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Talita estava arrasada, tinha acordado cedo naquele dia pra ligar pra ele, era quinta feira e sabia que seria o penúltimo dia do curso. Ele estava elaborando um prato pra apresentar como prova final.
Mas quando pegou o celular, resolveu olhar o site sobre a noite carioca. Ela teve que ler umas 50 vezes pra acreditar no que estava vendo.
Rafael, conversando com uma loira ao pé de ouvido, parecia íntimos, Talita sentiu uma dor física quando leu a manchete.
Sem querer saber do horário que era o Brasil ligou pra ele, que atendeu depois de uma eternidade pra ela, com a voz meio grogue. Talita somou dois mais dois e chegou às suas próprias conclusões.
Estava com muita raiva e muito magoada, ela se conhecia e sabia que quando estava nesse estado ela falava coisas que se arrependia depois. Mas naquele momento não queria saber de nada, só de descarregar toda sua decepção nele. Depois de desligar o telefone ela saiu em direção que nem ela sabia, só sabia que queria fugir dele, dela, da frustação e raiva que estava sentindo naquele momento.
Ela não queria saber de explicações, a situação pra ela estava clara. Tinha imagens...
Depois de umas horas andando aleatoriamente ela chegou numa praia, tirando as sandálias foi sentir o mar, ficou andando na beira e pensando em tudo que tinha vivido com ele.
Foram momentos maravilhosos, que ela guardaria pra sempre na memória, mas sabia que tinha se perdido algo nessa desconfiança que estava passando. Não queria isso pra si, não queria viver uma vida sobressaltada com o próximo passo que daria..
Rafael a tinha pedido em namoro. Mas não falavam de futuro, eram jovens, talvez fosse cedo pra ele. Mas ela já sabia o que queria, e com certeza não era essa vida de incertezas. Sem se aguentar mais sentou na praia e deixou o pranto vim. Ela chorou pela promessa de um amor intenso que estava se desenhando. Chorou pela confiança quebrada, pela perda do que poderia ser...
Exausta das emoções, Talita pegou um táxi e deu o endereço do hotel. Precisava de um tempo pra colocar as idéias em ordem, antes de falar em definitivo com ele. Mas isso não seria hoje, não nesse dia, não ainda...
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Rafael passou o dia atrás dela, sabia o hotel que ela estava e ligou pra recepção pedindo pra falar no quarto. Uma das modelos que morava com ela o atendeu, secamente e disse que ela tinha saído e deixado o celular. Praticamente de mãos atadas, Rafael mandou várias mensagens de texto pra ela, explicando quem era a loira, e o que tinha acontecido.
Ele estava magoado também com a desconfiança dela. Ele nunca que tinha precisado se explicar pra nenhuma namorada, podia soar arrogante, mas ele não tinha passado por essa situação, de correr atrás de alguém.
A noite chegou e ele foi trabalhar totalmente desnorteado ainda. Não tirou o telefone do bolso. Mas não teve nenhuma ligação dela. Deu uma escapada e fez novamente a ligação e deu caixa de mensagem de novo.
Irritado, passou a mão no cabelo e bateu com a outra na mesa.
- Droga, droga, droga - exclamou, inconformado.
Naquela noite mal conseguiu descansar. Na manhã seguinte, estava um trapo, mas reuniu forças pra ir pra última aula e fazer seu prato.
Sabia que não tinha sido bom, não estava com ânimo, nem inspiração pra cozinhar, seu estado de espírito não era dos melhores.
Após o término e das felicitações aos pratos escolhidos, o chef chamou Rafa num particular.
- O que aconteceu com você hoje meu rapaz, tinha certeza que você ficaria entre os melhores.
Rafael um pouco decepcionado consigo mesmo, não deu uma explicação plausível.
- Não sei... hoje não tá sendo um bom dia pra mim, acabei deixando influenciar na hora de cozinhar.
- Sei... mas bola pra frente Rafa, você foi excelente no curso todo, um dos melhores com quem já trabalhei... com certeza vai ter muito sucesso na área.
Rafael recebeu o elogio com pouco entusiasmo. Nada parecia ter sabor naquele momento.
Se despedindo da turma, partiu no rumo de casa, estava entrando num estado de aflição sem notícias dela.
Mal abriu a porta e recebeu uma mensagem de texto dela.

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