Maio de 1969.
Hoje uma garota se sentou do meu lado no convento durante a explicação da irmã Margareth. Ela tinha os olhos mais azuis que eu já vi na minha vida (tudo bem que eu só tenho 11 anos e não vi muita coisa da vida ainda), mas ela era muito bonita e tinha os cabelos pretos igual eu. Nós rezamos juntas antes de almoço e comemos lado a lado. Estou ansiosa para encontrá-la amanhã de novo.
Camila passou para a folha seguinte do diário que tinha em suas mãos, lendo tudo atentamente e tentando não surtar com medo de que Lauren entrasse por aquela porta a qualquer momento. Se ajeitou na cama e prosseguiu com a leitura.
Maio de 1969.
Catherine me ensinou como esconder balas dentro de nossas bíblias hoje, eu espero que ninguém abra uma das últimas páginas, eu tive que cavar um buraco entre elas! Estamos nos tornando amigas inseparáveis, até cabulamos algumas assembleias para ficar no banheiro conversando.
Junho de 1969.
Amanhã é meu aniversário e eu e Cat estamos planejando fazer um piquenique perto do lago. Eu estou muito animada porque ela disse que tem uma surpresa para mim! Não se preocupe que eu vou te contar tudo, diário, você ainda continua sendo meu melhor amigo.
Junho de 1969.
Diário... Eu tive meu primeiro beijo. Foi com Catherine, e foi incrível. Mas... isso não é errado? Isso me torna uma pecadora, não é? Meu Deus eu terei que me confessar para o padre, não terei?
Eu só consigo pensar em como foi ter ela tão perto de mim e eu não consigo ver como algo tão bom pode ser tão errado. Eu estou muito confusa, mas sei que... a sensação foi incrível.Julho de 1969.
Acho que estou vivenciando o meu primeiro amor, e estou me apaixonando cada vez mais... por uma garota. Eu não sei o que devo fazer, mas todos os dias enquanto todos estão no salão principal do convento, eu e Cat vamos para o banheiro da ala oeste que é deserto e ficamos nos beijando até ouvirmos o sino tocar para voltarmos para sala. Catherine é muito gentil comigo e vive me dizendo que sou linda... Sinto mil coisas dentro de mim quando estamos juntas, mas o meu pensamento de que tudo isso é muito errado perante os olhos de Deus, não me deixa em paz.
Agosto de 1969.
Eu me confessei para o padre ontem, ele me disse que eu fiz o certo me abrindo para ele e me livrando desse pecado o mais cedo possível. Eu não citei o nome de Catherine, não queria vê-la em problemas. Ele me mandou rezar e ler algumas passagens da bíblia enquanto fico ajoelhada sob milhos, e eu o pedi que não contasse a ninguém sobre isso pois eu estava com muito medo.
Agosto de 1969.
Minha irmã morreu ontem...
Aparentemente meus pais descobriram sobre minha atração por garotas (bem, por uma garota), e resolveram discutir sobre isso enquanto estávamos no carro. Taylor era a única que não estava com cinto de segurança, então ela foi a única que não sobreviveu quando o acidente aconteceu. Eu me sinto tão culpada. É tudo culpa minha.Setembro de 1969.
Mamãe fez mais uma cicatriz em minha pele depois da noite anterior, ela apagou seu cigarro em meu braço... Assim como semana passada tinha apagado em minhas costas. Eu sei que ela está sofrendo por conta de Taylor, e eu sei que é tudo culpa minha por ser uma pecadora nojenta... Então talvez essa seja uma forma de Deus me punir pelas coisas horríveis que eu fiz e penso.
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stockholm syndrome
FanfictionSíndrome de Estocolmo é o nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. A Síndrome de Estocolmo...