Invasão

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Um mês, não acredito que se passou um mês desde que chegamos aqui. Me lembro como se fosse ontem quando chegamos, uma enorme muralha e luzes do outro lado, parece besteira mas até senti um bom pressentimento sobre o lugar.
Me levanto da cama do pequeno quarto que tem paredes roxas, Johnny dorme em um sono pesado ao meu lado, vou para a cozinha tomo um copo de água, coloco meu tênis e prendo meu cabelo em duas tranças como antes. Saio de casa, olho para o meu relógio são 09h30min, ando pelas ruas calmas e seguras da cidade, na verdade nem tão seguras assim, a muralha conta com algumas falhas na barreira que nos faz gastar mais tempo e munição com os carniceiros, é como chamamos os zumbis por aqui.
Passo na frente de uma antiga loja de discos que agora esta com as janelas quebradas e nelas foram colocadas pedaços de madeiras que já estão podres, um velho homem com um chapéu na cabeça e um banjo nos braços toca uma desafinada canção, ele toca com tanta dor e paixão como se aquela fosse a ultima música de sua vida. Passo por ele e dou um leve aceno com a cabeça que ele retribui, continuo andando indo para meu destino, as casas são quase todas do mesmo tamanho e tem praticamente as mesmas coisas, água, luz, camas, sala, etc.
Na cidade moram aproximadamente cem pessoas, na verdade a cidade são apenas ruas que por cima delas foram passadas um muro que mantem nos e os carniceiros de lados opostos. Assim que chegamos já nos designaram trabalhos que é pra onde estou indo agora, Mike é Dy ficaram no grupo de Reconhecimento que descobre novos lugares pro grupo de Ataque invadir e pegar o que for útil, ou se o grupo de Reconhecimento achar sobreviventes ele deve informar o grupo de Acolhimento que foi no que fiquei junto do Johnny, rondamos as áreas próximas em busca de sobreviventes como nós. Ao final do mês cada casa recebe uma cesta com suprimentos e coisas básicas, porem se você fizer horas extras pode pegar outras coisas como, artigos pra casa, armas, cordas, etc. Durante todo o mês temos direito a três folgas, hoje o Johnny esta de folga por isso estou caminhado até o outro lado da cidade sozinha, até a nossa cede que é uma casa de madeira um pouco maior que as outras, nos encontramos lá e decidimos para onde vamos, lá tem algumas armas, um radio e um mapa gigante de toda a cidade. Summer trocou de grupo assim que o de Acolhimento foi criado, e mesmo tentando de todos os jeito não me apegar a doce Summer é tipo uma missão impossível, aquele jeitinho acolhedor dela me faz eu sentir sempre a vontade.
Viro a esquerda e já à vejo em pé, em frente ao portão verde musgo acenando pra mim.

-Sempre pontual em Han- ela fala abrindo um largo sorriso matinal assim que me aproximei

-Pois é, é uma das minhas técnicas de sedução - respondo rindo.

-Ah, então foi assim que você conquistou o Dy?- ela me pergunta enquanto coloca sua mão em cima dos olhos para se cobrir do sol que já vai ficando mais forte- Ou, você ouviu falar do comunicado que vão dar na quadra hoje?- ela pergunta já sabendo a resposta

-Não, que comunicado?- pergunto curiosa

-Falaram que é tipo uma reunião, e que até o próprio doutor vai se pronunciar- dou uma gargalhada sarcástica, o doutor nunca sai daquele laboratório no subsolo, ele é como um rato escondido dentro da toca.

-Quem te falou isso? Aquelas velhas fofoqueiras que acham que sabem de tudo?- continuamos andando e avistamos a casa de madeira mais a frente

Entramos na casa e já tomamos nossos lugares na ponta da enorme mesa, nosso grupo vai chegando aos poucos e por fim nosso líder Leonard se pronúncia.

-Bem gente o grupo de Reconhecimento viu algumas pessoas na zona oeste, perto da floresta e é pra lá que vamos hoje. Mas antes temos una reunião na quadra principal, ninguém sabe o assunto mais fomos alertado que é de extrema importância que estejamos todos lá- olho pra Summer que me encara com um olhar que diz: "Eu te avisei".

