Inimigos de infância

01|Inimigos declarados

"Eu digo que meu sonho é ter
Você junto à mim, eu junto à você
Com alguém ao meu lado feliz eu ficava...
E o nosso amor cintilava..."

(I lava you 🎶)

___________💫__________

ㅡ Calissa, desça aqui. Preciso que me ajude! Seus padrinhos acabaram de chegar! ㅡ Gritou minha mãe da sala.

Me chamo Calissa e tenho dezesseis anos. Tenho dois irmãos. Hélio de dezoito anos e Clara de cinco.

O que minha mãe acaba de gritar, é que meus padrinhos, que por ironia do destino, vieram morar na casa ao lado.

Minha mãe é tão amiga de minha madrinha a ponto de seus três filhos serem afilhados dela e assim vice-versa.

Dona Helena e Dona Fernanda são melhores amigas desde o colegial.

Dona Fernanda Ferrashi, minha madrinha e de meus irmãos, têm três filhos.

Rebeca de dezessete anos, namorada do meu irmão Hélio desde a sétima série. Da até nojinho.

O inseto do Matias.
Três dias mais velho do que eu. É insuportavelmente chato e o mais queridinho de todos.
Suspeito que minha mãe e minha madrinha tenham combinado a gravidez.

E por último, o fofo do Caio de sete aninhos.

Rebeca é um doce de pessoa, ao contrário do seu irmão Matias, a quem quando pequena era muito devota dele. Mas hoje em dia, ele é o ser humano no qual mais tenho aversão.

Ele me tira do sério, frita minha paciência e cozinha meu juízo. Sempre foi assim. Não há um momento que ele não implique comigo.

Quando éramos mais novos, nossas mães sempre juntavam as nossas festas para poupar gastos. Eu detestava ter que dividir o meu dia, já que nasci por último, com um sujeitinho nojento que apagava a minha velinha e me sujava de glacê.

Na última vez que isso aconteceu, ele passou a mão suja de glacê no meu vestido de tule rosa. O corante manchou a roupa que usei uma vez na vida.

Mas não é só por isso que sustento uma enorme raiva por ele. É só pelo fato de ser Matias Ferrashi Barreto. O segundo filho dos meus padrinhos.

ㅡ Calissa! Depressa! ㅡ Chamou meu pai em alta voz. ㅡ Ligeiro, menina! Sua mãe precisa de ajuda.

Desci as escadas correndo.

ㅡ Tome! Leve isto. ㅡ Disse minha mãe entregando uma marmita em minhas mãos.

ㅡ O que é isso? ㅡ Perguntei enquanto levantava o pano que cobria.

ㅡ É para os meus afilhados. Não abra para não esfriar! ㅡ Mamãe abriu a porta e me deu passagem.

ㅡ Cadê o Hélio e a Clara? Por que eles não estão ajudando também? ㅡ Indaguei enquanto entrava na casa nova de meus padrinhos, que ficava ao lado da nossa.

ㅡ Eles foram os primeiros a descer quando escutaram o barulho do caminhão enquanto você passava horas e horas no banheiro. ㅡ Ela tirou a marmita das minhas mãos. ㅡ Nanda!!! Tô aqui!!

ㅡ Helena? Aqui em cima! Estou decorando os quartos dos meninos. Suba! ㅡ respondeu minha madrinha.

Antes de subir, avisto meu padrinho tentando equilibrar três caixas que impedia a sua visão.

ㅡ Quer ajuda, Noc? ㅡ Mamãe ofereceu após deixar as marmitas na mesinha de centro.

ㅡ Obrigado, Lena.