Capítulo Dezesseis

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Dimitri estendeu mão para mim, em expectativa.

- Já estou guardando - falei de má vontade.

Ele continuou com a mão estendida, e percebi sua expressão determinada olhando pra mim.

Bufando depositei o celular na palma da mão dele.

Que injustiça!

Dimitri olhou para a tela do celular e eu percebi seu olhar escurecer, enquanto ele guardava no bolso.

Vou confessar uma verdade: Eu dormi a maior parte da aula.

Não que Dimitri fosse um mal professor (em St. Vladimir ele foi o melhor tutor que eu tive), mas é que estudar coisas que aconteceram séculos atrás e pessoas que estão mortas, ao invés de algo útil para os dias atuais realmente não fazia o meu tipo.

Além do mais eu estava puta com Dimitri. Muito puta.

Ele havia pego meu celular!

Um palavrão. Um empurrão.
Uma garota loira de cabelos curtos foi empurrada por mim contra a parede.

Gritos de "Briga. Briga. Briga" enchiam o ar.

Meus dedos se fecharam em punhos.

- Não olhe mais pra ele, vadia! - a garota gritou - Está me escutando, novata? Fique longe do meu namorado!

- Ou o que? Eu fui pedir uma informação, mas quer saber? Vou tirar essa arrogância de você agora mesmo!

- Talvez a Srta. Hathaway nos daria a luz de seus conhecimentos?

Fui trazida para a realidade pela voz fria de Dimitri.

Mas o que...

Aí merda. Lissa! E ela estava com problemas.

- Professor, eu preciso... Ir ao banheiro - falei, começando a me levantar do meu lugar.

Os sussurros e cochichos aumentaram ao meu redor.

Minha atitude era bem desrespeitosa vista por um observador.

Eu tinha dormido na aula e quando levei uma chamada ainda tive a cara de pau de pedir pra sair.

Olhei para Dimitri tentando indicar que Lissa precisava de mim. Que eu tivera uma visão.

Dimitri franziu o cenho quase imperceptivelmente. Desejei que ele pudesse ler mentes.

Um leve brilho perpassou por seus olhos. Graças a Vlad ele entendeu!

- Pode ir.

Sai correndo como um furacão. Tropecei numa mochila deixada no corredor e empurrei a porta com tudo.

Parei.

Não sabia onde ela estava. Fechei os olhos me concentrando.

Uma onda de raiva e escuridão me preencheu, e eu arfei em choque. Nunca tinha sentido aquilo antes.

Me apoiei na parede e voltei a me concentrar.

Um quadro de avisos. Com uma folha vermelha pregada.

Comecei a correr. Uma fraqueza estranha quase me impedia de continuar. Minha respiração estava ofegante quando ouvi gritos e algazarra.

- Lissa!

Gritei, mas então senti náuseas horríveis. O chão pareceu rodar, e no segundo seguinte eu cai de joelhos no chão.

Minha vista ficou turva e, em seguida, apenas... Escuridão.

O Toque do Espírito #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora