Capítulo 9B - Um grito de desespero...e de esperança

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-Hehe....não se lembra da minha voz? Eu fui contra sua ida amanhã com a gente. Pensei que ficaria com raiva de mim, mas, mesmo assim ajudou meu príncipe, e por isso lhe agradeço....(E das sombras sai o general Cedric. Will percebe melhor suas feições: 1,80 metros, muito forte e largo, mais velho beirando os 40 anos, cabelos ruivos salpicados de muitos fios brancos, olhos acinzentados com várias queimaduras e cicatrizes de batalha no rosto. Ele está vestindo um robe verde musgo grosso)você não sente frio rapaz??

-Não...não sinto frio. E também não fiz nada por Arthorius, oque disse é a pura verdade...

-Está me dizendo que aquele teatro todo lá em cima foi verdade? Não me faça rir....olhe rapaz...já conheci charlatões bem melhores que você se fazendo passar por escolhidos de todas as formas, não me venha com essa........

-Olhe Cedric, não espero que acredite em mim. Nem eu acredito que estou aqui, me sinto um nada perante a pessoas tão formidáveis, mas por favor, deixe-me ir com vocês, meu coração me chama para o norte, tenho fé que meu destino está lá....

-Fé.....hehe.......minha fé praticamente se acabou rapaz.......(E Cedric olha para o nada na imensidão de Athlaltec entristecido)

-Perdão Cedric, sinto que sofre.......poderia me dizer oque tirou sua fé? (Cedric olha para o rapaz com seu rosto de pedra e vê sinceridade e preocupação genuína com o próximo e resolve lhe contar sua história)

