que avistou um pacote em cima de sua cama com uma carta para ela. Íris pegou e viu a inicial de James embaixo, ela pegou a carta e começou a ler.
" Íris, irmãzinha, se está lendo isso, é por que algo aconteceu, nesse caderno tem escrito várias coisas sobre mim e nossa família que nenhum de vocês jamais imaginaria. Decidi deixar com você, por que é a única pessoa que pode entender, guarde com você quanto tempo aguentar. Eu sei que nunca te disse isso, mas, amo você, irmãzinha e me perdoe por tudo. "
Ass: J.S.
Íris chorou mais ainda ao ler aquilo. Ela lembrou do que ele já havia dito a ela: " Você e eu somos iguais, Íris."
- Sim, maninho, somos iguais, e por isso arrancarei a cabeça de Mercier com minhas próprias mãos, como você faria. Esse desgraçado pode ter conseguido fugir dessa vez, mas não deixarei acontecer de novo. - Disse Íris.
Ela abriu o pacote e retirou uma agenda com uma capa preta de dentro. De início, ela pensou que fosse o velho caderno de seu pai, mas logo percebeu que não, era do próprio James. Abrindo, ela começou a ler.
" Vinte de dezembro. Meu pai me bateu outra vez, o motivo? Apenas porque saí para brincar com os garotos no parque. ' Mafiosos não tem amigos' ele diz. Dessa vez a surra não doeu tanto, na verdade, nada irá superar a vez que ele me levou ao galpão e me torturou por três dias, eu tinha dez anos. Segundo ele, aquilo era para me fazer forte, mas, eu só me vi mais forte, quando passei a defender a minha mãe das surras que ele dava nela. Ainda bem que meus irmãos passam muito tempo na casa de nossos avós, não quero que eles vejam o que acontece aqui, são muito novos, não quero que meu pai faça com eles o mesmo que fez comigo, eu não vou deixar... "
Íris não conseguiu continuar, ela fechou o caderno em choque, agora ela entendia o porque de toda a paranóia dele em relação a segurança. Mas, ainda tinha mais que ela precisava saber. Ela continuou lendo, e a medida que avançava, ficava pior.
" [...] Ele me obrigou a matar pela primeira vez com 13 anos, o homem era um viciado em jogos que havia tentado roubar o cassino, mas ainda sim, era um pai de família. ' Mate-o, o que prefere, a vida dele ou a sua?! ' , ele gritou tanto comigo, que apertei o gatilho, chorando. Quando chegamos em casa, corri para os braços de minha mãe, ela me apertou em seu abraço e chorei, agarrado a ela. Ela me pegou e me levou para o quarto antes que meu pai visse e ficou comigo até que eu pegasse no sono."
Íris não podia acreditar, seu pai, o homem que ela sempre admirou, era na verdade um monstro. Como ela nunca havia percebido nada? Furiosa e confusa ao mesmo tempo, ela fechou o caderno e foi se banhar, para tentar esfriar um pouco a cabeça.
Rose narrando:
A morte de James havia sido um choque muito grande, sim, eu o odiava, mas nunca pensei que ele teria um fim assim, morto pelo seu pior inimigo. Mas, claro, que isso jamais apagaria da minha memória tudo o que ele havia feito.
Fiquei preocupada com Íris, ela estava extremamente abalada, e não era para menos, ela sempre foi a mais próxima de James. Eu havia notado Simon estranho desde a sua volta, sim, ele perdeu o irmão, mas, não parecia ser isso que o perturbava e sim, algo mais. Ele se levantou, lentamente.
- Eu... eu vou organizar o velório. - Disse ele.
- Não quer que eu assuma isso? - Perguntou Jordan.
- Não... Isso é o mínimo que eu poderia fazer, depois de tudo... - Disse Simon se retirando.
Sentei ao lado de Jordan e apertei seu ombro.
- Não precisa se fazer de forte, Jordan, eu sei que você está mal com tudo isso.
- Ele fez isso para salvar Simon. - Disse Jordan. - No final das contas, ele sempre pensou em nós.
Ele abaixou a cabeça e chorou.
- Deve nos achar ridículos, não é? - Perguntou Jordan. - Quando ele estava vivo, nós o desprezavamos e agora que ele morreu, nós choramos por ele e esquecemos tudo o que ele fez. Que hipocrisia absurda.
- Não, Jordan, você não está apagando tudo o que ele fez e muito menos justificando, só está sofrendo pelo seu irmão.
- Obrigado, Rose.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A Máfia de Nova Orleans
RomanceRosalie Marshall era uma garota comum, que vivia na Califórnia com sua família. Sua vida era normal, até que foi expulsa de casa por causa de uma armação de suas irmãs. Desolada e revoltada, Rosalie parte para Nova Orleans a fim de começar uma vida...