O final da Clifton Street

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- Point Of View - Nicholas -

Acordo no dia seguinte sentindo sua ausência. Ramona não estava na cama. Me levanto e vou até a cozinha procurá-la, depois dou uma volta pela casa, nada se encontrava. Vou até Peter e me posiciono à sua frente:

- Onde está Ramona? - Pergunto;

- Ela foi embora, disse que não podia ficar muito tempo em um lugar só, por causa da polícia... - Peter está largado no sofá desenhando;

- Mas ela nem se despediu...

- Ela não queria te acordar... - Ele falou de uma forma constrangida;

- Bom... Ela tem razão, também não posso ficar muito tempo em um lugar só, vou arrumar minhas coisas.Volto para o quarto e junto as minhas coisas, coloco uma roupa e vou até o banheiro escovar os dentes, ignoro meu cabelo preto que está totalmente bagunçado e minha franja atrapalhando um pouco minha visão. Saio do banheiro pego minha mochila e saio da casa procurando um destino.

* * *

Ando pela rua meio desorientado, quando lembro que ainda não tomei café e vou até uma cafeteria. Depois de pegar meu bolinho e meu cappucino me dirijo para uma mesa.Enquanto tomo meu café observo as pessoas na rua e percebo o quanto estou sozinho. Uma mulher rica segurando seu cachorro que mais parecia um rato, um policial gordo segurando uma caixa de donuts, um grupo de adolescentes se divertindo, uma mulher de terno e gravata provavelmente indo trabalhar, uma menina com cabelos pretos ondulados vestindo um moletom com o capuz por cima da cabeça... RAMONA! Me levanto e corro para porta mas quando chego lá já perdi ela de vista...

Seis meses depois...

- Point Of View - Annabeth -

Entrei na lanchonete um pouco mais cedo que o costume. Vou até o banheiro do aposento e visto meu uniforme curto, sem precisar entrar em uma das cabines, já que estava vazio o lugar. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e coloco o salto alto preto nos pés. Saio de lá quase que desfilando, como sempre faço quando passo entre os clientes na boate. Um pé na frente do outro, postura reta, olhar penetrante. O que eu mais adoro é ver a reação das outras garçonetes, vendo que elas não conseguiriam a mesmo gorjeta que eu, nem se um raio caísse na minha cabeça. Aquilo fazia eu me sentir com poder.

Na lanchonete só tinham quatro clientes, que eu analisava com muito cuidado cada um. O primeiro era um senhor que sempre nos frequentava esse mesmo horário, pedindo a mesma coisa de sempre, um café e uma torrada. Sempre gostava de servir ele, não esquecia de me dar um dinheiro por fora da conta. Ele, todos os dias, me esperava chegar para poder pedir. E caso alguma outra garçonete perguntasse o que ele queria, o senhor sempre respondia que queria ser servido por mim.

A segunda cliente era uma mulher bem vestida, que tomava seu café em rápidos goles. Sempre que vinha tomar café aqui era apressada. Nunca tinha um tempo para descansar do trabalho.

O terceiro era um homem que usava um sobretudo preto e um chapéu da mesma cor. Ele era meio estranho, mal dava para ver seu rosto. Já tinham servido para ele somente uma água, que ele nem tinha aberto, ainda. Apenas ficava olhando ao seu redor as pessoas, e constantemente eu sentia seus olhares em mim.

E por último era um garoto loiro... C-Calma... É o garoto do clube... O que ele estava fazendo ali? Minha mão começou a suar e eu cada vez ficava mais nervosa. Sei lá, ele sempre ficou lá no fundo do clube, sempre me olhando, com o caderninho dele fazendo anotações... Agora ele estava na lanchonete que eu trabalho, sorrindo diretamente para mim, com seu caderno e caneta na mão, esperando por ser atendido. Sinceramente, eu sempre achei ele bonito, mas outras garotas já me falaram que foram se oferecer para ele, mas o mesmo recusou.

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