Epílogo

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2 anos depois.

Adrian

Hoje completavam exatos dois anos que Nathan havia morrido, assim como Jack e mais homens que estavam naquele galpão.

Eu gostava de lembrar desta data e odiava, ao mesmo tempo. Por um lado, finalmente estávamos livres daqueles que nos perseguiam e desejavam a nossa ruína, por outro, o preço dessa liberdade era pago até hoje.

Maya passara um longo tempo internada, assim como Dianna. As duas tiveram ferimentos graves e muitos traumas novos com que lidar. Nenhuma delas gostava de conversar sobre o ocorrido e minha maior preocupação era com a minha mulher, que poderia não aguentar.

Muitos depoimentos foram prestados, Nathan havia sido morto antes de chegarmos e Maya assumira a culpa por seu assassinato. A polícia até hoje tinha dúvidas se realmente fora ela ou Dianna, porém o caso foi julgado e decidido como legítima defesa. Eu sabia a verdade e admirava Maya, pela coragem.

Na verdade, eu a admirava por tudo.

Tivemos muitas dificuldades em lidar com todo o ocorrido, as escolhas dela nunca seriam aceitas por mim, mas para o bem de todos nós, eu precisara aceitar que seus motivos eram compreensíveis em seu ponto de vista. Eu me ressentia por sua irresponsabilidade. Mas, sabia que se Maya não tivesse ido atrás de Dianna, provavelmente ela não teria mais mãe.

Infelizmente, as coisas não foram fáceis, Maya ficara com cicatrizes na lateral do rosto, que foram identificadas como queimaduras. Ela tinha constantes pesadelos, ataques de choro e pânico. Levaram-se meses para a terapia começar a fazer efeito.

Com Dianna não fora muito diferente, ela se separara do marido e fizera questão de morar perto de nós, para visitar Maya constantemente. Elas haviam ficado mais próximas, usaram-se para se fortalecer. Dianna não aceitou a terapia tão facilmente quanto a filha, e fora atrás de exercícios e práticas artesanais, que segundo ela, davam mais resultado.

E eu havia chegado a conclusão que também necessitava de ajuda, não só pela parte em que Maya já estava em minha vida, mas também para absorver e entender melhor toda aquela época que passei vivendo nas ruas, no mundo do crime.

Terapia não resolvia tudo, mas ajudava a entender um pouquinho mais o que éramos.


Maya

Eu estava profundamente animada enquanto me arrumava para descer. Olhei-me no espelho e ajeitei meu cabelo curto, rente ao meu rosto. As cicatrizes não me incomodavam, na verdade, me deixavam orgulhosa.

Poucos eram os que possuíam marcas de batalha e viviam para contar história. Poucos eram os que se arriscavam por amor. E eu me sentia afortunada, pois eu sabia e refletia sobre todo o risco que corri quando ganhei estas cicatrizes, sentia-me satisfeita por ter sido a única afetada por minhas escolhas.

Eu estava grávida de Emma quando corri o maior risco de toda a minha vida e me culpava por isso, eu tinha uma dívida com a minha filha, mesmo antes dela nascer e me martirizava por isso.

Apesar de ter nascido prematura, Emma nascera saudável, o que segundo os médicos era um milagre após tanto estresse e transtorno que eu havia passado. Eu havia prometido a mim mesma, que contaria tudo a ela quando fosse mais velha, mas por enquanto podia apenas aproveitar a minha bebê que estava em constante estado de crescimento.

Terminei de ajeitar meu vestido, já ouvindo a música alta vindo do jardim. Estávamos comemorando um grande negócio que Adrian havia fechado, segundo ele a empresa The Royals ajudaria e muito no crescimento de seu nome.

Saí do quarto, indo buscar Emma e me preparando para ver seu doce sorriso com dentinhos de leite. Ela era a minha cara e eu virava uma completa babona quando as pessoas falavam isso.

