Capítulo Dez

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Finalmente!

Olhei pra os bonecos, e em seguida para Dimitri.

- Então? Cadê minha estaca?

- Calma aí. Você primeiro precisa aprender a andar antes de correr - ele riu - Primeiro, qual foi a primeira regra que eu te ensinei?

- Nunca hesitar.

- Errado. A primeira regra foi correr. A segunda foi não hesitar - ele respondeu, com tom professoral.

Em seguida, se aproximou de um boneco.

- Um Strigoi é mais rápido e mais forte que um damphir, portanto você não terá várias chances. Não perca nenhuma oportunidade. Seja rápida e direta. Acerte um único golpe direto no coração.

- Certo. Parece simples. Me passe a estaca - falei, e estendi a mão.

Dimitri fez mensão de falar, mas fechou a boca e me entregou a estaca. Deu um passo a trás e cruzou as mãos atrás das costas, para observar.

Fiz um movimento rápido e ataquei, com a estaca mirando o peito do boneco. Para minha surpresa, quando a ponta encostou no peito dele houve uma resistência. Como se tivesse batido em concreto.

- Mas o que...

- Ah você não me deixou explicar isso antes - Dimitri falou suavemente, com ares professorais - O coração é protegido pelas costelas. Você não ataca de frente e sim de baixo pra cima - ele segurou minha mão e guiou a estaca - Assim.

Treinamos por mais uma hora. Apenas os movimentos básicos de atacar e estacar. Atacar e estacar. Várias vezes.

- Terceira regra: sempre verifique se o inimigo está morto.

Concordei e sequei a testa com as costas das mãos. Estava cansada e precisando de um banho.

Dimitri jogou uma garrafa de água para mim, e se agachou para guardar os objetos. Vi que ele segurou uma estaca extra na mão, e a devolveu para a caixa.

- Essa é a minha estaca? - perguntei me aproximando.

- Era - foi a resposta seca

- Como assim era? Se é minha, me dê.

Dimitri se pôs em pé, e eu tive que levantar a cabeça para vê-lo. Porcaria de altura!

Ele cruzou os braços.

- Essa era a supresa de hoje. Mas me enganei. Pensei que você fosse madura o bastante e estivesse pronta, mas estava errado.

- O que?!

- Seu xilique horas atrás. Em vez de vir pessoalmente falar comigo, preferiu agir de modo infantil.

Fiquei boquiaberta e sem resposta. Eu não dava xiliques!

- Olhe aqui, camarada. Eu já pedi desculpas, e você está misturando assuntos. Isso - apontei para o galpão - É outra coisa.

- Isso, como você disse, é sua vida. Seu propósito. Eles vem primeiro, se esqueceu?

- Eu sei disso. Mas e quanto a nós?

- Roza, não existe um "nós". Não pode existir.

- Não me venha com essas suas frases prontas e pensamentos zen! Você não é uma máquina, Dimitri. Você tem sentimentos, e eu sei que significo tanto pra você quanto você pra mim. Se não fosse verdade você não teria me beijado.

- Já disse que foi um erro. Não vai acontecer de novo.

Meu sorriso vacilou.

- Você disse que me ama.

- Amor é uma escolha, Roza. Te amar não significa que vamos ficar juntos ou algo assim. Temos barreiras demais entre nós.

- Você está sendo injusto. Se não existe um nós, então você sabe que eu sou boa e mereço ter minha própria estaca!

- Somente Guardiões tem estacas. Mesmo sendo a futura Guardiã da princesa, você ainda é uma novata.

- Eu não sou uma novata. Não tenho treino e aulas com os outros damphirs. Não. Porque você não consegue ficar longe de mim, o combinado com a Kirova era você me treinar até que eu fosse capaz de acompanhar os outros alunos. Mas eu já até os passei, e você continua sendo meu professor. Você não é capaz de ficar longe de mim, Belicov. Admita.

- Você quer ter aula com os outros novatos? - Dimitri ergueu uma sobrancelha, e meu sorriso morreu de vez - Amanhã mesmo você será aluna do Hans, junto com os outros.

O Toque do Espírito #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora