Capítulo 15 - Eagle Vision

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Quando Kagami abriu a porta do apartamento não foi surpresa encontrar Momoi Satsuki com Aomine, que o avisara da visita dupla com antecedência. Tinha, inclusive, deixado um surippa para a menina, que ficaram parecendo pranchas de surf em seus pés pequeninos, diga-se de passagem.

Mas sua expressão não era das mais animadas. Nem podia disfarçar.

— Olá — ela foi dizendo animada enquanto entrava na casa.

— Olá — Kagami respondeu fechando a porta.

— Que cara é essa, Bakagami? Não se recuperou da derrota pra Shutoku até agora? — e lá ia Daiki em direção ao seu trono, digo, ao sofá, abandonando a mochila no meio do caminho — Fico uma semana fora e meu escravo não esqueceu suas obrigações. Muito bem.

Referiu-se ao travesseiro que estava sobre o sofá e a televisão ligada, com a tela do jogo preferido de Aomine pausado. Kagami apenas girou os olhos. Então voltou-se para Momoi.

— Vou começar a preparar o curry — eles tinham vindo um pouco mais tarde do que o costume — Fique a vontade...

— Posso assistir como você faz? — ela perguntou animada.

A questão surpreendeu um pouco Kagami, sua expressão ficou mais séria. Ele pensava o que poderia ser pior: deixar a menina sozinha com Aomine ou tê-la por perto na cozinha... mas qualquer que fosse a resposta não mudava o fato de que os dois era terrivelmente próximos.

— Tudo bem — cedeu. Satsuki sorriu.

Assim que foram para a cozinha Kagami começou a separar os ingredientes que usaria. Momoi sentou-se à mesa, apenas observando. Dois minutos depois o silêncio foi quebrado.

— KAGAMI!

O chamado para aumentar o volume da televisão. Taiga conhecia a rotina. Não teria paz enquanto Aomine não fizesse todas as suas exigências que terminariam com uma garrafinha de água gelada.

Só depois de todo o ritual poderia começar a cozinhar o jantar. E foi exatamente dessa maneira.

— Que saco — resmungou quando voltou para a cozinha — Ele não dá um minuto de sossego.

— Dai-chan está adorando isso tudo — Momoi afirmou o óbvio.

Taiga não disse nada. Sentiu aquela pontadinha chata de ciumes bicando sua nuca como se fosse um pássaro Cuco desde que soubera que Aomine levaria a amiga (insira aqui o gesto de dedos que simula aspas e uma careta) em sua casa. Parecia quase uma violação daquela brincadeira que pertencia apenas aos dois.

E ela o chamava de Dai-chan! DAI-CHAN! Que ridículo!

— Tem uma bela casa — a garota insistiu em sustentar uma conversa.

— Obrigado.

— Dai-chan disse que mora sozinho e cuida de tudo. E que é um ótimo cozinheiro.

— Sim e sim. Moro sozinho, cuido de tudo. E meu curry é bom, mas nos outros pratos eu fico na média — falou sem se virar. Podia sentir o ciumes nascendo como bolhas em sua pele, exatamente como o jogo que Aomine gostava tanto de jogar; e explodindo em gosmas de um rancorzinho chato contra aquela pobre garota. No momento pouco bem vinda a sua casa.

— Dai-chan tem falado muito de você esses últimos dias — ela revelou como quem não quer nada, indiferente aos pensamentos negativos de Kagami.

O ruivo sentiu sua orelha crescer e triplicar de tamanho para prestar atenção, apesar de não se virar ou parar de picar os legumes.

— É? — soou desinteressado. Toda sua postura corporal dizia o contrário.

Satsuki segurou uma risadinha. Ela era especialista em estudar os dados dos jogadores e dizer suas prováveis formas de evolução. E isso não era apenas no basquete. Quando se tem informações o bastante e conhece a natureza de um ser humano não é difícil entender sua forma de agir e definir as futuras decisões dentro de um limitado leque de opções. Mas não precisava de tanto... qualquer um podia olhar para aquele rapaz e ver que estava morrendo de ciumes dela. Característica mais útil do que a visão de águia.

Tempest (AoKaga)Onde histórias criam vida. Descubra agora