Leonard termina o discurso e saímos marchando em direção a quadra, os dias de frio já se foram a algum tempo e agora o calor e o sol predominam. A "reunião" esta marcada para as 11h00min, por isso caminhamos se presa pelas largas ruas que um dia foram lotadas de crianças que jogavam bola e se molhavam em dias de calor como esse. Chegamos à quadra e ela já esta lotada, avistam os os meninos na parte de cima da arquibancada, nos separamos do nosso grupo e vamos nos sentar perto deles, Dylan e Johnny estão com caras de sono e cansaço e Mike esta com um humor péssimo. Mais dez minutos se passam até que Miyuki aparece com um pequeno microfone nas mãos
Miyuki é o braço direito do doutor Frank, é uma das pessoas, se não a pessoa mais inteligente que eu conheço, apesar de muitas vezes ser arrogante sei que ela quer tanto quanto qualquer um o bem da nossa frágil sociedade

-Convocamos essa reunião para passar um comunicado que vai mudar a vida de todas as pessoas que aqui moram, mas quem vai dar essa magnífica notícia não serei eu, mas sim o Dr Frank, fundador e criador de Beriland- ela termina batendo palmas e é seguida por todas nas arquibancadas, atrás dela aparece um velho homem, de jaleco, óculos circulares e rosto cansado, ele se aproxima e pega o microfone.

-Por diversas vezes pessoas me perguntaram por que o nome da cidade é Beriland, e a única coisa que eu respondia era: "Um dia você saberá amigo". Bom esse dia chegou. Nunca falamos ou incentivamos vocês a acreditarem em uma cura, pois não queríamos dar falsas esperanças- ele da uma pausa, todos estão em um silêncio mortal, prestando total atenção no homem que esta no centro da quadra- Nessa região existe uma pedra preciosa chamada Berilo que foi de total importância para o começo das pesquisas em busca de uma cura- ele olha para o chão dando uma pausa e mesmo com os óculos, mesmo a uma certa distância posso ver que ele esta emocionado- Depois de tanto esforço posso dizer a vocês, cidadãos de Beriland, achamos uma cura

Ninguém fala nem somente uma palavra, estou tao perplexa que não sei que reação ter, é como se o impossível estivesse acontecendo.

-Porém, uma cura não pode ser criada do dia pra noite, mais testes serão feitos, e é de extrema importância que vocês saibam que essa cura não servirá para vocês, mas sim para as futuras gerações, pois o vírus benéfico que injetaremos em vocês tem de se acostumar com as suas células, pois todos nós aqui já estamos infectados, o vírus maligno que esta em nós só consegue se manifestar a partir do momento em que morremos, por isso a cura passara somente para as futuras gerações, que já serão imunes e passarão para as próximas e próximas gerações, até que quem sabe um dia tudo volte aos eixos. Mas por enquanto temos que manter a cidade lacrada e nos manter vivos até que a cura esteja pronta.

Assim que ele sai pessoas começam a gritar e aplaudir como se tivessem saido do transe e finalmente se tocado que a nossa futura geração pode ser imune e quem sabe tudo volte ao normal, olho para Summer que se levanta e começa gritar como se fosse final da copa do mundo, me levanto e também começo a gritar e rir, abraço Summer que continua a gritar, depois Dylan e Johnny começam a pular como crianças, e Mike continua sentado ainda pasmo, mas nossos gritos de felicidade são interrompidos por um voz fina que fala pelo microfone que devemos voltar as nossas tarefas.
Aos poucos a quadra vai esvaziando e os grupos aos poucos voltando aos seus trabalhos habituais, nosso grupo se junta no portão de entrada e as regras são repassadas novamente, antes de sairmos escuto muitos tiros vindos da parte norte da cidade, mas aparentemente não é nada de novo, já que a muralha está com falhas. Saímos e vamos na direção oeste, andamos por mais ou menos vinte minutos até que uma enorme e espessa nuvem de fumaça sobe, tiros são escutados, mas esse não é o pior, o pior é que a fumaça está vindo da nossa cidade, estamos sendo invadidos.

O Dia Depois De AmanhãOnde histórias criam vida. Descubra agora