Sobreviventes

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Depois de quase quinze minutos pensando em possibilidades aleatórias de o que fazer conosco, a mulher negra que a pouco foi chamada de Marie fala com a voz mais grave.

-Ok, vamos leva-los conosco então.

-Podemos simplesmente dar um tiro na cabeça de cada um, pegarmos as coisas e irmos embora - fala um garoto que parece ter a minha idade.

-Droga Peter, já falei que eles vão conosco- grita a mulher.

Seis pessoas nos agarram empunhando nossas próprias armas, o garoto que antes falou para simplesmente nos matar me levanta, vejo meu arco em suas costas, ele coloca minha pistola sobre a minha cabeça e me empurra para fora da loja, ele é alto e usa um boné da New Era cobrindo seu cabelo meio encaracolado.
Atravessamos a rua deserta e avisto mais a frente, na esquina um pequeno micro-ônibus branco, entramos no ônibus, ele cheira a sangue e mofo, eles nos colocam em lugares separados. Durante todo o caminho sinto o olhar desconfiado dos "capangas" de Marie, principalmente de Peter. O percurso dura em media vinte minutos, pela janela posso ver as casas de classe alta, com grandes jardins cheios de folhas, algumas com paredes rachadas, mas mesmo assim não perdiam sua beleza e grandiosidade.
O ônibus para e descemos, estamos de frente a uma enorme casa de madeira de dois andares, Peter me empurra com o cano da arma para entrarmos na casa. A cada passo que dou no jardim a casa vai ficando cada vez mais e mais grande, ao entrarmos somos recebidos por um grupo de mais cinco pessoas, três homens e duas mulheres, uma parece ser mais nova do que eu e a outra é uma senhora de meia idade de cabelos compridos até a cintura.

-Quem são esses?- pergunta um garoto asiático com cabelos escorridos na testa.

-Por enquanto, nossos convidados- fala Marie atrás de mim- Peter, leve eles para o quarto de hóspedes enquanto decidimos o que vamos fazer.

Ele faz um aceno com a cabeça e passa a nossa frente, nos guiando pela longa escada de madeira que é coberta por um tapete vermelho que vai de cima a baixo, e pelo longo corredor que é repleto de quadros de pessoas que deveriam ser os antigos donos e leva a vários quartos e escritórios.

- Se eu fosse vocês ficava bem quieto, pois hoje a Marie esta de bom humor e não queremos estragar isso né?- ele fala quando finalmente chagamos ao quarto que parece ser o menor cômodo da imensa casa, no quarto tem uma janela a minha esquerda que está trancada com um cadeado, uma cama de casal com um criado-mudo ao lado, um pequeno armário e uma estante.
Ele sai com um sorriso irônico no rosto e tranca a porta. Por quase dois minutos ficamos ali parados, some olhando para o chão, podia sentir o desespero de cada um deles naquele quarto vindo à tona naquele momento, até que Mike começa a abrir gavetas e vasculhar o pequeno quarto.

- Que diabos você está fazendo?- pergunta Dylan.

-Procurando alguma coisa que possa nos ajudar a sair daqui- responde Mike com desgosto- não sei vocês, mas eu não quero morrer.

-Você não sabe se eles vão mesmo nos matar- fala Johnny entrando na conversa.

-Não quero pagar pra ver- ele responde abrindo uma pequena gaveta do criado-mudo e pegando uma caneta.
Ele se levanta e vai até o cadeado da janela e tenta a abrir com a ponta da caneta BIC.

-Talvez possamos nos juntar a eles- fala Johnny de um jeito meio inocente, Mike para de tentar abrir o cadeado e se volta pata Jonathan que está sentado no chão, sento na cama e Claire está em pé na minha frente com a pele meio pálida.

-Droga Jonathan, essas pessoas roubaram tudo que tínhamos e colocaram nossas próprias armas nas nossas cabeças nos ameaçando de morte, e você quer se juntar a elas?- ele pergunta com os olhos cheios de raiva.

- Exatamente, estamos sem nada, se essa sua caneta magica nos ajudar sair não vamos durar nem até a proxima esquina...-eles continuam brigando e me distancio da briga por segundos e tudo fica lento, abaixo os olhos para Claire e à vejo caindo lentamente no chão como uma boneca de pano, corro até ela que começa a convulsionar, pego ela entre os braços e começo a me desesperar, eles continuam discutindo e uma raiva enorme percorre meu corpo.

-CALEM A PORRA DA BOCA- o som das minha voz ecoa entre as paredes do quarto e todos me encaram, me volto para ela que lentamente para de convulsionar mais continua tremendo, Dylan se aproxima e vê Claire aninhada nos meu braços, Mike também se aproxima e ao ver Claire algo muda em seu olhar ele caminha em direção a porta e começa a soca-la gritando: ABRAM A PORTA!!
Ouvimos passos subindo as escadas, caminhando pelo extenso corredor, quanto mais Mike batia na porta e gritava mais passos escutávamos, parece que uma eternidade se passa até a porta se abrir.

-Que droga está acontecendo aqui ??- pergunta Marie com uma AK-47 nos braços, me levanto com Claire nos braços e vou no sua direção.

-Por favor, por favor, nos ajude- falo com os olhos cheios de água, ela olha para a menina nos meus braços e por um segundo vejo que ela entende meu desespero. Ela chama o menino asiático que pega Claire no colo e desce as escadas, ele a coloca deitada no sofá caro e começa a examina- la, vou para a cozinha que é perto da sala, por incrível que pareça toda a casa está em perfeita ordem, vou atras de um copo de água e me lembro do meu estranho sonho e automaticamente lagrimas caem dos meu olhos lavando meu rosto, Dy aparece do meu lado e segura à minha mão, ele está com os olhos vermelhos.

-Relaxa, a nossa menininha vai sair dessa- ele fala passando as mãos nos meus cabelos, o abraço e quero de mais acreditar naquilo, mas não consigo.

Voltamos para a sala e o menino que parece ter dezenove anos se levanta e caminha na nossa direção ele estava falando com Johnny e Mike que agora estão com as maos afundadas no rosto.

-Melhr se sentarem... As notícias não são boas.

O Dia Depois De AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora