Assalto

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Maya

Estava olhando diretamente para a diretora da minha faculdade de contabilidade, na qual eu me encontrava no primeiro semestre. Ela pediu para que eu desabafasse, mas não conseguia.

Então sua grande ideia veio. "Escreva jovem mocinha"

Peguei a caneta e a girei entre meus dedos, mordendo os lábios. Tudo bem, eu podia fazer isso.

"Meu nome é Maya Brook, 17 anos. Recém-formada no Ensino Médio. Estou no primeiro semestre da faculdade de Contabilidade. Tenho um emprego - se é que pode chamar isso de emprego - em uma lanchonete no subúrbio da cidade, meu patrão é um pé no saco que não sabe nem calcular um mais um, minha colega de trabalho é stripper na boate da rua de cima aos sábados à noite, os clientes são do tipo daqueles velhos que jogam dominó na praça às cinco da tarde. E porque trabalho nessa espelunca? Tenho um pai que bebe mais do que respira e uma mãe que não quer nada da vida a não ser brigar com meu pai quando ele chega do boteco da esquina. Os dois me odeiam. Porém, sou eu quem segura as pontas em casa. Aluguel, comida, remédios e as demais necessidades."

Isso era o máximo que conseguia. Entreguei-lhe o papel e ela levou alguns minutos para me olhar de volta. A senhora de meia idade, suspirou e pegou uma grande pasta, onde logo vi que havia uma foto minha e meu histórico escolar. Ela avaliou minhas notas por alguns minutos e logo depois pegou um carimbo que estava em sua gaveta. Rapidamente a minha folha recebeu um grande carimbo escrito "Bolsista".

Arfei de surpresa e arregalei os olhos. Cacete!

Chocada e agradecida, apertei sua mão e saí de sua sala. Sim, eu tinha uma vida de merda, mas ao menos, alguns milagres aconteciam de vez em quando.

***

E aqui estou eu no meu amado emprego, esperando dar meu horário para poder ir para casa, nem uma mosca morta entra na lanchonete. Como se fosse para contrariar meus pensamentos, a porta abriu, fiz minha cara de miss simpatia, mas logo meu sorriso se desfez. Não era aquilo que eu estava esperando.

— É o seguinte, garota... Passa tudo! — o rapaz veio ao meu encontro rapidamente.

Wow! Um assaltante...Mas o que era aquilo? Uma arma de brinquedo? O cara só podia estar de brincadeira! Os filhos da minha vizinha brincavam com uma daquelas.

Pensei comigo mesma sem respondê-lo. E então comecei a observá-lo.

Era um rapaz alto, bonito mesmo que provavelmente fosse um drogado, pele branca, olhos claros, com um cabelo numa cor escura estranha.

Mas porque eu estou reparando tanto? Ele está te assaltando, Maya!

— Está esperando o quê? Vamos! Passa a grana toda! — Seu semblanete impaciente, finalmente fez-me despertar.

— Calma meu senhor, eu... — ele não me deixou terminar a frase e logo esbravejou.

— Senhor o cacete. E não tenho todo tempo do mundo!

— Tudo bem, está aqui. — Entreguei-lhe um generoso bolo de cédulas. E eu sentia as palavras agora saírem trêmulas e automáticas pelos meus lábios.

— Você deve estar brincando. Eu disse a grana toda! Qual parte do assalto você ainda não entendeu?

Aquilo estava começando a me irritar.

— Ah, claro, porque você e sua arma de brinquedo vão fazer muitos estragos, o que tem aí? Água? — cruzei os braços de forma firme.

Ele abriu a boca para me responder, porém, outro rapaz alto e com uma aparência rústica entrou na lanchonete, ele tinha um semblante mais sério e segurava um revólver.

Minha Segunda Chance (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora