Capítulo 4

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Tulio

As coisas aconteceram tão rápido, estava eu conversando com o médico e agora estou aqui com um louco, que está apontando uma arma para uma pessoa que eu nem faço ideia de quem seja.
Nem penso, acho por impulso e chuto um equipamento nele, fazendo-o cair, jogo me em cima dele, tento tirar a arma de sua mão. Grito a médica para sair da sala e pedir ajuda.

- Eu já perdi tudo nessa vida, pra mim tanto faz. - Diz ele tentando colocar a arma em meu pescoço. Luto para pegar-lá. - Ele chuta a boca do meu estomago.- O solto- coloco a mão sobre meu estomago que dói ate me faltar o ar.

- Eu vou te matar seu valentão. - Diz com fúria. Seus olhos estão vermelhos de raiva. Ele segura a arma com as duas mãos , apontando-a para mim. - Eu vou acabar com isso.

Fecho meus olhos e não consigo pensar em absolutamente nada, não a nada o que eu possa fazer, o cara esta com a minha vida em suas mãos. Aperto meus olhos com tanta força. Esculto o barulho do tiro. 

- Túlio ? Túlio ? - Abro meus olhos. -Tento empurrar o corpo do louco que está em cima de mim. Caramba estava com tanta adrenalina que nem senti o cara caindo sobre mim. -Empurro ele com mais força. - Meu Deus, graças a Deus. - A médica olha meu corpo, passa a mão por ele todo. - Você está ferido ? - Diz me ajudando a levantar.

Mal consigo responde-lá e médicos, policias nos cercam. Saio da muvuca para procura-lá. A vejo abraçando um cara, deve ser o namorado dela, dou meia volta e vou para casa.

Minha família está surtando com o tal acontecimento, e tudo o que eu quero é um pouco de paz, um pouquinho de sossego. Os deixo discutindo sei lá o que, e vou para meu quarto. Deito na cama. Respiro fundo. Coloco a mão sobre meu estomago que ainda esta dolorido. Fecho meus olhos.E a unica coisa que minha mente lembra são daqueles lindos olhos azuis. Abro um sorriso. Túlio, Túlio ... Ia levar um tiro por alguém que nem se quer sabe o nome.

 Estou exausto, minhas pupilas ficam pesadas e caio no sono.

***

Já se passou dois dias do tal ocorrido, e a unica noticia boa é que felizmente minha avó está de alta e vem pra casa. Jogo meu óculos de leitura sobre os diversos processos que estão em minha mesa. Preciso esparecer um pouco se não vou acabar enlouquecendo. 

Vou ate a varanda a visto o carro da família, com certeza é a vovó. Desço até a porta principal de casa. Esperando o carro. O motorista vem para abrir a porta.

- Eu faço isso. - Digo abrindo a porta. - Abro um sorriso largo. - Como é bom te ver vovó.

- Digo o mesmo filho. - Ajudo- a descer. - Nosso motorista traz a cadeira de rodas. Ela senta-se. - Ajoelho acariciando suas pernas. - Eu sei de tudo viu seu cavaleiro, meu héroi. - Segura meu queixo.

- Mas quem foi que te disse isso ? - cerro as sombrancelhas. Caramba foi conversado para que a vovó não soubesse de nada, quem pode ser que deva ter falado isso.

- Foi eu. - A voz doce, vem do outro lado do carro. - Levanto. - Olho para direção do voz. - Desculpa, foi a unica forma que eu encontrei de encontrar você.

Era aqueles olhos azuis.... eram eles que iam fazer eu levar um tiro. Fico em silencio. Ela me pegou de surpresa.

- Eu precisava te ver novamente. - Diz me olhando. - Te agradecer. - Ela desvia o olhar para o chão.

- Para de ser mal educado Túlio, e a chame para entrar. - Minha vó resmunga.

Dou passagem para ela entrar, ela passa em minha frente. Minha avó me belisca. E faz sinal para eu ir atrás dela. A guio até a areá da piscina. Ficamos em um silencio acolhedor eu diria. Eu não consigo dizer nada, ela me pegou de supetão.

- Peço desculpas por ter contato a sua avó. - Ela quebra o silencio - não desviando o olhar da piscina.

- Tudo bem, mais vamos fazer assim agora quando quiser me liga pode ser ? - Sorrio.

- A claro, mais pra isso preciso do seu numero. - Ela sorri colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Olha que cabeça a minha. Está com seu celular ai? - Ela pego-o de sua bolsa e me entrega. Marco meu numero. - Túlio não se esqueça, e antes que eu me esqueça. - Pego o meu do bolso e a entrego. Ela sorri marcando seu numero.

- Luana. - Me entrega o celular. Coloco no bolso. 

Agora eu sei o nome desses olhos lindos. 

- Queria te agradecer pessoalmente pelo o que fez por mim, aquele dia as coisas ficaram tão turbulentas que nem vi você indo embora. Tentei te encontrar, ter um contato com você mais foi impossível, a unica saída que achei para te achar foi falando com sua avó. Me desculpe mais uma vez se causei um aborrecimento. - Ajeita a alça de sua bolsa em seu ombro e vai caminhando para saída.

- Magina, o importante é que estamos bem. - Vou atrás dela. -E o pai louco?

Ela para se virando pra mim . - Ele não resistiu.

- Eu sinto muito por isso.- E na verdade sinto mesmo, não sou pai ainda, mais não me imagino em tal situação, e como a mente é uma maquina, todos no fim cedo ou tarde damos defeito.

- Eu também sinto, apesar dos apesares eu não o odeio, sinto pena. - Nossos olhares se cruzam. - Obrigada mais uma vez, eu nem sei como te agradecer, se não fosse você lá... - Ela se aproxima me abraçando forte. - Eu não estaria mais aqui. -Sussurra em meu ouvido. Beija minha bochecha. 

Fico em silencio. - Já passou. - Digo quebrando o clima pesado que se forma.

- Graças a Deus e a você. - Sorri. - Agora preciso ir , tenho aula ainda hoje. - Me da outro beijo no rosto e entra em um táxi que já está a esperando.








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