Se remexeu paulatinamente ao lado do corpo de sua sequestradora, prendendo sua respiração e sentindo cada músculo de seu corpo se contraír ao ouvir um murmúrio vindo dela. Camila estagnou, a observou durante torturantes segundos apenas para se certificar de que a mulher estava completamente apagada pela exaustão e o choro sem fim que teve nos braços da adolescente. Lauren voltou a respirar pesadamente e se aconchegou agora no sofá vazio que Camila a deixou, enquanto caminhava passo a passo para trás sem desgrudar os olhos de sua figura, sentiu sob seus pés o tecido de sua camisola e se inclinou para capturar com os dedos que não paravam de tremer. A vestiu e olhou em volta pelo cômodo que nem tivera dado atenção na noite passada, era tudo muito precário e apertado, uma luz amarelada muito fraca iluminava tudo e isso deixava Camila com calafrios, literalmente calafrios, percorrendo por todo seu corpo ao sentir uma base gelada na sola de seus pés descalços. Avistou um molho de chaves presos no cós da calça de Lauren que estava jogada no chão, duvidou a facilidade de tudo aquilo, achou ser algum tipo de alucinação ou teste para ver como ela reagiria.
Alucinação ou não, inclinou-se suficiente para ainda manter os olhos em Lauren e também conseguir manter a atenção no que estava fazendo. Apertou o fecho tão devagar que achou não ter feito movimento nenhum, só teve noção quando teve que puxar minuciosamente sem que as chaves se chocassem uma contra a outra e acordassem a mulher adormecida em cima do sofá completamente nua. Se pôs de pé novamente ainda não se permitindo respirar e seus pés vagaram lentamente até a porta entreaberta de onde Lauren morava, e ao se encontrar no corredor soltou todo o ar que prendia dentro de seus pulmões.
Olhou para os dois lados e depois observou o molho de chaves em sua mão, ela não sabia onde era a saída daqui, ela teria que testar todas as fechaduras? A sua direita o corredor se estendia até áquela porta repleta de cadeados que Camila sabia que daria para o corredor onde seu "quarto" ficava, e também o de Mallory e mais diversas outras portas que ela não se atrevera a entrar. A sua esquerda havia apenas duas portas e então nada mais. Começou antes que fosse tarde demais, correu até as portas a sua esquerda e testou todas as chaves na primeira fechadura tendo sorte na quinta tentativa, arfou em surpresa e se aprontou a girar a maçaneta. O que lhe foi revelado era uma espécie de armário farto das mais diversas armas para possíveis assassinatos e torturas, Camila olhou em volta por sentir um arrepio em sua nuca e constatou que era apenas o medo por imaginar qualquer um daqueles instrumentos sendo usados em si.
A garota desesperada fechou a porta sem nenhum barulho se quer, e logo correu até a outra parede já testando as chaves na fechadura que continha ali. Demorou mais do que a anterior e isso a fazia suar e sua respiração ficar completamente descompensada, olhando para trás a cada segundo que sentia que Lauren iria acordar e matá-la ali mesmo no corredor. Conseguiu depois do que, ela julgou, ter se passado horas. Uma fresta de luz vermelha fez sua testa ser instintivamente franzida e a curiosidade aumentar, logo abrindo-a com mais agilidade na intenção de espiar o que era escondido ali.
Era uma sala extensa iluminada por lâmpadas vermelhas e repleta de sacos pretos ao redor de algumas mesas, e fotos viradas ao contrário penduradas em um varal não permitindo que Camila visse o que tanto Lauren fotografava, ao colocar o pé para dentro daquele âmbito só lhe era permitido avistar uma prateleira repleta de caixas e pastas-arquivo, mesmo de longe era possível observar a quantidade de poeira que pairava em cima de cada item naquele móvel. Andou até ali decidindo que investigaria o que eram aquelas fotografias penduradas depois, agora ela queria saber o que tanto Lauren mantinha guardado em segredo naquelas pastas. Apertou o molho de chave firmemente em uma mão e com a outra ela puxou uma das primeiras pastas a sua frente, a pequena etiqueta em seu topo indicava o assunto que ali continha: Jauregui, Lauren.
O papel amarelado pelo tempo tinha como cabeçalho uma imagem pequena impressa de um prédio que mais parecia uma fortaleza, logo acima do nome Severalls, o qual Camila nunca tivera ouvido falar mas sabia que se situava perto dali por conta de como se iniciava o texto.

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stockholm syndrome
FanfictionSíndrome de Estocolmo é o nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. A Síndrome de Estocolmo...