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Capítulo 47

Depois de voltar da pista com uma de suas amigas, Rafa sentou em um dos pufs espalhados pelo camarote. Com seu copo na mão ele não conseguiu mais segurar seus pensamentos...estava sofrendo, Talita ainda era uma realidade pra ele. Não tinha superado o término, ele nunca passou por uma situação dessa, era tudo novo pra ele, ela ter terminado, ele ter que correr atrás, sim, porque ele iria correr atrás dela. Mas tinha percebido que seu desejo por ela, nesse momento não seria a melhor das estratégias. E ela estava muito magoada e desconfiada com ele.
Pelo pouco tempo que passaram juntos Rafael entendia esse receio dela, ela não tinha se aberto totalmente pra ele sobre seus outros relacionamentos, mas ele tinha percebido que ela nunca teve segurança neles, nunca tinha se sentido verdadeiramente amada... estava lá, mergulhado em pensamento quando um dos amigos veio ver se ele estava bem.
Rafael sem se segurar começou a falar das suas aflições momentâneas.
JV ouvia ele, de vez em quando dava uma ou outra opinião, ele nunca tinha visto Rafa naquele estado por uma mulher, ele era o galã da turma, chovia mulher pra ele, e hoje, apesar de várias terem chegado, ele não se interessou por nenhuma.
- Você tá arriado por essa mulher cara.
- Porra, nem me fale. Eu só penso nela, o foda é ela me julgar, e esquecer todas as coisas boas, todas as manifestações verdadeiras e puras que tive por ela... porra... amo ela tá ligado... me julgar por um ato que eu não fiz, tô pagando por uma fama que não tenho orgulho de sustentar...porra cara vocês me conhecem, se eu tô com alguém eu sou sério. E a Talita... é só ela que eu quero, só ela...
JV viu seu amigo ali, arrasado, entornando todas, naquele momento não adiantava falar muita coisa pra ele. Ele bem sabia que ele não estava em seu estado natural. Tentando animá-lo e deixar esse papo pro dia seguinte JV o leva novamente pra pista, seu amigo precisava de distração no momento, e eles estavam ali pra apoiá-lo.
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Talita saiu cedo na segunda em direção à escola de aviação, tinha passado um final de semana de ressaca, apesar de não ter bebido, era uma espécie de ressaca emocional.
Já tinha aceitado a um tempo que não tinha esquecido Rafael, só queria não sofrer essa dor, quase física de necessidade dele.
Seu dilema era que precisava de segurança, só ela sabia a vida de incertezas e falta de amor, em relação ao sexo oposto que tinha vivido.
Sua experiência vinha desde o abandono da principal figura masculina que um mulher poderia ter na vida, seu pai. Passando por dois relacionamentos em que seus parceiros talvez não achassem que valeria a pena o esforço de ficar com ela.
Sabia o que queria, estava com quase 26 anos, ela queria amor sim, mas queria a segurança de um relacionamento, não pensava em casamento, pensava em amar e ser amada e isso ela viveu com Rafa, por pouco tempo. A distância provou que eles separados não dariam certo... Talita sentiu a familiar pontada de tristeza quando pensava nisso.
Não seria justo com ele exigir essa segurança, e também ela queria que fosse espontânea a entrega. Não que ela falasse algo. Ela era confusa, bem sabia, mas era esse seu jeito de ver as coisas...na sua confusão emocional, que ela achava seu próprio equilíbrio. Deixou seus devaneios de lado quando chegou na escola e se preparou pra voltar à rotina.