VI

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Depois que Jaqueline voltou, voltamos a conversar normalmente, como amigos. Enquanto eu trabalhava, ela ía à escola, já que não havia terminado o ensino médio ainda. Sempre que abria minhas mensagens, dava prioridade à Diana, obviamente, mas não podia nem falar em Jaqueline que era briga na certa.

— ... Mas amor, eu não falei nada demais...

— Você tocou no nome dela, Carlos Eduardo. Sabe que isso me irrita!

— Tudo bem, amor, desculpa então...

— Não se faça de coitado!

Era briga todo dia por causa da mesma coisa. Tinha medo da relação desgastar, ou de ela me pegar num dia que eu não estivesse muito bem, e a tratasse mal. Conversava com ela, e era sempre a mesma coisa: ela se arrependia e me ligava, e eu aceitava as desculpas dela. Não consigo ficar com raiva dela por muito tempo, dona Jô disse que deve ser amor de verdade.

Logo depois que essas crises se iniciaram, me lembrei que não havia contado a Jaqueline sobre Diana. Talvez por isso, ela tentava se reaproximar de mim, sem sucesso.

— Eu nem te contei... Tô namorando.

— Sério? Quem é ela?

— Uma garota que conheci aqui perto.

Contei toda a história a ela, e ela mandou:

— Hum, então perdi meu magrelo né.

— Não foi quando comecei a namorar com Diana que você me perdeu. Foi quando me trocou pelos caras do time de futebol.

— De novo esse assunto? Para de drama e volta pra mim.

— Mas nem quando os porcos voarem.

— Por que não?

— Porque não. Se for pra ficar nesse assunto, não vamos mais nos falar.

— Que isso, eu só quero...

— Quer nada. Você quis me sacanear e conseguiu. Agora eu tenho problemas no meu relacionamento por sua culpa.

— Ué, a moreninha dos olhos castanho-mel não confia no próprio taco?

Cara, nem respondi mais. Bloqueei de todas as redes sociais e excluí o número dela. Como ela ousa falar assim da pessoa que me faz feliz como ela nunca fez?

Conforme ía falando com ela, falava com Diana também. Se fosse perguntar à Diana o que aconteceu nessa conversa, ela iria saber. Contei tudo, sem tirar nem pôr uma palavra. Ela ficou revoltada quando soube o que Jaqueline falou, queria tirar satisfação e tudo. Mas não deixei, disse que não valia a pena, e que não aconteceria de novo.

Mas, mesmo assim, os problemas não pararam de aparecer.

Sábado de outubro. Uma tarde linda de primavera, no lugar onde o pai dela a levava quando era pequena. Fazíamos um pequeno piquenique quando ela recebe uma ligação repentina da senhora que tomava conta de seu Jaime.

— Diana, vem pra casa rápido!

— O que houve, dona Neusa?

— Seu pai tá caído aqui no chão, menina, aparece aqui logo!

Fomos voando nas bicicletas até a casa de Diana. Chegamos praticamente junto com a ambulância que dona Neusa tinha chamado, então Diana foi com ela na ambulância, eu fiquei pra arrumar algumas coisas de Diana e levar pro hospital.

Quando cheguei no hospital, encontrei Diana chorando e dona Neusa tentando controlar as lágrimas e consolá-la.

— O que aconteceu, dona Neusa? — Perguntei, me sentando ao lado de Diana e pondo sua cabeça em meu ombro.

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