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"Só mais uma vez
Sentir, sonhar
É onde eu quero estar."

(Inesperado)

                      _____💫_____

  
O caminho para casa foi tranquilo. Havia avisado a minha madrinha que estávamos no hospital e que já estava tudo bem. Matias recebeu alta e o diagnóstico do seu exame fora intoxicação alimentar.

Como previ.

Entretanto, ele já estava revigorado.

ㅡ Você ainda vai me ajudar hoje? ㅡ Perguntei quebrando o silêncio que dominara durante o trajeto de ônibus.

ㅡ Calissa. Olha bem pra mim. ㅡ Ele me encarou com aqueles olhinhos de perder o foco. ㅡ Há três horas atrás eu estava vomitando até o meu rim. Eu tô tão debilitado que se eu ver comida na minha frente, eu ponho minhas tripas para fora. Eu quero ir pra casa, tomar banho e dormir.

ㅡ Mas as provas são daqui a três semanas e eu não sei absolutamente nada!!

ㅡ Problema seu. Ainda tem tempo para estudar. ㅡ ele voltou seu olhar para frente. ㅡ Qual o seu problema? Passa a aula inteira dormindo, se lasca nas provas e depois choraminga pra conseguir nota.

ㅡ Ah, cara. Me deixa. Sou obrigada a acordar cedo para ouvir uma pessoa falar sobre coisas que não são do meu interesse. É comum e habitual um ser humano se portar assim.

ㅡ Deveria praticar algum esporte. ㅡ Ele sugere. ㅡ Sabe... pra exercitar o cérebro. ㅡ cutuca minha cabeça e eu desvio.

ㅡ Não gosto de me cansar. Eu já canso só em falar. ㅡ Digo.

ㅡ Por isso que você é uma pessoa lerda. ㅡ Ele afirmou. ㅡ Sedentária do jeito que é, logo, logo vai ter problemas no coração.

ㅡ Não perturba, inútil! ㅡ Acerto-lhe um empurrão e ele cambaleia para o lado.

ㅡ Vai me derrubar por cima dos outros? ㅡ Seu tom soa divertido e não bravo, como eu imaginava.

ㅡ Era o que eu queria.

ㅡ A próxima parada é a nossa. ㅡ Ele se levanta e dá sinal.

[***]

ㅡ Ei... ㅡ Ele me chama enquanto caminhávamos de volta para casa. ㅡ Obrigado!

De modo rápido, deposita um beijo em minha bochecha pegando-me de surpresa.

Eu não imaginava isso.

Ok. Eu imaginava. Só que de outra maneira.

Ele sai andando tranquilamente e eu fico parada feito uma estátua com a mão sobre a minha bochecha. Local onde acabara de me beijar.

E ficar lembrando de momentos antes, era como sentir seus lábios molhados sobre minha pele novamente.

Socorro. O que eu tô pensando?

Ao chegar em casa encontro minha mãe em pé, no meio da sala.

Tranco a porta e me viro.

ㅡ Onde você foi? Você não deveria estar estudando?

ㅡ Calma. ㅡ Levei as mãos sobre os ombros. ㅡ Matias passou mal e estava vomitando a casa toda. Não havia ninguém disponível para ajudá-lo, então, resolvi fazer a boa ação. ㅡ Esbocei um sorriso irônico.

ㅡ Matias passou mal?! Óh céus! O que ele tinha?

ㅡ Impressionante essa sua repentina mudança de humor. ㅡ Falo enquanto subo as escadas. ㅡ Não se preocupe. Seu queridinho está bem!

Inimigos de infânciaOnde histórias criam vida. Descubra agora