Capítulo 4- Cinzas.

109 12 6
                                    

-O-o-o-onde estou?? Estou sonhando? Há quantos dias estou presa aqui? Onde ele está?....(Quando Maya abre os olhos, ela se vê em uma prisão escura, quente e úmida, junto com várias outras mulheres e crianças. As condições de higiene não existem, estão todos sujos e o cheiro de fumaça vindo de fora é sufocante. Ela então pensa: - Queria tanto estar com ele... O rapaz dos meus sonhos, ele sente tanto frio.... Ele precisa tanto de mim..... E eu tanto mais dele......o que estou sentindo? A marca na mão dele é igual a minha......esse calor insuportável dentro do meu peito....seria isso .....amor? Mas eu nem sei se ele existe....suas lágrimas brotam de frustração. Ela fecha os olhos novamente, na esperança de um sono que não virá....)

De repente, um rangido enferrujado de portão se abre acima da prisão. E passos descem a escada. Sombras escuras formadas pelas tochas presas na parede de pedras se movem através do labirinto das masmorras, chegando de frente à cela dos reféns.

-Maya!!!! (Ela ouve seu nome, mas não abre seus olhos. Está apavorada demais. Cerra ainda mais os olhos, desejando aquilo ser um pesadelo. Chora baixinho)

-Princesa Maya Al-khabir!!! Mostre-se!! Sabemos que está aqui! Nosso general ordena!!! (Ela pensa: Não! não! não! Fique quieta e eles irão embora!)

-O oficial responsável por buscá-la fica impaciente e, preocupado com a reação de seu general, que não admite demora no cumprimento de suas ordens.

-Princesa, mostre-se agora!!............(silêncio) Soldado, pegue aquela criança ali no canto. Agora! (O soldado pega pelo braço um garotinho de cerca de 5 anos, com o cabelo castanho, liso e olhar desafiador. O menino se debate com toda a força e não chora. Ele grita: - Me largue, seu monstro!! Ou eu, eu, eu (Ahhhghhhhh!!!) O oficial pega-o pelo cabelo e coloca a faca em seu pescoço.

-Última chance, princesa. Mostre-se ou...

-Aqui!!! (Disse a princesa. Antes, tinha secado suas lágrimas. Não admitiria mostrar fraqueza ao inimigo.) Solte-o!!! Apenas solte-o!!! Leve-me ao seu general....

O sultanato de Tahariya, ao longo de séculos, tem se firmado como o mais próspero de todo o continente de Drakhar-Numary. Com grande área física, mas com parte cultivável resumida a toda a área do oásis de Luxor e a margem norte do rio Ranma(Este o maior rio do continente, banhando de bênçãos vários países e salvando da fome incontáveis famílias). Ranma significa primeiro raio de sol, nas línguas do oriente. E verdadeiramente ele é um raio de sol no destino dessas famílias. E se olharem todos os dias pela manhã em direção ao seu curso, é isso que eles receberão, o primeiro raio de luz do dia. Tahariya acaba se tornando a capital da prosperidade na região central de todo o continente. Com todas as suas tamareiras nativas e criações de caprinos. Seus lagos e lagoas artificiais e naturais, fornecendo peixe e água doce. Suas plantações irrigadas de toda variedade de vegetais, principalmente legumes e frutas. Além de seus famosos parreirais, de onde sai o melhor vinho de todo o mundo conhecido. Somando-se ao oásis, temos toda a planície inundada do rio Ranma que ,com sua fertilidade, todo ano renova suas plantações de vegetais, principalmente de cereais ,pois, estas são o cerne da alimentação da população e seus pastos paralelos ao rio para criação de bovinos, fornecendo a carne junto com o peixe, grande riqueza do rio.

Os deuses cultuados aqui são o pai, a mãe e o filho. E a forma de segui-los é diferente. Mas, apenas em questão de ritualística, com muito mais dança e ornamentação. Os deuses originais são os mesmos do ocidente, mais austero. No oriente, mais distante do julgo de Amra, eles nunca acharam que ele tentaria impor sua doutrina....se enganaram....

Quando a princesa saiu pelo portal da prisão, inicialmente ficou ofuscada pelo contraste da escuridão onde estava e o sol escaldante de meio dia do lado de fora. Mas, aos poucos, quando sua visão voltou ao normal, o desespero tomou conta da sua alma. O cenário era catastrófico. As casas e prédios, que ainda estavam de pé, estavam em chamas. Crateras gigantescas em toda parte, muitas ainda fumegando. Corpos já em decomposição pelas ruas, alimentando os oportunistas abutres. Fileiras de pessoas acorrentadas, seguindo para as masmorras, para depois serem escravizadas e brutalizadas em benefício do império de Amra.

AS CRÔNICAS DOS TRÊS CAMINHOS:                O NASCIMENTO DOS HERÓIS.Onde histórias criam vida. Descubra agora