Ficarei bem?

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Maya

Olhei a chuva através do vidro do ônibus e bufei. Seria uma merda ir para faculdade no dia seguinte.

Olhei para os lados e peguei Adrian me observando. Estávamos sentados lado a lado no ônibus a caminho da casa de Daniela e acho que nunca estivemos tão próximos.

— Aproveitando a paisagem? — Sorriu.

Fiquei surpresa com a sua investida de conversa, afinal, há um segundo eu o tinha confrontado.

— Ah sim, realmente, poças e lama. Uma beleza sem igual! — ri e ele me acompanhou.

— Depende do ponto de vista. — Deu de ombros. — Eu gosto de observar como todos reagem a chuva.

— Como assim? — Arquei uma sobrancelha.

— Quando se vive em um parque...Digamos, que você tem tempo de sobra para apenas observar algumas coisas... As pessoas normais sem guarda-chuvas correm... As malucas ficam e aproveitam a sensação da água escorrendo pelo rosto — Rimos juntos — Os animais se escondem e assim que a chuva passa, vão atrás de alimentos. As folhas caem, o vento canta e o cheiro que fica, pode ser bem gostoso...Não é apenas poça e lama...Bem, para mim não. Talvez eu seja apenas estranho.

Fiquei alguns minutos apenas fitando seu rosto e pensando em suas palavras. Ele conseguiu ver beleza em algo que muitos abominam, como uma simples chuva.

— Você não é estranho, é apenas... Diferente.

— Talvez, eu seja apenas um morador de rua ficando meio louco. — Concluiu.

— É, talvez seja apenas isso.

***

— Maya é você? — Daniela gritou contra a porta, depois de termos tocado sua campainha três vezes.

— Sim, Daniela. Eu esqueci minhas chaves! — Gritei de volta.

— Já vou abrir! — Escutei um pequeno barulho e logo depois a porta foi aberta.

Daniela sorriu e me abraçou, logo se afastando para olhar Adrian.

— Daniela, esse é o Adrian — Apresentei.

— Oi Adrian, é um prazer conhecê-lo. —Daniela deu dois beijinhos nas bochechas de Adrian e ele sorriu amigável — Seja bem-vindo!

Ela se afastou para dar espaço para entrarmos.

— Obrigado...É um prazer também, hum... Daniela. — Passou a mão pelo cabelo em um claro sinal de nervosismo.

— É amiga, você tinha razão, ele é um gato — Daniela fechou a porta e riu.

Senti minhas bochechas corarem. Deus, ela gostava de me envergonhar!

— Daniela! — ralhei e Adrian riu.

— Tudo bem, já parei. — Levantou as mãos para o alto em sinal de rendição. — Adrian, eu arrumei um quarto para você, tem toalhas limpas no banheiro e uma escova de dentes novinha em folha, vá se aquecer enquanto penso no que fazer para o almoço com a Maya.

Adrian me olhou interrogativamente.

Eu não havia comentado com ele que minha amiga possuía um belo apartamento...E muito menos que ele teria um quarto suíte só para ele.

— Eu... Daniela, vou ajudar Adrian a achar tudo e já volto.

— Fiquem à vontade. — Deu de ombros e saiu em direção a cozinha. — Sinta-se em casa Adrian! — gritou.

Minha Segunda Chance (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora