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Depois de me deitar fiquei a olhar para o teto, recordando os acontecimentos daquela noite. A minha mãe reagiu muito melhor do que eu pensei que ía reagir. Não sei se isto é bom ou mau. Mas acho que da próxima vez não vai ser tão compreensiva por isso vou evitar que ela me veja naquelas condições outra vez.
Pensei no discurso de Kyle. Aquilo que ele disse tocou me mesmo. Não sei o que pensar e a verdade é que também estou confusa com os meus sentimentos. Acho que me estou a apaixonar...
No meio disto tudo continuo sem saber em que é que ficamos.

Acordo de manhã suada e agitada. Acho que tive um pesadelo mas não me lembro dele.
Levanto me e tomo um banho rápido. Visto uns calções de ganga e uma t shirt cinzenta. Penteei o cabelo e calcei os Vans.
Saí e fui em direção ao prado. Como Kyle disse ontem antes de sair, esta conversa ainda não acabou.
Cheguei e esperei. Como estava a demorar muito decidi explorar a floresta. Encontrei o sentado no chão encostado a uma árvore. Levantou a cabeça e quando me viu pôs se de pé.
-Como é que sabias que eu estava aqui? - perguntou.
-Não sabia, simplesmente encontrei te.
Aproximei me sem saber bem o que fazer. Devo beijá lo? Abraçá lo? Para quem lê tantos romances já devias perceber destas coisas!
Ficámos frente a frente. Ele a esfregar o pescoço e eu a olhar para o vazio.
-Estás nervoso. - murmuro.
-Como é que sabes isso? - pergunta largando o pescoço.
-Consigo perceber.
-Tu deixas me nervoso. - admite - A minha dúvida é se também te deixo nervosa.
Dá um passo e prende uma madeixa do meu cabelo atrás da minha orelha. O seu toque é como fogo. Nervosa é pouco.
O seu olhar está fixo no meu mas eu desvio o olhar. Não quero responder nem dizer nada que me torne mais vulnerável.
-Então, deixo te nervosa? - não respondo e mantenho me firme - Será que isto te deixa nervosa? - segura me a cintura com as mãos. Tento não mostrar parte fraca. Pára! - Então e isto? - afasta o meu cabelo do pescoço e deposita um beijo na minha pele descoberta. Suspiro e logo de seguida mordo o lábio para não o fazer novamente. Mantem te firme! - Talvez isto te deixe nervosa.
Os seus lábios tocam nos meus. No início um beijo suave mas que vai ficando mais intenso. As suas mãos apertam me a cintura e puxam me mais para sim. Estamos tão perto um do outro que é como se os nossos corpos fossem um. As minhas mãos subiram pelos seus braços ficando nos seus ombros.
As nossas bocas separaram se e mergulho nos seus olhos.
-Eu deixo te nervosa. - sorri.
-Eu deixo te nervoso.
Ele sorriu mais e ía me beijar outra vez mas eu desviei o beijo e afastei me dele.
-Tu não podes fazer me isto. Beijas me mas não esclareces nada. Dizes que ficas nervoso e que não sabes o que sentes por mim mas isso só me deixa frustrada porque eu acho que me estou a apaixonar por ti e tu parece que não queres passar disto!
Tapo a minha boca logo a seguir à confissão que devia ter guardado só para mim. Agora já está e não há maneira de voltar atrás para apagar o que disse.
Decidi começar a correr até casa com velocidade vampírica.
Fechei me no quarto a pensar no quanto eu fui burra em dizer aquilo.

Passaram se três dias e não há sinal de Kyle. Eu ja sabia que isto ía acontecer. Eu declaro me ele afasta se até deixarmos de falar completamente. Parva, parva, parva!
À tarde eu estava a fazer video chamada com a minha amiga Lucinda que vive no Brasil, quando tocam à campainha. Despeço me dela e vou abrir a porta.
-A...
-Mia, ouve...
-Kyle nós já tentámos ter esta conversa mais do que uma vez e nunca chegamos a lado nenhum, só a mais dúvidas e confusão.
-Não vim para falar sobre isso. Queres jantar comigo hoje?
-Kyle?
-Olha, eu quero que isto resulte e não quero que fiques mais frustrada por minha causa por isso vou fazer as coisas como deve ser. Queres jantar comigo esta noite?

Mordida pelas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora