Capítulo 10 - Rotina quebrada

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— Kagami...

O ruivo ouviu o chamado preguiçoso e não se abalou. Apenas esticou a mão esquerda, pegou o controle remoto e aumentou um pouco o volume da televisão. Sequer desviou os olhos do caderno ou parou de escrever com a mão direita.

Estava sentado no chão da sala, reclinado sobre a mesinha de centro, resolvendo as lições de inglês de Aomine, o folgado deitado no sofá jogando vídeo-game.

— Kagami...

Dessa vez largou o lápis e levantou-se. Foi até o quarto pegar um segundo travesseiro, voltou para a sala e ajeitou sobre o que Aomine já usava, assim que o rapaz ergueu-se um pouco. Dois travesseiros eram melhores do que um.

Sentou-se no chão e retomou a lição. Mal respondeu duas questões e o silêncio foi quebrado.

— Kagami...

Sem reclamar levantou-se outra vez. Foi até a janela e puxou as cortinhas escuras, diminuindo consideravelmente a claridade na sala, não a ponto de atrapalhar a leitura do caderno, mas o bastante para dar certo "clima" ao ambiente.

Sentou-se no chão e concentrou-se nas respostas. Conseguiu virar a página (wow) antes de ouvir seu nome.

— Kagami...

Girou os olhos usando toda sua concentração para não perder a paciência. Ergueu-se e foi até o canto da sala pegar o aquecedor de ar portátil. Ligou o aparelho na velocidade mediana e assim que o ar mais quente se esparramou pela sala voltou ao seu lugar resolvendo exercícios.

Por quase dois minutos.

— Kagami...

Engoliu um palavrão, não ia adiantar perder a paciência de qualquer jeito. Foi até a cozinha buscar uma garrafinha de água gelada, mesmo com o clima cada vez mais frio. Ao voltar para a sala arremessou para Aomine que a pegou no ar, com um sorriso muito satisfeito.

Agora sim! O ritual estava completo. Fazia quase uma semana que estavam naquela rotina. Depois de dois dias Taiga pegara o jeito. Cada chamado era sempre para uma coisa específica, e geralmente vinha em ordem: volume da televisão, travesseiro extra, cortina semicerrada, aquecedor de ar no médio e água gelada. Então ganhava como prêmio a paz para que resolvesse as tarefas de casa até que tivesse que improvisar algo para comerem e então Aomine ia embora. Já se acostumara.

Apesar de chato e inconveniente, quando entrava na rotina podia seguir o fluxo sem se estressar ou irritar. Além disso, Taiga tinha outro assunto mais sério em mente...

— Kagami...

O ruivo soltou o lápis sobre o caderno e fez menção de se erguer, mas parou. Franziu as sobrancelhas, confuso. Aquele chamado fora inusitado!

— O que você quer, Aomine? — hesitação de dois segundos — SAMA!

— Nada. É que esse é o nome da febre que estou criando. O que acha: Kagami1 N1? Vou dizimar o mundo com ela.

Taiga fez uma careta.

— Faça como quiser — baixou os olhos para o caderno.

— O que você prefere: contágio pela água ou pelo ar?

— Pela água — respondeu sem dar muita atenção ao caso.

— Os sintomas... as pessoas contagiadas com Kagami1 N1 vão se encher de bolhas de pus e sangrar ou sofrer degeneração cerebral?

— Que jogo nojento! — Taiga resmungou — Eles deviam ser Aominezados. Isso!! Todo ser humano Aominezado vai ficar chato pra cacete, daí um mata o outro e fim.

Tempest (AoKaga)Onde histórias criam vida. Descubra agora