- Ultima chamada senhorita, nós vamos embarcar. - A recepcionista me tira do modo estatua. Olho para Túlio que se bate todo tentando se soltar. Olho para o corredor sem fim.
Não posso simplesmente ficar e meter o foda-se. Não tem porque agente vim a ter um futuro. Tem muita coisa em jogo. Não posso, fazer isso com meu irmão. Preciso de um tempo para mim. Olho Túlio com um olhar de despedida. Lágrimas percorrem por toda a minha face, caminho passos rápidos esperando encontrar o fim do corredor, e poder parar de escutar o Túlio gritar pelo meu nome.
Coloco meus pés dentro do avião soluçando. Fecho meus olhos.
- Venha senhorita sentar-se. - A aeromoça que presencio tudo, me acomoda em uma poltrona na janela. Ela senta ao meu lado. - Ainda dá tempo de voltar, você tem certeza que quer seguir viajem? - Faço um sinal positivo com a cabeça, mas meu coração faz um negativo. Ela faz um sinal de entender e me deixa sozinha.
Olho pela janela. Túlio está batendo na janela do aeroporto. E gritando. Não da para escutar. Só vejo o movimento de sua boca. Caio no choro novamente. Vai passar Luana, vai passar. Repito para mim mesma diversa vezes. O avião de cola. Túlio vai ficando menor, até eu perde-ló de vista. Engulo seco. Peço um copo de aguá. E tomo um calmante. Sinto uma pequena tontura. Meus olhos ficam pesados, fecho-os.
"- E esse violão celo aqui? Nossa que lindo. - Aproximo-me do violão celo que está em um suporte, na sala de instrumentos de seus pais.
- Ele é meu Luh. - Túlio Diz com a lateral do corpo encostada na parede.
- Jura? - Meus olhos brilham. - Toca pra mim? - Falo manhosa. Jogo meus braços em seu pescoço. Encosto nossas testa. Sorrio. - Só uma amor. - Choramingo.
- Ta bom. - Ele diz em suspiro. - Pedindo desse jeito tem como negar uma coisa para você.
A sala de instrumentos é gigante, tem um piano lindo de calda branco, violão, violino, todo instrumento que possa se imaginar. Todos arrumados em um suporte. Eles brilham de tão limpos e polidos que estão. A sala é toda branca com alguns espelhos espalhados. O lustre é enorme e parece um cristal. Uma sala tão serena, da uma paz só de olhar a organização.
Ele pega um banquinho senta-se . Arruma o violão celo. Segura a vara.
- Tem um pedido? - Faz uma das suas inúmeras caretas que eu adoro.
- Sim. - Puxo a banqueta do piano. Sento-me. Abro o piano. - Quero tocar você.
Ele faz um cara de surpreso. - Luana e suas surpresas, meu Deus é uma caixinha de surpresa mesmo. Pode começar que eu acompanho você. - Ele pega o banquinho coloca bem ao lado do piano. Se prepara. Dou o inicio a musica Christina Perri - A thousand Years. Tocamos em harmonia, em conjunto até parecia ensaiado. Como ele me completava em todos os aspectos. Era tudo tão leve, tão natural entre agente. Eu tocava cada tecla, como escreve-se a canção para ele entender o que realmente estava sentindo. E Ele tocava me correspondendo.
Bato palmas. - Nossa ficou lindo. Já podemos nos apresentar em público.
- Porque nunca me disse que tocava? - Ele coloca o violão celo no suporte e segura meus ombros com as duas mãos os massageando.
- Sei lá, deve ser pelo mesmo motivo que você nunca me disse também. - Deito para traz minha cabeça. Olho-o.
- Será que tem como você me deixa mais encanto? - Me dá um selinho demorado. Acariciando meu rosto.
- Estou sempre tentando. - Mordisco seu lábio emendo um beijo suave. Ele me retribui. Me vira de frente pra ele .Fecha o piano com tudo fazendo um barulho enorme.

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Era Você
RandomTúlio um homem bem sucedido, tem uma vida que muitos desejam, porém ele deixou algo no passado que não o permite saber o significado da paz. Luana uma universitária no ultimo ano do curso de medicina, não é rica, porém não lhe falta nada. Bem humora...