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Acordei sobressaltada por causa de um pesadelo. Ultimamente tenho tido muitos. Aliás, desde que me tornei vampira que não me lembro de ter tido algum sonho bom.

Estou suada e com calor por isso dirijo me à casa de banho e coloco me por baixo de um jato de água fria no chuveiro. Fico lá um tempo a pensar nos últimos acontecimentos perturbantes.

Este laço de sangue deve ser mesmo forte para eu não me conseguir esquecer do Kyle.

Gostava que tudo isto fosse um sonho e que, quando acordasse, tudo desapareceria. Eu não seria vampira, Kyle não seria o meu Progenitor. Não existiria nenhum laço de sangue que nos atraísse e iludisse. O melhor mesmo era nem sequer o ter conhecido, talvez assim eu não sofresse.

Já não vou conseguir adormecer por isso não vou voltar para a cama.

Kyle fez o que eu lhe pedi e afastou se. Às vezes ainda o via pela minha varanda à noite, provavelmente para verificar se eu estava bem. Mas como posso eu estar, quando os meus sentimentos não passaram de uma ilusão? Tudo o que eu achava que sentia e que ele sentia por mim não são mais do que uma ligação de Progenitor e Iniciada. E ele nem sequer me contou mais cedo que foi ele que me transformou! Eu tinha o direito de saber!

Sinto uma forte dor de cabeça e sei que mais tarde virá a dor no maxilar. É da fome. Sem a ajuda do Kyle não consigo caçar nada maior que ratos ou coelhos pequenos o que só me alimenta por umas horas. Também já não tenho ninguém que me traga sangue do hospital.

Estou fraca e só a viagem do quarto até à sala é dolorosa.

Tenho de fazer um esforço para me vestir e ir até ao carro. Vou tentar caçar alguma coisa, a minha pele já está demasiado fria e isso não é bom sinal.

Calço me e ando até ao carro a muito custo e é um alívio quando finalmente lá chego e começo a conduzir até ao prado.

Abro os olhos mas não me lembro de os fechar. Também não me lembro de chegar ao prado ou de chegar aqui. É estranho, pois já não me sinto tão fraca o que quer dizer que de alguma maneira eu me alimentei.

Estou deitada numa cama desconhecida, numa casa desconhecida. Pela janela vejo que estou no meio de uma floresta, e acho que é aquela perto do prado o que de alguma maneira me faz sentir mais segura. As paredes do quarto são de madeira clara como toda a mobília no quarto. Não há fotos nem nada muito pessoal. Os lençóis são brancos e cheiram a limpo.

Destapo me e levanto me devagar, pronta para uma tontura mas não aparece. Paro em frente à porta do quarto para ver se oiço algum barulho mas nada.

Abro a porta e deparo me com um rapaz em jeans claros. Sinto uma atração imediata. Os meus olhos param no seu tronco nu mas rapidamente os desvio envergonhada. Olho para o seu rosto. Tem olhos negros tal como o seu cabelo e um sorriso que me derrete em segundos. Ele é realmente muito atraente. Tão atraente que me fez conter a respiração.

-Olá! - diz ele a sorrir - Ainda bem que já acordaste.

-Olá...

Como é que vim parar?

-Deves estar te a perguntar o que raio fazes aqui. - diz ele divertido.

Fico em silêncio à espera que ele continue.

-O meu nome é Christopher, mas podes chamar me Chris.

-Mia.

-Vem comigo, Mia.

Começa a andar pelo corredor e eu sigo o até a uma sala pequena e acolhedora. Ele vai até outra porta enquanto eu me sento num sofá beje ao pé da janela que iluminava a divisão. O rapaz volta com um copo e estende mo. O cheiro a sangue invade o ar e vejo que é o que está no copo. Automaticamente olho para ele à procura de uma explicação.

-Calma! Também sou vampiro. - senta se ao meu lado e o seu joelho toca no meu, o que estranhamente me deixou nervosa - Vi te desmaiada perto do celeiro abandonado e aproximei me. Não te alimentavas à muito tempo daí teres desmaiado. Trouxe te para aqui e alimentei te. Porque não te alimentavas à tanto tempo?

-Tive uns problemas...

Ficou um silêncio constrangedor na sala e eu olhei para a janela. Gosto da sensação de estar no meio de uma floresta, entre as árvores.

-Acho que é melhor eu ir para casa. Obrigada por me ajudares. - digo eu.

Levanto me e ele faz o mesmo seguindo me até à porta.

-Eu levo te. Só para me certificar que não perdes os sentidos de novo. - disse sorrindo depois para mim.

Sorrio e agradeço.

Ele conduz e vamos no meu carro. É uma viagem silenciosa e constrangedora.

Chegamos a minha casa e Chris insiste em acompanhar me até à porta.

-Obrigada. - digo eu.

-De nada. - ele responde sempre a sorrir.

Ficámos um tempo a olhar nos. O que eu fiz a seguir eu não consegui controlar. Eu senti qualquer coisa a puxar me para ele, como se fosse um íman. Eu beijei o! Não foi ele, fui eu! Agarrei me à sua camisola, puxei o para mim e beijei o. Ele não se afastou e retribuiu o beijo, de uma maneira que dizia que era o que ele queria, que ele desejava aquilo.

Kyle. Pensei em Kyle e afastei me.

Chris olhou para mim sorrindo ligeiramente.

-Desculpa.

E fechei a porta ainda confusa com o que tinha acabado de acontecer.


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Mais uma vez desculpem a cena dos capítulos...

Ainda estou frustrada com isto tudo. Foram sete capítulos à vida!

Mas pronto, estou a reescrever tudo.

Obrigada por compreenderem.

Mordida pelas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora