Aos Olhos Do Cavaleiro

Capítulo 9.5 - Áurea Ascendente

" Existem segundos que as cores vivas do mundo nos abandonam e nos deparamos no total escuro de nossas almas, sem ter nada para ao menos produzir uma simples faísca. Nos sentimos perdidos, a cegas, sem saber para onde ir. Quando estamos desistindo de tudo, nos entregando ás trevas , uma luz ascende no interior de nossos corpos. Aquece; cresce; nos inunda e se expande para fora. E é neste momento que descobrimos que não estamos sós no escuro. A áurea da esperança habita dentro de nós e não existe escuridão que a apague".

Dizem que em todos os labirintos, criaturas grotescas e más vivem. Seres indescritíveis, possuídos pelas trevas. Em grande parte é verdade mas, você ou alguém que conhece, sabe o porque deles serem assim? Quando se permanece na escuridão por muito tempo, mudanças são inevitáveis. Esquecem-se da luz, mesmo á tendo.

Uma criança abandonada e só. Paredes cobertas por emaranhados de ervas negras e venenosas que, de tão altas que são, cobrem o céu azul e impedem que os raios quentes do sol toquem seu solo, cujo frio impera.

Lugar onde vivem criaturas sombrias, corrompidas pelo ódio e dor. Abrigo de homens do passado, presente e futuro, que perderam o amor no que um dia acreditaram ser a real felicidade. Transformados pela angustia de seus corações que antes eram puros, mas que agora, pela descrença e por terem sofrido muitas e intensas perdas nos campos sentimentais, vagam por entre o labirinto sombrio, perdidos e desacreditados de tudo. Almas vagantes pela eternidade.

Alguém uma vez me disse:

_ O mundo é um labirinto obscuro e ao mesmo tempo belo. Você é o único que pode encontrar a saída. Mas cuidado. "Existem obstáculos e altíssimas barreiras que podem lhe prender para todo o sempre; cuidado com os monstros que habitam no interior dos corações das pessoas".

Transformada em criança, Rafaele, a Rainha dos monstros domados desperta em meio ao breu; envolvida por uma densa névoa gélida e estranha.

Memórias do passado surgem em sua mente; lembranças de seu pai partindo sem dar explicação passavam em seus pequenos negros olhos. O grito de saudade, de quem por anos o guardou á muito custo, explode de sua alma por garganta á fora, saindo feita tempestade, alastrando-se pelos caminhos secretos do labirinto, calando tudo até mesmo o sopro do vento:

_ PAAAAAAII!

Não havia dor maior que a saudade e perda de quem mais se amou. A enorme força de seu grito ecoado milhares de vezes e em diferentes sintonias, percorrera todo o labirinto; penetrando por dentre as enormes muralhas e ervas mortais; chegando aos ouvidos de todos os seres vagantes da escuridão; até mesmo os mais obscuros e duros que neste momento deixavam lágrimas rolarem de seus rostos sem entenderem.

O que seriam essas lágrimas! A esperança não havia morrido?

Estava muito frio, Rafaele usava um vestido azul; estava desorientada, sentia medo. Caíra de joelhos ao solo; de todos os anos vividos, lagrimas chorada por dentro para que ninguém as visse, brotavam de seus olhos aos soluços sufocantes.

Neste estado não teria como encontrar a resposta que a pequena necessitava. Mas o destino da jovem não iria deixá-la na mão. De repente e, como que fosse o sopro de Deus, um pequeno tornado surge, sugando as folhas secas caídas das plantas infernais que cobriam as paredes do labirinto; as juntando e fazendo um pequeno monte empilhado.

Assustada, Rafaele se esconde. Mal podia ver direito, pois a neblina encobria sua visão. Das sombras das folhas amontoadas um homem de asas nasce gerado pela glória da vida que um dia elas representaram. Enviado para ajudá-la.

Vinda das asas do homem, uma luz ilumina o lugar, fazendo com que a pequena o enxergasse perfeitamente. Então o alado diz:

_ Não tenhas medo minha Rainha. Não estou aqui para lhe fazer mal algum. E sim para lhe presentear. Venha por favor.