Capítulo 12 - Você queria?

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Vendo que Kagami parecia paralisado à porta, Aomine avançou, obrigando-o a ceder passagem. Tirou os tênis no genkan, a mochila ficou abandonada no meio do percurso, logo estirava-se no sofá que, se continuasse assim, ficaria com o formato de seu corpo.

— Oe, Kagami! Cadê meu travesseiro?

A falta de limites da cara de pau de Aomine tirou Taiga da letargia. O garoto tinha dupla personalidade? Ele ia invadir sua casa e fingir que nada acontecera? Sério mesmo?

— O que você ta fazendo aqui? — só então fechou a porta.

— Hn? Como assim?

— Como assim?! 'Cê tá me zoando, né?

Daiki sorriu torto.

— Desde o nosso um-contra-um, gênio. Só foi perceber agora? — endireitou-se no sofá, respirando fundo — Eu te ganhei em uma aposta, lembra, escravo? A casa veio de brinde. Agora seja um bom garoto e vá pegar um travesseiro pro seu dono.

— Teu rabo que você vai fazer uma ceninha como aquela e fingir que nada aconteceu!

O outro garoto franziu as sobrancelhas muito de leve, ganhando um ar pensativo. Sorriu um pouco, com certa arrogância.

— Aprendeu a lição?

— Lição? Que lição? — Taiga explodiu — Por que devolve todas as minhas perguntas? Você não responde nada? Merda!

Ver o ruivo fora dos eixos deu a Aomine uma verdadeira satisfação. Finalmente conseguira tirar um pouco da paz de espírito dele.

— Kagami, você é retardado ou o quê? — apoiou os braços nos joelhos, inclinando-se para frente. A expressão condescendente desconcertou Taiga. Não era algo que esperava em Daiki naquela situação — Eu escolhi te fazer de escravo com o único objetivo de te ensinar uma lição. Só notou isso agora...?

Taiga deixou os ombros caírem, saindo da postura agressiva. Claro que notara a brincadeira infantil de Aomine, mas na quarta-feira as coisas tinham ficado tão estranhas e confusas. Tudo era pra zombar de si? Até as palavras raivosas...?

— E aquilo que você disse na véspera da minha revanche?

Aomine encostou-se no sofá, enquanto tentava lembrar-se. Dissera algumas coisas, mas não conseguia pensar em uma específica que deixasse Kagami tão puto.

— Refresque minha memória, Bakagami.

O ruivo abriu a boca para obedecer, mas perdeu um pouco do ímpeto. Não era tão confortável assim, repetir as palavras em voz alta.

— Que eu devia pensar só em você — resmungou após alguns segundos.

— Ee? Pelo visto foi o que você fez esses dias todos — Daiki sorriu satisfeito. Por algum motivo aleatório a imagem de um gato com um rato na boca veio a mente de Kagami.

— E o que você quis dizer com isso?!!

Por um breve instante Aomine pareceu confuso. Mas logo a máscara de indiferença retornou ao seu rosto.

— Eu quis dizer exatamente o que eu disse, Kagami. Vou explicar bem devagar pra ver se você entende — debochou — Perder pra Seirin foi algo que eu não esperava...

— Ah, você jura...? — foi a vez de Kagami debochar.

— Damare. Quando você entrou na zona e me enfrentou de igual pra igual pensei que tinha encontrado um rival a altura. Mas depois... eu entendi que não perdi pra você. Eu perdi para o basquete que você jogou com Kuroko e que eu subestimei — tivera muito tempo para refletir e amargar a derrota dolorosa — Você sozinho não é capaz de me vencer, Kagami. Existe um abismo entre suas habilidades e as minhas.

Tempest (AoKaga)Onde histórias criam vida. Descubra agora