stockholm syndrome

II

Há algumas semanas.

A chuva que caía bravamente do lado de fora deixava o bar mais aconchegante do que o habitual. Havia gotas paradas na vidraçaria, onde estava escrito á caneta qual era a bebida promocional do dia, a rua com o asfalto molhado sendo iluminado apenas pela luz da lua, e pelos postes espalhados por ai, as pessoas conversando em mesas iluminadas sobre a pouca luz amarelada do bar; Certa coisa sobre todo esse cenário fazia Camila sentir um tipo de aconchego - não do tipo humano, que aquece a alma e o físico, este ela nunca tivera experimentado, porém o que estava recebendo ali no momento bastava.

- Mais um? Não acha que já bebeu o suficiente para uma quinta-feira a noite? - A amiga de cabelos encaracolados e loiros reclamou do outro lado da mesa.

- Ah, Dinah, não é como se alguém se importasse, então... - Camila tomou um longo gole de sua bebida, e voltou a olhar para os casais conversando animadamente e trocando carícias no fundo do ambiente.

- Eu me importo, você sabe que sim...

- Shhh - colocou sua mão sobre a da outra, fazendo com que desviassem a atenção para o chiado que se fez presente no ambiante por conta da pequena televisão em cima do balcão.

Logo viu Jared, o dono do bar, arrumando a antena para que todos que estavam prestando atenção pudessem assistir o noticiário que havia feito uma chamada de última hora, proclamando urgência.

- Mais um desaparecimento fora anunciado após semanas sem mais casos similares. Juntamente aos dos meses anteriores já se totalizam seis desaparecimentos de mulheres da cidade de WhychWood, Oxford. - Aquela voz da mulher do jornal nasalada e fina disse. - ...Os casos sem solução permanecem em aberto e as buscas não se cessaram.

Murmúrios e sussurros preocupados agora tomavam conta do local, fazendo Camila se irritar e pedir silêncio para que pusessem ouvir o noticiário. A jornalista que segurava um microfone na altura da boca, estava sendo gravada no meio da floresta de WychWood. Camila conhecia o cenário, já esteve lá diversas vezes, isso a fez viajar em seus pensamentos sobre os acontecimentos... ela poderia ter sido uma das mulheres.

- Alertamos para que tenham cuidado; Para a segurança de todos a entrada para a floresta agora é proibida, e unidades de investigação permanecem circulando e impedindo especulações de pessoas que não sejam autorizadas, e precedem com mais pistas.

A garota sentiu seus pelos se eriçarem. Queria poder ir lá e ver com os próprios olhos as pistas pelas quais procuram. A mulher teria dito que a mídia manteria os cidadãos informados, porém Camila já estava absorta com tantos pensamentos que não fora capaz de escutar.

- Ouviu bem, Mila? - a garota morena de cabelos enrolados perguntou, se juntando a elas na mesa. - Esqueça a festa na floresta.

- Ah, qual é - ela jogou as mãos para cima, em forma de protesto. - Vocês vão mesmo deixar de ir à festa só por causa de uma notícia idiota?

- Noticia idiota? - perguntou Dinah indignada. Ela começaria um discurso dizendo que Camila tem que tomar cuidado e parar de querer se aventurar, mas sabia que seria inútil, então apenas soltou uma risada em deboche.

- Sempre soube que vocês eram medrosas...

- Nós só não... - a garota começaria a falar, mas foi interrompida:

- Cale-se, Normani.

O silêncio se fez presente e a inquietação nas três ali era evidentemente; Camila levou seu copo até si e engoliu uma grande quantidade de sua bebida gelada com um gosto ruim e logo tirou uma nota do bolso depositando na mesa, se preparando para sair dali.