Três meses depois
Adrian
As coisas não estavam boas.
Meu trabalho no supermercado não duraria muito tempo, eu sentia.
Sabia bem como era ser julgado pela sociedade. Nenhuma daquelas pessoas entendiam o que eu já havia passado ou simplesmente algo sobre mim, esse deveria ser um dos motivos pelos quais sentiam-se desconfiadas.
Assim que cheguei ao supermercado de manhã cedo, o gerente me chamou em sua sala pequena. Eu estava dispensado por conta dos rumores que chegaram aos ouvidos de algumas pessoas e elas não se sentiam seguras perto de mim. Parece que Jack andara abrindo a boca sobre o meu antigo "emprego" para as pessoas erradas.
Com a cabeça erguida e um sorriso frio sai dali olhando cada rosto que impossibilitou a chance de que eu continuasse em uma vida honesta.
E agora? O que faria para me manter?
A resposta eu já sabia, só não queria aceitar. Assaltar! Era isso que sabia fazer. Assaltar...Isso me lembrava Maya. Depois de nossa conversa no parque nunca mais tinha visto-a e confessava que tinha vontade de sentir sua presença novamente. Era quase absurdo ficar pensando nela, mas eu não conseguia evitar. Toda noite, olhando o céu aberto no banco do parque, seu rosto vinha a minha mente.
Cabelos longos, escuros, tão bonitos que me faziam ter vontade de passar os dedos entre os seus fios. Olhos verdes. Lábios cheios em forma de coração, além de um pouco avermelhados que me davam o desejo de querer ter aquela boca na minha. Sua pele branca e lisa, dando-me vontade de acariciá-la e sentir aquela maciez. E o mais estranho, eu conseguia sentir o cheiro dela. Aquele cheiro adocicado, tão convidativo. Porra...
Peguei-me lamentando. Lamentando que jamais ela me daria esse tipo de confiança e que eu nunca poderia revelar o misto de emoções que sentia ao tê-la perto de mim. Talvez, fosse apenas saudade do tempo que tinha uma amizade ou alguém para me abraçar, alguém para pelo menos conversar. Porém, algo me dizia que era mais que isso.
Senti meu estômago queimando e um vazio grande em minha barriga. Hoje não daria para esperar até o almoço para comer, teria que tomar café da manhã. Com o dinheiro que ganhei pela demissão, conseguiria tomar um café da manhã bom e ainda sobraria.
Passei pelo parque que considerava minha casa e uma cafeteria me convidava. O cheiro de café e folhados doces me davam água na boca e queimação no estômago. Como seria bom poder tomar café da manhã todos os dias.
Entrei na cafeteria e sentei-me na única mesa vazia, pegando o cardápio. Senti uma sensação estranha, de que estava sendo observado. Virei-me, dando de cara com Maya que estava com sua bolsa nos ombros, pronta para ir embora. Eu não sabia o que fazer, se sorria, acenava ou se ficava quieto.Para minha surpresa ela sorriu e saiu de trás do balcão vindo em minha direção.
— Posso me sentar? — Sua voz doce soou ao meu lado.
Levantei meu olhar para o dela e quase perdi a fala.
— Claro...Fique à vontade.
Não sei como ela conseguia, mas a cada encontro inesperado que tínhamos, ela estava ainda mais bonita e fiquei surpreso ao notar que parecia melhor do que da última vez que a vi. Não tinha muitas olheiras e parecia um pouco mais descansada.
— Não acredito que nos encontramos de novo. — riu.
— É, parece que virou uma sina, encontros inesperados depois de meses.
Olhei para os lados e uma garçonete veio em minha direção, anotou meu pedido e olhou feio para Maya, a qual manteve o olhar firme e a expressão nada agradável.
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Minha Segunda Chance (Finalizada)
RomanceEle não suporta a ideia de criar novos laços e ela não suporta mais permanecer sozinha. Maya aguentou calada sua vida inteira seu pai bêbado e sua mãe depressiva. O que mais a machuca é a forma que os dois não a suportam, mesmo sendo ela a única pes...