Gargalhadas

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Maya

O som de unhas batendo contra a cerâmica era contínuo.

— Você pode ao menos fingir que está calma? — fitei-a irritada.

— Não me culpe, Maya! Eu posso ser titia nesse exato momento! — gritou animada.

Talvez eu devesse ter sido mais esperta... Só talvez.

Não era um absurdo o fato de eu estar fazendo um teste de gravidez, considerando minha relação com Adrian. Já estávamos juntos há alguns anos, tínhamos uma casa, amigos que podíamos contar, um bom trabalho e muito amor para dar.

Na verdade, não teria nada de ruim nessa situação... Se agora, exatamente agora, eu não tivesse recebido a notícia de que Nathan estava solto e possivelmente, com alguns ressentimentos em relação a mim. Quem eu estava tentando enganar? Ressentimento era algo bem fraco, pro que meu pai poderia sentir. Em sua cabeça doente, eu tinha fodido com a sua vida.

O despertador do celular me impediu de continuar pensando em Nathan, os minutos já haviam se passado e era hora de olhar o pequeno tubinho branco que estava em cima da pia. Eu podia sentir o olhar impaciente de Daniela em minha direção. Respirei fundo e estiquei a mão para pegar o tubinho.

— Duas listras. Ah, meu Deus... — murmurei.

Logo eu estava sentada no chão, com as mãos entre as pernas e a cabeça abaixada.

— Maya... Está tudo bem. Respire, ok? Não é ruim. — Daniela me abraçou e meus soluços começaram. — Vocês vão conseguir.

Eu não sabia como ela conseguia ser uma amiga tão boa. Dani parecia saber todos os meus medos e o que falar sobre eles.

— Estou assustada pra caralho. — resmunguei e respirei fundo. — Nós podemos, eu sei que vai ser difícil, não sei nada sobre bebês e o Adrian também não... Mas, vamos aprender a trocar faldas e comprar pomadas e a desviar de vômitos... — tagarelei — Puta merda, isso vai ser uma loucura.

Passei as mãos pelos cabelos nervosamente e chorei por mais alguns minutos. Não era uma coisa ruim, só profundamente assustadora.

O fato era que eu não queria ser apenas uma mãe, ser mãe não é algo difícil, se trata de engravidar e ter uma criança.

Não, isso não seria suficiente pra mim.

Eu queria ser uma ótima mãe, queria poder dar ao meu filho toda a dedicação, educação e amor que ele poderia precisar. Um filho é mais que qualquer outra coisa, uma responsabilidade para toda a vida. É a criação de uma pessoa em uma sociedade. Eu não poderia dar menos que o máximo de mim para algo desse tipo.

— Amiga, olha pra mim. — Daniela sentou comigo no chão frio e olhou em meus olhos. — Você vai errar, e não importa o quanto você odeie ouvir isso... Você vai errar praticamente todo dia. Não existe um guia prático de como ser mãe, o gostoso é descobrir. Você, o Adrian e esse bebê, vão descobrir dia após dia o que é errar e aprender com isso. Vocês vão aprender o que é ser uma família.

O meu choro não era apenas de incredulidade, mas de medo. Pensar em um dia ter filhos, era bem diferente de realmente estar esperando um. Mas, eu podia fazer isso. E não permitiria que ninguém me atrapalhasse, muito menos Nathan.

— Eu realmente odeio saber que vou errar, mas você está certa. Bem... Eu tenho nove meses pra me acostumar com isso. — soltei uma risada nervosa.

— Sinto te dizer, mas sua rotina vai mudar a partir de agora. — sorriu com um falso pesar nos olhos.

***

Minha Segunda Chance (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora