Capítulo 06 - Calmaria

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— Teve outra noite de mensagens de texto, Kagami kun?

Taiga olhou para o rapaz ao seu lado, Kuroko, caminhando pelo corredor do colégio. Estava tão cansado que nem teve forças para pular de susto.

— Aquele maldito não vai parar enquanto não sugar minha alma — resmungou.

— E como foi ontem?

— Ruim. Não tão ruim quanto poderia ter sido, mas Aomine se divertiu um bocado às minhas custas. E hoje ele vai lá em casa.

Kuroko não disse nada, tinham chegado à sala de aula.

Taiga conseguiu dormir a maior parte do tempo, mesmo com o professor dando uma bronca e tentando acordá-lo e o celular vibrando no bolso em intervalos intermitentes. Quando acordou, sentia-se recuperado quase totalmente. E conseguira uma roda de baba manchando as folhas do caderno...

Não fugiu de companhia na hora do almoço, dividindo uma mesa com Kuroko.

— Olha, tem quinze mensagens no meu celular. O que eu faço? — foi lendo uma por uma, desanimado.

— Diga a verdade, Kagami kun.

O ruivo lançou um olhar indeciso para o outro, analisando sua expressão, ou melhor, a falta de. Dizer a verdade? Não parecia a melhor das idéias.

— Vou dizer que esqueci o celular em casa — teve um insight pensando na solução que parecia perfeita. Só parecia, obviamente e um olhar agudo de Kuroko o fez dar um tapa na testa — Não posso usar essa desculpa! Acabou a bateria? Não. Fui preso e me liberaram sob fiança na hora do almoço...?

— A verdade, Kagami kun. Diga sempre a verdade. Você já está enrolado até o pescoço, não precisa piorar a situação inventando coisas.

— Tsc — emburrado acabou obedecendo. Kuroko estava certo, precisava admitir. Digitou rapidamente explicando em poucas palavras que dormira a manhã inteira e enviou. Esperou pelo pior.

Só então se concentrou no almoço que trouxera de casa. Ainda cozinhava pratos ocidentais, pois apanhava das receitas japonesas. E sentia certa dificuldade em acostumar-se ao sabor peculiar. Ainda tinha muito da América em si.

— Assim é melhor, Kagami kun.

— Ta bom, já entendi. Só espero que não seja mais munição pra ele me encher o saco depois. Basta ontem que ele me fez arrumar o quarto dele.

— Arrumar o quarto?

— Hn. Parecia a Faixa de Gaza de tão bagunçado. Só faltou achar uma mina terrestre embaixo das pilhas de roupa — enfiou uma porção de comida na boca e mastigou dando a impressão de que mastigava certo alguém — Limpei tudo com o cretino zoando a minha cara! E ele ainda ameaçou me obrigar a lavar o banheiro!

— Pode encarar isso como um jeito de se tornar uma pessoa melhor. É uma provação.

— Não quero me tornar uma pessoa melhor! Quero esfregar a cara dele na parede até esfarelar aquele narigão e ele ficar parecendo o Voldemort de Harry Potter!

Kuroko fechou o bento que terminara de comer e cruzou os braços sobre a mesa.

— Violência nunca é a resposta, Kagami kun.

O ruivo rosnou incompreensível, de boca cheia. Claro que não ia fazer uma coisa dessas! Principalmente por estar preso por um acordo de honra. Dera sua palavra e cumpriria até o fim. Sentia-se preso em uma armadilha. Parecia besteira nos dias de hoje, mas Taiga sempre protegia suas promessas.

— Pelo menos Aomine estava sozinho em casa, não passei vergonha na frente de ninguém.

— Aa, os pais de Aomine kun são muito ocupados.

Tempest (AoKaga)Onde histórias criam vida. Descubra agora