Ela estava sentada em seu berço, brincando com ursinhos de silicone e deu um gritinho quando me viu.

— Oi, meu amor. — acariciei sua bochecha. — Está animada?

Emma sorriu e soltou outro gritinho, enquanto se balançava. Eu ri e a peguei em um abraço. Ela logo começou a brincar com meu cabelo, fazendo barulhos engraçados.

Olhar para ela, fazia-me entrar no maior estado de gratidão que já acessei antes. Ela estava bem, saudável, era inteligente e muito brincalhona. Os meus erros não haviam atrapalhado e nem machucado minha filha e eu agradecia a "força maior" todo dia por isso.

— Mamãe nunca faria mal a você, viu? — sussurrei baixinho para ela, que estava prestes a botar uma das mechas do meu cabelo, em sua boca. Apertei seu corpinho contra o meu e respirei fundo, como eu a amava!

— Maya? — logo reconheci a voz de Adrian e deixei que Emma se concentrasse nele, já que assim que ouviu o mesmo, começou a se debater e gritar de ansiedade. Adrian riu e aproximou-se de nós duas. — Só faltam as mulheres da minha vida...

— Já estamos indo, não é Emma? — sorri, enquanto minha filha ia para o colo do pai. — Todos já chegaram?

— Sim, vamos!

Saímos do quarto de Emma e descemos a escada de nossa casa, o jardim estava cheio. As pessoas se organizavam, de acordo com as plaquinhas em cada mesa e eu sorri tranquila, enquanto começava a cumprimentá-las. Seria uma longa tarde e Adrian merecia muito comemorar por suas conquistas.

***

A CEO e o vice-presidente da The Royals, foram os últimos a nos cumprimentar. Eles foram educados e bastante contidos em suas palavras, claramente por mais divertido que a festa fosse, eles estavam agindo de modo profissional, eu os entendia. Não pude deixar de admirar a CEO de uma das maiores empresas do mundo. Era bom ver uma mulher que estava em tal cargo de poder, ao vivo e a cores. Com certeza, ela era durona.

Adrian sorria como um louco e Emma se revezava entre o colo dele e o meu. Ela estava animada em ver tanta gente.

— Nunca vi nossa filha tão animadinha. — Adrian disse enquanto observava Emma, brincando com Emily, a filha de Daniela.

— Claro, olha só como todo mundo fica babando nela! — cochichei.

— Linda como a mãe – passou a mão por minha cintura.

Eu sorri e o beijei delicadamente. Ele me deu um último beijo antes de ir até a mesa onde nossos amigos estavam.

Observei-os; Daniela, Rick, Emily, Dianna, Beth, Jimmy, Adrian e Emma. Todos estavam sorrindo, felizes e aproveitando o momento de descontração, todos ali já haviam passado por alguma dificuldade, áagoa e tristeza. E todos ali já haviam cuidado de mim, como eu deles.

Daniela e Rick foram os responsáveis por me dar uma luz no final do túnel, quando tudo estava surrealmente sombrio. Minha mãe, havia me ensinado a ser forte na vida, a lutar, cair e principalmente, se levantar. Adrian não só fora a esperança que eu tanto precisava e queria, mas a pessoa que realizara tudo isso que estávamos vivendo, junto comigo, que havia me ensinado o que é um amor de verdade e o quanto ele pode doer e também trazer felicidade.

Emma era minha vida. Por dia eu aprendia centenas de coisas. Eram incontáveis, as vezes que eu me pagava chorando de gratidão, por tê-la ao meu lado. E eu também pensava, se como todas as pessoas ao seu redor, que superaram o insuperável, perdoaram o imperdoável... Se ela seria capaz de fazer o mesmo comigo quando chegasse a hora.

Mas afinal, a vida é isso; dramas, aprendizados, alegrias, dores, lágrimas, erros, acertos e sorrisos. A vida é feita de Segundas Chances. 

Minha Segunda Chance (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora