Respirou fundo e no mesmo segundo se arrependeu profundamente desse ato, o lugar tinha um cheiro que logo a fez querer vomitar, seu estômago revirou-se, e sentiu sua cabeça latejar. Levantou os braços com dificuldade e tocou a testa com os dedos, sentiu algo líquido mas não como água, era denso e viscoso. Seus dedos foram molhados com sangue, seu coração disparou e suas pernas começaram a formigar e adormecerem, pensou que despencaria mas já estava deitada.As lembranças lhe atingiram de uma vez só, a fazendo olhar em volta desesperada e confusa. Tentou listar os fatos ocorridos em sua mente e então sentiu uma ansiedade crescer dentro de si a fazendo arrepiar inteira, queria sair correndo. Olhou em volta desesperada, à procura de alguém ou alguma coisa. O lugar era frio e muito bem iluminado, a fez lembrar daqueles lugares enormes que são usados para armazenar carnes, o cheiro era tão enjoativo quanto. Não havia janelas ou qualquer indício de entrada de luz solar, o que a fez ter uma ideia de que estava no subsolo. Portanto, a claridade vinda de todas as grandes e compridas lâmpadas juntamente à todos - sem exceção - os móveis, paredes, piso, teto, objetos brancos, fazia seus olhos doerem. Esse cenário completamente branco a assustava. E a assustava ainda mais por estar vestida de branco, com uma camisola surrada e fina cobrindo seu corpo dolorido.
Atreveu-se a mover-se em cima da cama que se encontrava amarrada, prendeu a respiração para ninguém ouvi-la, mas barulho das molas em baixo do colchão a entregou, soando alto e velho. Quase no mesmo segundo em que os barulhos das molas cessaram, um som alto começou em cima de si, talvez no andar de cima. Era... música?
No canto do local havia uma escada precária, em seu topo uma porta coberta por fechaduras que agora estava rangendo e se abrindo, revelando a figura de uma mulher com os cabelos bagunçados e as roupas sujas. Ela estava cantarolando conforme o som que se espalhava por todos os cantos.
- Gosta de Frank Sinatra? - A mulher questionou enquanto descia as escadas, despreocupada.
Camila parou de respirar enquanto a observava, pôde sentir o enjoo aumentar dentro de si a vontade de gritar também. Não era capaz nem ao menos de piscar os olhos.
- Eu te fiz uma pergunta, menina tola! - Esbravejou, já andando em direção à uma mesa que Camila não havia notado ali.
Foi capaz de desviar seu foco da mulher estranha andando calmamente, para a mesa grande logo ao lado da escada. Sua visão não estava muito boa, mas conseguiu avistar alguns serrotes, machados, facas e outros instrumentos capaz de fazer o corpo da adolescentes congelar. Viu a mulher apanhar uma faca pequena e pontuda. Achou que essa seria uma boa hora para respondê-la.
- Eu nunca ouvi, realmente - gaguejou.
Era capaz de sentir seus batimentos cardíacos nos seus ouvidos, a deixando perplexa.
- Você está escutando agora.
Acompanhava os passos da mulher até si, eram tão lentos e curtos que jurou durar uma eternidade até que ela chegasse à sua frente e se aproximasse, fazendo a menor se encolher desesperadamente em cima do colchão velho e úmido. Seus olhos estavam na mesma altura agora, o que fez o ar faltar dentro de Camila ao focar seu campo de visão nas duas enormes esmeraldas à sua frente. Eles eram reais, os olhos da noite passada eram reais. Não soube como reagir, instintivamente pressionou um lábio contra o outro de maneira forte, a fazendo sentir gosto de sangue.
- Então, o que acha dele?
O som da voz de sua sequestradora demorou até chegar à Camila à tempo de processar a pergunta, tempo tão longo que a adolescente indefesa indagou um "o quê?" inconsciente.
- Frank Sinatra, garota burra. - Agora sua voz era ríspida e já demonstrando sua paciência indo embora a cada segundo que se passava, isso estava aterrorizado Camila.

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stockholm syndrome
FanfictionSíndrome de Estocolmo é o nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. A Síndrome de Estocolmo...