Capítulo 61

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Ainda estavam todos em choque, principalmente Íris.

- É mentira!!! - Disse ela, inconformada. - Você está mentindo! Está mentindo! Ele não morreu!!!

- Íris, é verdade. - Disse Jordan. - Vimos quando os bombeiros tiraram o corpo, estava todo queimado, mas era ele, estava com o anel que contém o brasão da família e a gravata era a mesma.

    Rose apenas permaneceu em silêncio, lembrando da sua última conversa com James.

Flashback on:

- Sei que não tenho o direito de te pedir nada, mas... - Disse ele, sem jeito.

- O quê?

- Pode me prometer que vai cuidar dos meus irmãos?

- Por que... Por que está pedindo isso?

- A minha vida toda eu fui essa bagunça imprestável, nunca fui digno de ter nada agradável e meu pai fazia questão de me lembrar isso todos os dias. E eu prometi para mim mesmo que ele não afetaria meus irmãos dessa maneira.

- Você... finge que não se importa, mas, mesmo assim os ama, por que não tenta dizer isso a eles?

- Eu não sei... - Disse ele. - Você não respondeu a minha pergunta.

- Sim, eu prometo.

- Obrigado.

Flashback off.

   " Talvez ele não fosse tão ruim, quanto queria que pensassem. " Pensou Rose.

- Eu não aceito isso!! - Disse Íris subindo as escadas.

    Jordan fez menção de ir atrás dela, mas Rose o parou.

- Não vai, deixe ela. - Disse Rose.

    Ele desistiu e se jogou no sofá, entristecido. James podia ser um idiota na maior parte do tempo, mas ainda era seu irmão, e não podia se esquecer de tudo que ele já havia feito por todos eles.

   Íris entrou em seu quarto, ainda chorando e fechou a porta com força.

- Como James? Como você foi vencido?!!

   Ela tentava se acalmar, até que avistou um pacote em cima de sua cama com uma carta para ela. Íris pegou e viu a inicial de James embaixo, ela pegou a carta e começou a ler.

   " Íris, irmãzinha, se está lendo isso, é por que algo aconteceu, nesse caderno tem escrito várias coisas sobre mim e nossa família que nenhum de vocês jamais imaginaria. Decidi deixar com você, por que é a única pessoa que pode entender, guarde com você quanto tempo aguentar. Eu sei que nunca te disse isso, mas, amo você, irmãzinha e me perdoe por tudo. "

                               Ass: J.S.

     Íris chorou mais ainda ao ler aquilo. Ela lembrou do que ele já havia dito a ela: " Você e eu somos iguais, Íris."

- Sim, maninho, somos iguais, e por isso arrancarei a cabeça de Mercier com minhas próprias mãos, como você faria. Esse desgraçado pode ter conseguido fugir dessa vez, mas não deixarei acontecer de novo. - Disse Íris.

    Ela abriu o pacote e retirou uma agenda com uma capa preta de dentro. De início, ela pensou que fosse o velho caderno de seu pai, mas logo percebeu que não, era do próprio James. Abrindo, ela começou a ler.

   " Vinte de dezembro. Meu pai me bateu outra vez, o motivo? Apenas porque saí para brincar com os garotos no parque. ' Mafiosos não tem amigos' ele diz. Dessa vez a surra não doeu tanto, na verdade, nada irá superar a vez que ele me levou ao galpão e me torturou por três dias, eu tinha dez anos. Segundo ele, aquilo era para me fazer forte, mas, eu só me vi mais forte, quando passei a defender a minha mãe das surras que ele dava nela. Ainda bem que meus irmãos passam muito tempo na casa de nossos avós, não quero que eles vejam o que acontece aqui, são muito novos, não quero que meu pai faça com eles o mesmo que fez comigo, eu não vou deixar... "

     Íris não conseguiu continuar, ela fechou o caderno em choque, agora ela entendia o porque de toda a paranóia dele em relação a segurança. Mas, ainda tinha mais que ela precisava saber. Ela continuou lendo, e a medida que avançava, ficava pior.

     " [...] Ele me obrigou a matar pela primeira vez com 13 anos, o homem era um viciado em jogos que havia tentado roubar o cassino, mas ainda sim, era um pai de família. ' Mate-o, o que prefere, a vida dele ou a sua?! ' , ele gritou tanto comigo, que apertei o gatilho, chorando. Quando chegamos em casa, corri para os braços de minha mãe, ela me apertou em seu abraço e chorei, agarrado a ela. Ela me pegou e me levou para o quarto antes que meu pai visse e ficou comigo até que eu pegasse no sono." 

      Íris não podia acreditar, seu pai, o homem que ela sempre admirou, era na verdade um monstro. Como ela nunca havia percebido nada? Furiosa e confusa ao mesmo tempo, ela fechou o caderno e foi se banhar, para tentar esfriar um pouco a cabeça.

Rose narrando:

    A morte de James havia sido um choque muito grande, sim, eu o odiava, mas nunca pensei que ele teria um fim assim, morto pelo seu pior inimigo. Mas, claro, que isso jamais apagaria da minha memória tudo o que ele havia feito.

   Fiquei preocupada com Íris, ela estava extremamente abalada, e não era para menos, ela sempre foi a mais próxima de James. Eu havia notado Simon estranho desde a sua volta, sim, ele perdeu o irmão, mas, não parecia ser isso que o perturbava e sim, algo mais. Ele se levantou, lentamente.

- Eu... eu vou organizar o velório. - Disse ele.

- Não quer que eu assuma isso? - Perguntou Jordan.

- Não... Isso é o mínimo que eu poderia fazer, depois de tudo... - Disse Simon se retirando.

    Sentei ao lado de Jordan e apertei seu ombro.

- Não precisa se fazer de forte, Jordan, eu sei que você está mal com tudo isso.

- Ele fez isso para salvar Simon. - Disse Jordan. - No final das contas, ele sempre pensou em nós.

   Ele abaixou a cabeça e chorou.

- Deve nos achar ridículos, não é? - Perguntou Jordan. - Quando ele estava vivo, nós o desprezavamos e agora que ele morreu, nós choramos por ele e esquecemos tudo o que ele fez. Que hipocrisia absurda.

- Não, Jordan, você não está apagando tudo o que ele fez e muito menos justificando, só está sofrendo pelo seu irmão.

- Obrigado, Rose.

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