O Toque do Espírito #Wattys2017

Capítulo Quatro

A Academia St. Vladimir parecia um colégio normal.

Exceto que eram 1:30 da manhã e o sinal estava tocando, enchendo o pátio de estudantes.

- Fim do quinto período - Dimitri se curvou um pouco em minha direção e me explicou.

Por onde passávamos, os estudantes apontavam e cochichavam. Era bem incômodo.

- Por aqui - Dimitri abriu um porta, e se afastou para que eu entrasse primeiro.

Assim que entrei, vários pares de olhos me encararam. Eu parei, na verdade acho que a palavra correta é que eu estaquei no lugar.

- É a garota dos meus sonhos! - exclamei sem pensar - Quer dizer... Literalmente. Eu não sou lésbica. Eu realmente vejo essa garota nos meus sonhos.

Olhei para Dimitri e me atrapalhei na resposta. Por algum motivo eu senti a necessidade de me justificar.

Dimitri se afastou e se postou contra a parede, junto com outras pessoas, que eu supus também serem Guardiões.

- Senhorita Hathaway.

Me virei em direção a voz. Uma mulher alta estava parada ali, com um olhar severo.

- Rose! - a garota correu e me abraçou, me pegando de surpresa.

Ela se afastou e me olhou nos olhos. Tinha a mesma aparência das minhas visões.

- Rose, você realmente não se lembra de mim? - percebi um toque sutil de mágoa na voz dela.

No fundo eu sentia algo familiar, mas não sabia de onde.

- Eu sinto muito.

- Diretora, nós temos a ligação! - a menina me puxou pela mão até a diretora.

Kirova me observou atentamente, e em seguida deu a volta na escrivaninha e se sentou.

- Sente-se, Hathaway. Temos muito o que conversar.

Eu me sentei em uma cadeira, e a outra menina se sentou ao meu lado.

- Muito bem - eu olhei em volta ansiosa - O que eu tenho que saber?

- Nós não sabemos até onde você foi compulsada...

Aquela palavra de novo.

- O que é isso de compulsão? - perguntei, e vi a Kirova hesitar.

- Vamos começar do início...

- Sério? Achei que íamos começar do fim! - deixei escapar.

Kirova me lançou um olhar fulminante.

- Agora, lembre-se do acidente.

- Que acidente?

- O acidente que você sofreu quando tinha cinco anos. Lembre-se dele.

Eu franzi o cenho. Aquela era uma lembrança confusa na minha mente.

- Eu... É muito confuso. Eu estava num carro... Houve uma batida...

- Lembra-se de quem estava no carro além de você? - Dimitri perguntou, saindo de perto da parede e se aproximando.

- Não.

- Rose - a garota loira me chamou - Olhe para mim e faça um esforço. Por favor.

Eu encarei aqueles olhos azuis e forcei minha mente a remontar a cena da qual eu tanto tentava esquecer.

Então, como um "click" dentro da minha cabeça, todas as memórias voltaram.

- Isso é incrível - eu sorri, e olhei para André, sentado ao meu lado - Eu nunca sai do país.