-Bom meu rapaz, desde quando nasci meu reino está em guerra com as forças de Amra. Meu pai era comandante nas forças do grande rei Arthorius I ,cresci numa época de guerra e medo. A guerra nos fazia passar dificuldades e o alimento era racionado, mas nosso medo não era da guerra ou da fome, pois somos soldados treinados desde jovens, mas sim das sombras vindas do céu, nossas mães sempre diziam que se víssemos as sombras no chão devíamos correr e nos proteger senão seríamos levados embora para nunca mais voltar. Umas duas ou três vezes eu vi amigos de infância desaparecerem praticamente na minha frente sem entender oque eram aquelas coisas semitransparentes com asas, mas eu corria e me protegia e assim sobrevivi me tornando soldado do exército de Celtia com 16 anos. Quando me casei tinha 20 anos e amei minha mulher mais que tudo na vida, seu nome era Amara..........(Ele olha para o outro lado e faz silencio por um instante.) 9 meses após meu casamento já nasceu minha primeira filha Ana e foi um dia de jubilo para nós...mas eu ficava muito tempo fora, combatendo nas montanhas de ferro ou até mais a norte as forças de Amra ou bandidos que insistem em assolar nossas terras, e um dia me veio a mensagem que sempre temi....minha filhinha tinha desaparecido brincando no quintal de casa......(Ele olhou para Will e seu rosto cheio de cicatrizes se contorcia de tristeza e ele protestou: ) ela tinha só dois aninhos, só dois!!! Oque eles fizeram com ela??? Penso nisso todos os dias!!!.........(ele segurava a mureta com tanta força que parecia que iria arrancá-la, com raiva olhando para a frente respirando com a força da revolta...ele se recompõe e recomeça...)A minha tristeza foi infinita, mas, o pior ainda estava por vir; minha esposa, meu grande amor, entrou numa depressão profunda que levou anos para se recuperar, mas graças aos deuses depois muito tempo a alegria retornou a nosso lar e ela estava grávida novamente, eu já tinha 25 anos nessa época, alguns meses depois nasce meu primeiro filho homem, Cedric o segundo do seu nome, meu renascimento e alegria da nossa casa, minha esposa estava radiante, brilhava como uma estrela, e eu era só orgulho. Abandonei as fronteiras e fiquei perto de minha família, meu filho crescia forte e tivemos todo o cuidado de vigiá-lo para não termos novamente aquele destino terrível, mas foi exatamente o ótimo treinamento e aconselhamento que demos que o tornou um rapazinho de 9 anos honrado e preocupado com os amigos. Essa foi nossa ruína......ele já estava praticamente fora de perigo de ser levado quando num dia que eu estava fora com uma tropa de soldados perseguindo bandoleiros nas estradas próximas, ele resolveu sair para o quintal e do outro lado do muro estavam algumas crianças pequenas com idade entre 2 e 3 anos, ficou ali observando-as brincando quando ele viu duas sombras crescendo no chão ao lado das crianças....ele ao invés de fugir como foi ordenado a fazer sempre que visse as sombras, começou a gritar para as crianças para saírem dali e os pais estavam despreocupados dentro de casa sem ouvir seus avisos.....impaciente, ele correu e pegou dentro de nossa cozinha uma grande faca de destrinchar cervos extremamente afiada, voltou para fora e viu aterrorizado que um dos monstros já estava levando uma das crianças, mas a outra tinha se esquivado do segundo monstro ganhando um pouco de tempo.....nunca imaginei que coragem e honra fossem ser minha ruína no fim das contas....hehe.......(Cedric faz outra pausa e olha para o lado novamente e seu rosto se contorce novamente com tantas cicatrizes, ele passa as costas da mão nos olhos tentando disfarçar e continua.)na segunda investida do monstro em direção á criança ele saltou o muro e correu em direção ao ser alado, quando o a aberração pegou a criança, ele deu outro salto e cravou a grande faca nas costas do monstro que soltou um guincho gutural altíssimo que todos ouviram nas redondezas, inclusive eu que estava voltando da minha busca. Eu vi que o grito vinha da direção de minha casa e esporeei o cavalo imediatamente temendo o pior, quando cheguei era o pior mais um pouco; fiquei desesperado com a cena de meu filho agarrado ás costas do mostro com a faca cravada, e o ser com as asas batendo de forma assimétrica, peguei o arco na bainha da cela e coloquei a flecha, o monstro voava a 2 metros do chão com dificuldade devido á faca nas costas, soltei a flecha que se cravou em seu peito e o animal caiu com meu filho, vi que ele se feriu, pois, tentava se levantar e não conseguia. Saltei do cavalo e corri como louco!!!! Meu deus!!! Eu corri...........não saltei a cerca de madeira do fundo, destruí-a com o ombro sem parar de correr tal meu desespero, saquei inferno, minha espada companheira presente de Merlin e dois outros monstros desceram para pegar meu filho, pois ele tinha 9 anos e era mais pesado, passei meu dedo em inferno e ela se acendeu! Os monstros me olharam em desespero!!! Eu saltei e dei a volta no corpo de um monstro com as pernas passei inferno em seu pescoço e mais um corpo monstruoso caiu. O outro monstro me atacou com as patas fazendo os cortes que vê em meu rosto mas eu agarrei um pé do monstro e o cortei cauterizando o corte de imediato, e ele se soltou deixando sua garra na minha mão num grito!!! No meio de seu grito eu estava cego pelo sangue, tentava limpar mas não conseguia, só vi o momento que mais monstros desceram, e pegaram meu querido filho! Eu me desesperei e saltei sem ver em direção aos monstros me agarrei a um que estava subindo e furei suas costas até chegar ao cabo soltando a densa fumaça férrea de sangue queimado e caímos juntos de uma altura de pelo menos 15 metros. Acordei minutos depois gritando: filho!!! Filho!!!! Filhooo!!!!! Tinham algumas pessoas a minha volta e vi com desgosto que matei o maldito que já havia arrancado o pé antes, pouco depois ele se evaporou no ar e ficou apenas uma coleira de couro negro com uma pedra roxa no centro, vi que era coisa de Amra, mas meu querido filho também havia ido embora eu estava com várias fraturas pelo corpo, cheio de perfurações e com o rosto mutilado............fiquei desacordado devido a varias infecções ,fui desenganado varias vezes, mas 2 meses depois eu acordei dizendo coisas sem sentido e estava sendo cuidado pelos melhores médicos de Celtia, acordei dizendo que tínhamos que caçar Amra, que ele havia capturado meu filho, perguntava por minha esposa e não me respondiam....2 dias depois eu recebi um golpe que arrasaria meu espírito...minha esposa que eu amava tanto não havia resistido...ela havia caído de cama ao saber do sequestro de nosso segundo filho, e ficou sem comer e beber nada pedindo a misericórdia da mãe para levá-la, não conversava com ninguém, falava sozinha em morte, que queria ir para onde estavam os filhos.........uma semana antes de eu acordar ela falecera e quando soube morri por dentro e minha fé morreu junto....(ele olhava para baixo com o rosto se repuxando, os dentes trincados, respirando forte e Will via as lágrimas caírem. Sem nenhum aviso Will o abraçou. Seus olhos se arregalaram, pois ninguém nunca havia feito isso, ele não sabia oque fazer....seu rosto se retorceu, sua boca entortou, e ele começou a chorar.....inicialmente baixo, mas foi ficando cada vez mais alto e se tornou um grito de desespero e tristeza se propagando para dentro e Athlaltec.....Will sentiu um abraço envolvendo deles e percebe a princesa Ala aos prantos abraçando-os e Levy também chorando os abraça....eles ouviram a história de longe em silêncio.....Nusbael se mantém a distancia, mas Will percebe seus olhos brilhando na penumbra. Ainda chegam Arthorius, Tristan, Owen e outros soldados de Celtia os abraçando todos muito emocionados e aquele grito se tornou um desabafo da alma de todos, principalmente do grande e sofrido general Cedric..........que depois de alguns minutos se sente um pouco melhor...quando Cedric se separa de Will e todos se recompõem ele respira fundo da outro abraço apertado em Will e diz: )

AS CRÔNICAS DOS TRÊS CAMINHOS:                O NASCIMENTO DOS HERÓIS.Onde histórias criam vida. Descubra agora