VII

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O barulho das quatro portas do Dodge se fechando fez com que Lauren derrubasse algumas panelas na cozinha da padaria. Correu os olhos até a janela e viu os quatro policiais andando em direção a sua porta de entrada, ela sentiu seu coração palpitar feito louco e milhares de pensamentos lhe tomaram a cabeça. Eles haviam a descoberto? Seria agora que Lauren pagaria por todos os pecados e crimes que cometera? Será que toda a cidade já sabia de seus segredos e ela sofreria por isso? E Camila? Ela perderia Camila para sempre?

Respirou fundo e no momento em que o sino tilintou anunciando a entrada deles ali, Lauren bateu as mãos em seu avental tentando afastar toda a farinha que havia em seu corpo. Limpou a garganta e foi até o balcão de atendimento com o melhor sorriso que conseguiu colocar em seu rosto com o tanto de pensamentos que lhe tomavam a mente agora, mas Lauren já tinha experiência nisso, sabia muito bem como encobrir toda a guerra dentro de si em momentos assim.

– Bom dia, Lauren. – Cumprimentou Shawn, a frente de todos.

– Bom dia, Mendes – acenou com a cabeça também olhando para os outros presentes. – Chegaram bem na hora, as rosquinhas já estão quase prontas.

– Não foi bem para isso que viemos aqui – O delegado Martinez tomou a frente.

– Oh, algum problema? – perguntou tentando parecer o mais despreocupada possível mesmo que seu interior estivesse se remexendo pronto para explodir de desespero.

– Nada muito grave, só queríamos fazer algumas perguntas sobre o caso da menina Cabello, e como a senhora reside nos arredores da floresta de Wychwood pensamos que poderia nos ser útil.

– Claro, ficaria feliz em poder ajudar. Como andam as buscas, delegado?

– Sem muitos avanços, por isso seria importante que nos dissesse caso se lembrasse de algo estranho da sexta-feira passada. A senhora Marshall que mora mais a frente disse ter visto sua picape passar pela avenida um tempo depois de Camila ter seguido em direção a floresta, chegou a vê-la?

Lauren nunca tivera sido interrogada antes, em nenhum dos casos de desaparecimento das mulheres da cidade. Mas talvez tivera se tornado muito boa em mentir e encobrir seus sentimentos a flor da pele na frente de perigos como este. Enquanto fingia organizar algo nas prateleiras ela respirou fundo.

– Eu estava voltando da minha compra semanal, e como estamos perto da páscoa acabei por passar o resto do meu dia preparando as encomendas aqui. – Disse quase acreditando em si mesma. – Aquele é um ótimo horário para ir até à mercearia, está praticamente vazia!

Os policiais se entreolharam e fizeram algumas perguntas simples para serem respondidas por Lauren, como por exemplo, se já tivera conversado com a garota em algum momento anterior ou se por acaso tivera visto algum carro ou qualquer pessoa suspeita passar a frente de sua padaria. Lauren Jauregui os afirmou de que não sabia nada sobre o caso, que realmente estivera o dia inteiro dentro de sua cozinha. Por fim eles acabaram por pedir algumas rosquinhas para viagem que a mulher logo embalou em um saco de cor marrom e os entregou, desejando boa sorte com o caso dos desaparecimentos das mulheres das quais ela mesma havia sequestrado e matado.

Se soubessem que ela tinha um bom motivo, a absolveriam? Afinal de contas, amor é um bom motivo, não é? Lauren acreditava que sim, amor era um ótimo motivo para cometer insanidades.

Antes de todos se retirarem do seu local de trabalho, sentiu uma certa estranheza no olhar da policial Vives, quase como se a observasse querendo enxergar através de si. Era uma mulher bonita, tinha os cabelos médios e a boca em um formato convidativo, assim como o resto de seu corpo muito bem trabalhado. Talvez ela tivesse percebido os olhares de Lauren para algo muito mais abaixo que seus olhos, o que fez com que Lucy erguesse uma das sobrancelhas.

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