Pare O Mundo Que Eu Quero Descer

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Os minutos seguintes foram piores que os anteriores, e cada minuto que passava ia ficando cada vez pior e eu queria que o mundo parasse para eu poder descer dele, pois não aguentava mais aquele inferno. A caminhonete tem cheiro de carne morta e cigarros, depois de tanto olhar para o retrovisor me concentro na estrada que está vazia, uma antiga estrada de terra por onde caminhava todos os domingos. O tempo começou a fechar e nuvens escuras começam a aparecer, olho para o banco de trás onde estavam os arcos e as bolsas, peguei meu arco e comecei a observa-lo, vendo cada misero detalhe e imaginado quanto tempo ele deve ter gastado para fazer uma obra de arte dessas, essa obra que não seria mais usada para caças matinais ou diversão, ele seria usado para matar seja o que for que estamos enfrentando, lembrei-me do Rick e como os arcos siguinificavam muito para ele, dos bons momentos que passamos juntos, depois veio a cena de Jack atirado no chão com aquelas coisas o mordendo e Ângela a mais doce das freiras que também foi tirada a vida brutalmente sem que seu ultimo desejo fosse realizado.
Jonathan me vendo chorar novamente tirou suavemente sua mão do volante e segurou a minha com firmeza, olhando nos meus olhos falou:

-Nos vamos sair dessa, eu prometo- seus olhos verdes água encontraram com os meus e agora eu sei que ele foi a única coisa que me restou, que temos um ao outro. Naquele momento eu tinha muitas incertezas, iriamos chegar ao hospital hoje? Se não, onde passariamos a noite? Será que temos comida suficiente? Mas eu tinha apenas uma certeza, que eu não deixaria mais ninguém que eu amasse morrer, e isso foi uma promessa.
Chegamos finalmente na cidade, estacionamos a caminhonete e olhamos o mapa, onde estava o hospital tinha um grande círculo vermelho, discutimos qual seria o caminho mais rápido para chegar , mesmo com o caminho mais rápido demorariamos muito para chegar e chegaríamos a noite, então decidimos achar uma casa desabitada e passarmos a noite e no outro dia de manhã iríamos até o hospital.
Ele ligou a caminhonete novamente e saímos, tentamos chegar o mais perto do centro, assim no outro dia seria mais fácil chegar até o hospital, durante o caminho vimos vários bichos que vagavam lentamente, a cidade parecia ja estar desabitada mesmo assim ainda vimos pessoas ensanguentadas correndo ou pequenos grupos de mordedores em volta de alguma coisa que um dia deve ter sido uma pessoa. Chegamos a um antigo bairro de casas de classe alta, escolhemos uma casa de dois andares, pois assim teriamos visão ampla de quase todo o bairro. O portão estava aberto, subimos um pequeno lance de degraus, a porta também estava destrancada a sala estava uma bagunça como se um furacão tivesse passado por , provavelmento os donos devem ter saido as presas ou pelo menos tentado mesmo assim resolvemos checar, fiz um sinal que cuidaria da parte de cima e ele ficaria com a de baixo ele concordou caminhando para a cozinha. Fui subindo lentamente cada degrau, uma coisa que aprendi com a morte do Jack foi que esses malditos podem ser lentos mas escutam bem, ao chegar ao topo haviam três portas uma única para a esquerda que aparentemente era o quarto principal e outras duas para direita uma delas estava aberta e fui nessa primeiro, era um quarto com todas as paredes pink, caminhei até a cama que estava toda arrumada comparada ao resto da casa, em cima dela bonecas devidamente postas por ordem de tamanho, de repente algo me agarrou deixei meu arco cair então vi uma pequena garota que agora também é um monstro e estava de todo o geito tentando arrancar um pedaço do meu braço, a empurrei com todas as minhas forças ela caiu no chão peguei meu facão e pulei em cima dela ferozmente furando o crânio da menina que tinha cabelos loiros e lisos, compridos ate a cintura mesmo com ela ja morta continuei esfaqueando sua cabeça, chorando e gritando muito

- Fique longe de mim!!! - contuava a esfaquear o pequeno crânio ja dilacerado- fique longe de mim...-Jonathan apareceu e me arrancou de cima da garota

-Ela te mordeu?-eu estava em choque mas ele estava apavorado

-Não, eu estou bem, ela não me mordeu- ele me deu um forte abraço e respirou mais suavemente.

Terminamos de revistar a casa e no fundo achamos os pais da menina e Johnny cuidou deles, finalmente começou a chover, uma chuva que parecia que iria destruir o mundo, fomos durmir na sala perto de uma enorme lareira, achamos um isqueiro e a acendemos junto com algumas velas, fui para a cozinha tentar fazer uma daquelas comidas enlatadas e acabamos por comer bem. Subi até o quarto principal e tomei um banho a água estava muito gelada mas pelo menos deu para eu tirar o sangue da menina do meu rosto e das minha mãos e conseguia me lembrar exatamente como à matei, como um animal, sei que fiz o certo pois a partir de agora é somente questão de sobrevivência, então por que estava com a consciência tão pesada? então me toquei, foi a primeira vez na minha vida que havia matado uma pessoa.

O Dia Depois De AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora