Capítulo 16

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Sinto uma brisa gelada em meu rosto. Desperto. Olho para os braços de Túlio que estão em minha barriga, os tiros de leve, com bastante cuidado, não quero acordo-lo. Ele vira-se de lado. Saio da cama de fininho, não quero acorda-ló. Pego minhas coisas e vou para sala. Me visto. Sento no sofá. Passo minhas mãos pela cabeça. Porque tem que ser tão difícil?

Eu vim pra fazer uma coisa, e acabei fazendo outra. Levanto. Passo meus dedos pelo braço do sofá. Fecho meus olhos e minha mente me liga aos toques dele. Eu não vou conseguir me despedir dele. Eu não posso. Estou muito ligada nele, pra me desligar assim.

Pego minha bolsa abro-a. Pego um caderno destaco uma folha. Pego uma caneta. Respiro fundo. Como dizer a adeus se eu quero ficar? Para Luana, vai ser o melhor a se fazer, todo mundo vai ficar bem.

Termino de escrever o bilhete com os olhos ardendo, com uma vontade enorme de chorar, mas é uma decisão minha e não vou fazer isso. Deixo o bilhete em cima da mesa de centro da sala.

" Túlio... Nem sei como começar... Nem sei como lhe dizer... Ontem eu vim com a certeza, com a cabeça feita para te dizer adeus! Mais tudo mudou...

Mudou quando entrei em seu apartamento e vi você e Clara conversando. Por um instante me passou inúmeras lembranças de você sofrendo por um passado, que mal sabia eu qual era. Me passou tudo aquilo que você lutou pra esquecer, e tudo aquilo que eu temia em acontecer estava acontecendo bem ali na minha frente, O tal "passado" pelo qual você vinha fugindo avia aparecido bem quando começamos nossa historia.

Peguei forças da onde não imaginava que tinha e fiquei até o fim da tal conversa de vocês. E ver sua reação me faz desmoronar, fiquei sem chão. Eu que tinha uma solução, estava mais perdida do que nunca.

Eu não posso negar a você, temos algo muito forte, mas também temos um "relacionamento" meio fora do comum. Se me permite chamar assim.

A mulher do seu passado, que agora esta bem presente, é a mulher do meu irmão, minha cunhada, destino cruel o nosso né? Sem querer, eu fiz o seu passado virar seu presente. Por esse motivo. Eu decide ir embora. Não me jugue, nem tente entender, é melhor assim. Pensei que seria fácil em te dizer a Deus. Mais olhando pra esses lindos olhos acinzentados, vi que não posso fazer isso pessoalmente, por isso resolvi lhe escrever.

Fica bem viu! Te desejo tudo de melhor pra sua vida. Pode ter certeza que jamais irei esquecer você,e nem dos nossos momentos juntos. Não foi uma historia longa, mas foi uma historia inesquecível.

Obs. Pra sempre você será meu super herói. Meu super man. ;D"


Entro em meu apartamento, e está tudo quieto. São cinco e dez da manhã devem estar dormindo, ou sei lá o que. Não quero me meter na historia do Pedro, nem ser a irma intrometida. Pego minha mala de rodinha vermelha e minha mochila preta com vermelho, que estão no canto do meu quarto. Coloco a alça da mochila no ombro e arrasto a mala com cuidado. Não quero acordar ninguém. Muito menos ver um dos dois. Deixo um bilhete grudado na geladeira para o Pedro.

Desço o elevador com um aperto no peito. Olho para o portão do meu prédio.


"- Caramba Luh, quando seu porteiro vai se lembrar de mim? - Sorri. segurando o portão como fosse um presidiário.

- Também com essa cara de bandido que você tem, Libera pra ele. -peço ao meu porteiro. Que acha graça da palhaçada dele."


- Senhorita posso te ajudar com as malas? - O taxista que me espera me tira de meus pensamentos.

- Claro, obrigada. - Ele coloca minhas malas no porta malas. Entro e ele fecha a porta. Olho meu prédio pela ultima vez. Me bate um calafrio. Me encolho. Aliso meus braços.

Como essa vida é injusta algumas vezes. Perdi as pessoas que mais amava, e quando decido me aproximar de alguém de verdade, ela prega essa peça em mim. Olha só o Pedro, morre por uma mulher que eu vi beijando outro, que por acaso era meu rolo. Que porra de vida é essa. Encosto minha cabeça no vidro da janela. Como vou poder olhar na cara do meu irmão? Sendo que eu vi ela beijando o Túlio. Porra ela acabou de dizer um sim e jurou fidelidade, e em menos de uma semana estava beijando outro? Pensar nessas coisas só me faz ter mais certeza de ir embora. Meu celular toca dentro da bolsa. O caço na bagunça toda. O pego. Olho para visor. Super herói. Olho para nossa foto no visor eu mordendo a bochecha dele, e ele fazendo careta.


"- Vamos vem logo tirar uma foto pra eu por no contato do seu celular. - Ele diz com o celular na mão.

- Só bater uma selfie. Oxi menino doido. - Volto a editar meu trabalho para facu.

- Não eu quero com você, para e vem. - Ele insiste mostrando o celular.

- Saco. - Bufo. - Porra Túlio.

- Caralho Luana. - Ele sorri. Sorrio também. levanto e vou ate ele que está sentado na minha cama.

- Quer uma foto diferente então? - Mordo a bochecha dele de leve. Ele faz uma careta e tira a selfie. - Pronto? - Ele mostra a foto.

- Pronto,e salvo, toda vez que eu te liga vai ver esse casal apaixonado. - Ele solta uma piscadinha que me mata. Seguro sua nuca e o puxo pra mim. Dou um selinho demorado. Sorrimos entre o selinho."


Esculto meu celular tocar novamente. Olho para o visor ele novamente. Preciso tirar esse cara da minha cabeça. Rejeito a chamada. Mais ele não desiste e continua insistindo. Coloco o celular no silencioso e jogo dentro da bolsa.

O taxista estaciona na frente do aeroporto. Saio do táxi. Ele me entrega minhas bolsas. ajeito-as e entro no aeroporto. Pego minha passagem que esta no bolso da mochila. Olho para o enorme painel que indica os voos. Berlim nove e dez. Olho para meu relógio de pulso que marcam nove e cinco. Procuro meu portão de embarque. Vejo uma pequena fila. Suspiro. Dou meia volta e coloco minhas malas na esteira. Fico com minha bolsa de mão, minha passagem e meu passaporte. Paro na frente do meu portão de embarque. Pego meu celular. Trinta e sete chamadas não atendidas. Vinte e duas mensagens. Abro as mensagem.

Super Herói : Não faça isso.

Super Herói: Espere vamos conversar.

Super Herói :Me atenda.

Super Herói: Luana, não vá.

Lágrimas percorrem meu rosto. Bloqueio meu celular, nem quero ler mais. Capaz de acabar desistindo.

- Berlim moça? - A recepcionista me pergunta.

- Sim. - Entrego minha passagem junto com o passaporte. Tomo coragem, não posso desistir agora.

- Pode ir até o fim do corredor. - Ela me entrega o passaporte. Sorrio em agradecendo.

Meu Deus não pensei que seria tão difícil desse jeito. Aliso meu peito, que esta um nó. o corredor é imenso e não consigo nem avista o fim. Respiro fundo e caminho lentamente. Parece que meu corpo não me responde e anda em modo devagar.

- LUANA, LUANA. - Esculto gritos com meu nome. Viro-me e deixo a bolsa cair no chão. Lá estava o Túlio na recepção sendo barrado por seguranças com uma folha na mão. - Não vai Luana, precisamos conversar com calma. - Ele tenta vim até mim, mas os seguranças não deixam. - LUANA. - Olho-o, ele está aflito, seus olhar transparece desespero. Pego minha bolsa do chão. Ajeito em meu ombro. Choro sem parar. Não acredito que ele tenha vindo até aqui. Só para deixar a situação mais difícil.








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