O Toque do Espírito #Wattys2017

Capítulo Dezessete

Abri os olhos. Minha cabeça doía muito e demorei um pouco para conseguir focar minha visão.

Alguém estava agachado ao meu lado, mas a figura estava tão borrada que eu não reconheci.

- Como se sente, pequena dhampir?

Adrian!

Me sentei rapidamente, e em seguida, me arrependi. Uma pontada aguda atingiu minha nuca, e tudo ao redor começou a rodar.

Uma mão quente e macia tocou meu ombro e me forçou para trás, até que eu estava inclinada contra a parede.

- Vá devagar - ele instruiu - Respire fundo. Foi um tombo e tanto.

Acho que percebi um quê de divertimento na voz dele.

Eu tinha desmaiado? Sério? Que coisa mais fresca!

- Lissa... - tentei me levantar de novo, e outra vez ele me impediu.

Aquilo já estava começando a me irritar.

- Me deixa levantar, merda! Preciso encontrar a Lissa!

Dessa vez finalmente consegui focar meu olhar em Adrian.

Ele estava ajoelhado do meu lado, o rosto uma máscara de seriedade. Nem parecia o rapaz descontraído que eu conhecera mais cedo.

- Precisamos conversar, o Espírito é algo perigoso, Rose.

- Não agora - interrompi e me levantei, me apoiando na parede caso minha cabeça resolvesse fazer graça outra vez.

Estava tudo bem.

- Agora sim - ele teimou, também se levantando - O Espírito não é como os outros elementos. Ele precisa de um contrapeso. Seu elemento é a alma. Consegue entender isso? Alma, Rose. Seu uso desenfreado causa danos irreversíveis. Por isso você desmaiou. Eu sei o que você vem fazendo. Isso vai acabar te matando.

- Não sei do que você está falando - menti.

Eu sabia exatamente do que ele estava falando. Eu já tinha notado que as vezes quando Lissa usava seus poderes, ela ficava péssima depois.

Mal humorada. Irritada.

E eu também percebi que podia acalmá-la, "sugando" aquela escuridão pra mim.

Adrian praguejou.

- Deixe-me ajudar. Eu posso...

Um grito nos interrompeu. Nós dois olhamos para o lugar de onde ele viera.

- Sinto muito. Não tenho tempo agora.

Sai correndo. Quando virei no corredor, encontrei alguns monitores expulsando os alunos.

Dois deles seguravam Lissa que gritava e se debatia.

- Me soltem! - ela gritava - Foi ela quem começou!

- Essa garota é louca! - ouvi uma vozinha irritante e vi outra menina ser levada para longe.

Me aproximei.

- Não. Já chega, o show acabou, se não quiser uma suspensão saia imediatamente daqui - uma monitora veio na minha direção.

- Eu posso ajudar. Só me deixe falar com ela...

- Ela está instável. Sabe se sua amiga toma algum medicamento? Ela é bipolar?

- Não! - me senti ofendida.

- Vamos chamar uma ambulância e os responsáveis por ela...

- Isso não será necessário - ouvi a voz grave e que eu tanto amava soar atrás de mim.