Inimigos de infância

17| Meu bem

Eu... Eu adoro o colorido das roupas que ela usa
E a maneira como a luz do sol brinca com seu cabelo
Eu ouço o som de uma palavra gentil
No vento que levanta o seu perfume no ar...

(Good Vibration)

_____💫_____

Se eu pudesse congelar o tempo, esse seria o momento. Era único e inexplicável. Poderia descreve-lo como a descida da Montanha-Russa; o salzinho do salgadinho no fundo do pacote; A tampinha suja de iogurte; o restinho do nescau no achocolatado; o açúcar do fundinho da limonada. Talvez os pedacinhos de fruta do sorvete de abacaxi suiço.

Foi quando ele parou e me puxou para um abraço.

ㅡ Me desculpa, mas eu amo você. ㅡ Falou próximo ao meu ouvido. ㅡ Me desculpa por ser imaturo, por ser irritante, por ter te proposto algo absurdo. Eu quero estar a todo momento com você e se preciso, passar o resto da minha vida contigo. Eu te dou duas escolhas: ou você me corresponde, ou irei importuna-la pelo resto da vida, porque não irei suportar outra pessoa que não seja eu para te amar. Cali, quer ser minha namorada?

Me desvencilhei de seu abraço para olha-lo. Estava em um misto de nervosismo e ansiedade. Aquele momento havia me deixado sem palavras.

ㅡ Diga logo sim!! Não aguento mais tanta enrolação.ㅡ Gritou Karen que estava acompanhada com a nossa turminha. Só então percebo a pequena plateia que acompanhava aquela cena.

Me virei para olha-la e ela estava aos pulinhos. Esbocei um sorriso amarelo. Era evidente que eu estava constrangida. Voltei meu olhar ao de Matias que me encarava aflito. Ansioso por uma resposta.

ㅡ Não... ㅡ O vejo desmanchar o sorriso. ㅡ Não poderia negar um pedido como esse. ㅡ Sorri e o beijei.

ㅡ Anwwwwwwwww!!! Tão namorando-do, tão namorando-do! ㅡ Comemoraram a pequena plateia.

ㅡ Agora estou constrangido com essa plateia. ㅡ Matias confessou. ㅡ Mas bem feliz por tê-la agora como minha namorada. ㅡ Passei meus dedos entre seus cabelos ajeitando alguns fios rebeldes. ㅡ Amo você. Mesmo.

ㅡ Eu sempre amei você. ㅡBeijei a ponta do seu nariz. O que o deixou ainda mais vermelho. Ele me abraçou.

ㅡ Até que enfim desenrolou isso, né parceiro? ㅡ Breno se aproximou de Matias e deu-lhe uma chave-de-braço. ㅡ Cali, você tinha que ouvir as lamentações dele:" Não sei se gosto realmente dela". ㅡ Ele tentou imitar a voz de Matias.

ㅡ São Valentim ouviu minhas preces! ㅡ Karen falou e rimos.

[***]

Matias pediu ao professor para trocarmos de dupla, justificando as atitudes de Elliot para comigo e também com a desculpa de que, por sermos vizinhos, seria bem mais fácil para nós. Por inacreditável que pareça, o professor permitiu.

Voltamos para casa do mesmo jeito que viemos. Mas a diferença é que estavamos nos dando bem, e de vez em quando, roubando alguns beijos.

Estávamos mais felizes, mais leves, mais sorridentes. Não havia aquelas implicâncias que me aborreciam.
Não que mudasse muita coisa. Mas melhoramos muito ao avançarmos essa etapa.

[***]

Fomos direto para minha casa após o término da aula. Afinal, deveriamos terminar o trabalho e eu deveria estudar para as recomposições.

ㅡ Mãe, cheguei. ㅡ Avisei enquanto deixavamos as mochilas sobre o sofá.

ㅡ Boa tarde, madrinha. ㅡ Matias a abraçou. ㅡ Tem lanche? Tô morrendo de fome.